sexta-feira, dezembro 05, 2008

Antologia da Casseta Popular: falam mal, mas falam de mim


Depois do sucesso do livro O Planeta Diário, lançado no ano passado com algumas de minhas matérias dos anos 80 e 90, chegou a vez de lembrar outro marco do humor do período. Acaba de sair a Antologia da Casseta Popular (ISBN 9788599070628), uma coletânea de fac-símiles selecionados por Arthur Dapieve. Ponto para a Antologia: os fac-símiles fazem muito mais justiça à qualidade (e à tosqueira) das revistas originais do que a "delavagem" exercida contra as matérias do Planeta no livro anterior.

E, no fim das contas, saiu uma matéria minha -- e de cinco páginas. Escrita em 1989. Virei antológico. :-)

Mais uma vez, fui o último a saber de toda a empreitada. Ninguém me consultou, ninguém me pediu autorização para publicação, nunca vi Arthur Dapieve na minha vida, ninguém buscou no Google meu endereço para contato. Tudo que saiu foi meu nome (errado) num apêndice de "agradecimentos". O que o saudoso Bussunda teria dito numa situação dessas? "Obrigado, nada; pode baixar a calcinha."

terça-feira, outubro 21, 2008

"Último volume! complete sua coleção!"

É o que diz o adesivo no plástico do volume 41 d'O Melhor da Disney - As Obras Completas de Carl Barks, Editora Abril.

Completei. Um longo, longo, longo e irregular caminho desde 2004, mas completei. O adesivo é sério ou tem mais alguma raspinha no fundo do tacho? Acabou, né?

Tenho medo que o volume tenha sido o último não só para a coletânea de Carl Barks como para os quadrinhos Disney no Brasil. Sério. É medonho. Estão desaparecendo. Do próprio volume 41 d'O Melhor da Disney só achei um exemplar solitário numa banca única no Centro do Rio. Tio Patinhas, Zé Carioca, Pato Donald e Mickey, só em poucos locais, escondidas e espremidas entre mangás, Mônica e mangás da Mônica (super-heróis estão sendo tratados com algum luxo e esplendor, mas em outra seção da banca). Tremo só de pensar no que a garotada anda lendo.

Uma franquia de 58 anos está naufragando. E não imagino quem tenha, no Brasil, o menor interesse de assumi-la. A Abril cumpriu sua promessa e honrou a memória de Carl Barks até o finzinho -- e foi com um Barks que tudo começou, n'O Pato Donald número 1. Será um aviso de que sua missão nos quadrinhos Disney está cumprida?

sexta-feira, outubro 03, 2008

Dinheiro falso, volume I: vale-transporte

No Estado do Rio, qualquer cidadão pode ir a um supermercado de uma certa rede e comprar um cartão magnético para usar em ônibus, trens e barcas (o Metrô ainda não entrou na jogada e as vans semilegais inventaram seu próprio sistema de vale-transporte). Entrega 40 reais em dinheiro, recebe um cartão que dizem valer "40 reais". Ora, se eu tenho no bolso R$ 2,10 em notas e moedas, posso fazer mil coisas com esse dinheiro. Na verdade, ninguém no Brasil pode se recusar a aceitá-lo. Se eu tenho um crédito de "R$ 2,10" em vale-transporte, não serve para nada além de pagar uma passagem de ônibus. Qual dos dois dinheiros vale mais?

terça-feira, setembro 30, 2008

Nelson Vasconcelos: new mail has been received!

Prezado Nelson:

Em sua coluna Conexão Global no Globo (de papel, para que ninguém me acuse de ter faltado com o apoio) de hoje, você faz sua breve resenha de The cult of the amateur, o livro de Andrew Keen. Tantas e tantas vezes me referi a esse livro em meu blog -- nem sempre com elogios, mas sempre com base no que o próprio Andrew Keen escreveu. Eu tenho o livro. Se quiser, eu posso emprestá-lo em qualquer hora. É só pedir. Sério. Não mordo.

Impressionado com o subtítulo da edição britânica de The cult of the amateur (assim traduzido: "Como blogs, MySpace, YouTube e o resto da atual mídia gerada pelo usuário estão destruindo nossa economia, nossa cultura e nossos valores"), você conclui que Andrew Keen é "radical, mais conservador que W. Bush". Isso é que é julgar um livro pela capa! :-) Não sei se Keen aceitaria o rótulo, mas ele está mais para elitista da esquerda californiana. Está longe de ser o único. Mas Keen é independente como deve ser: sempre se sentiu livre para criticar a esquerda e a direita, tanto na crítica ao conteúdo interneteiro quanto em outros assuntos.

De qualquer forma, numa comparação mais ampla, o suposto conservadorismo de Keen parece totalmente discrepante dos verdadeiros conservadores políticos, que têm abraçado a blogosfera com uma animação -- por que não dizer? -- revolucionária. Confira Blog, do chatíssimo mas bem-sucedido blogueiro Hugh Hewitt. Religioso, Hewitt só falta considerar a emergência dos blogs um Advento. Nada muito diferente de declarações como a que se lê na coluna de hoje: "não cabe mais protestar, e sim nadar rapidinho e sem fazer marola".

Antes que isso tudo fique parecendo uma briguinha política americana, é bom que se lembre que o tema de The cult of the amateur é de extrema urgência para o presente e o futuro da mídia brasileira. Se falasse do Brasil, Keen encheria um segundo volume só com nossa devoção (dos marqueteiros ditos antenados, dos jornalistas "da velha guarda" e da Crime S.A.) à grande besteira que é o orkut. Podemos concordar ou discordar com o livro, mas quem no Brasil diz o que pensa, e não o que as patotas querem ouvir? Em Portugal já existe uma tradução. Por aqui, só quando inventarem a cura da frouxidão para editores. O jeito é comprar o livro, por mais que isso seja duplamente desaconselhado: por Nelson Vasconcelos, explicitamente, e pelo próprio Andrew Keen, que despreza as lojas virtuais.

Um grande abraço,
Paulo.

P.S.: Blog já foi publicado no Brasil faz tempo. Quer que eu inclua no malote do Cult?

quinta-feira, setembro 25, 2008

Tom Sawyer

Uma passagem sempre bem lembrada d'As Aventuras de Tom Sawyer é aquela em que o malandrão-título é incumbido de caiar uma cerca, faz crer aos amigos que recebeu a tarefa mais divertida do mundo e convence os incautos a pagar pelo "privilégio" de participar do trabalho. Sucesso total: Tom Sawyer ficou de papo para o ar enquanto os otários pegavam no pesado -- e ainda saiu com uns presentinhos de lucro. Mais ou menos como certos brilhantes e promissores negócios na internet, portanto.

Gente real de verdade que existe mesmo, estilo BBB

A Globo também avisa mudanças no perfil dos brothers: a maioria terá mais de 25 anos. Alguns, mais de 45.

terça-feira, setembro 23, 2008

Pior que orkutização: O Globo cai na biboquização

Quem trabalha no meio sabe que de vez em quando surgem umas bibocas jornalísticas que prometem pagar a seus colaboradores mas enrolam até o Juízo Final. Ou não chegam a prometer pagamento para já, mas uma carreira honestamente remunerada quando o veículo se estabelecer. Ou, na cara-de-pau, nada oferecem além do prestígio.

O estimado colega já entrou nessa, não entrou? Você caiu numa conversa mole qualquer do órgão X, do órgão Y e do órgão Z, não caiu? Eis o que soprou em meu ouvido o Espírito dos Natais Passados: com toda a certeza, X, Y e Z faliram. Eles saíram do negócio xingando o capitalismo selvagem da concorrência. E você, se não foi recompensado em dinheiro, também não saiu com prestígio algum daquelas espeluncas.

Pelo menos naquele tempo podíamos ter a intuição de alguma diferença entre as bibocas de vida curta e os velhos e tradicionais pilares do jornalismo. em sua mais recente reforma, O Globo Online amplia o convite ao opinador-cidadão. Excelente, certo? Sim, se você tiver a grande vaidade de ter o seu palpite publicado e veiculado como atração do site, gerando audiência (para o Comercial deles, não do seu!) lado a lado com os trabalhos profissionais -- tudo em troca do velho "prestígio".

Eis uns trechos do contrato de cessão de direitos que os ávidos fornecedores de conteúdo clicam sem ler (negritos meus):

(...) os leitores interessados, após avaliação editorial, seguindo os critérios da INFOGLOBO, poderão ter suas opiniões (...) publicadas no site e em veículos de imprensa da INFOGLOBO e/ou das demais empresas que compõem as chamadas ORGANIZAÇÕES GLOBO. (...)

O colaborador (...) transfere à INFOGLOBO, a título gratuito e por prazo indeterminado, os direitos sobre as obras (...) que tenha encaminhado para a seção de Opinião do site O GLOBO, autorizando a sua utilização e reprodução, total ou parcial, em qualquer mídia ou meio físico (...) e compreendendo, exemplificativamente, as seguintes atividades: publicação, comunicação, reprodução, divulgação (inclusive em seus produtos e campanhas de propaganda e de publicidade), oferta a terceiros (inclusive pela internet), exposição, edição, reedição, emissão, transmissão, retransmissão, comercialização, distribuição, circulação, tradução para qualquer idioma (com ou sem legendas), realização de versões e derivações, restauração, revisão, atualização, adaptação, inclusão em produção audiovisual, radiodifusão sonora e visual, exibição audiovisual e por processo análogo, inclusão em base de dados, armazenamento em computador, microfilmagem e demais formas de armazenamento do gênero. (...)

O colaborador cede e transfere à INFOGLOBO, em caráter exclusivo, definitivo, irrevogável, irretratável e sem qualquer ônus, todo e qualquer direito patrimonial de autor relativo ao material encaminhado à seção de Opinião do site O GLOBO (...)

O colaborador concorda e aceita que, em decorrência da cessão de direitos patrimoniais em questão, a INFOGLOBO transmita a terceiros, do seu grupo econômico ou não, os direitos ora cedidos, por cessão ou concessão, total ou parcialmente, de forma gratuita ou onerosa (...)

A presente cessão não importa na criação de qualquer vínculo trabalhista, societário, de parceria ou associativo entre o colaborador e a INFOGLOBO e/ou terceiros que vierem a utilizar o material encaminhado à seção de Opinião do site O GLOBO, sendo excluídas quaisquer presunções de solidariedade entre as partes contratantes. (...)

segunda-feira, setembro 22, 2008

A orkutização do jornalismo



O Globo Online inaugurou mais uma reforma para reforçar sua identidade corporativa e avançar sua interação com o público. Em resumo, agora o portal se chama simplesmente O Globo e oferece destaque desmedido aos comentários dos leitores. O sistema de comentários já existia e continua existindo do mesmo jeito, como tosquíssima arena de palpites e conspirações de transeuntes eletrônicos (seriam propriamente "leitores"?) que não têm coisa melhor a fazer. Hoje os contadores de comentários foram promovidos à primeira página: as notícias mais comentadas passam a chamar atenção por isso mesmo. A capacidade de atrair uma horda de palpiteiros e conspiradores virou critério de valor das notícias. Como em qualquer comunidade do orkut.

Antes da bolha pontocom, em 2000, os portais disputavam o melhor conteúdo para atrair os olhares dos usuários que sabiam das coisas. Quando o dinheiro virou fumaça e a política de portais foi ao fundo, subitamente os marqueteiros online descobriram as maravilhas da internet participativa: blogs, páginas pessoais, caixas de comentários, fóruns de discussão, bate-papo, peer-to-peer: recursos que inexistiam ou ninguém levava a sério passaram a ser promovidos como "a" razão de ser da rede -- e para um moleque "pow kra blz bjux vlw", nada existiu mesmo antes disso.

Em tempo: Caixinhas de comentários, enquetezinhas, fotinhas "Eu-repórter" e firulas de reengenharia farão levarão os profissionais (propriamente ditos) do Globo a tomar jeito? Todo dia, no papel e online, erros crassos de português e apuração. Sinto como se a redação tivesse sido tomada pelos próprios moleques do orkut: por mais que eles se esforcem para escrever uns textinhos passáveis, continuam dando provas de que não viveram nada, não leram nada, não entenderam nada.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Abaixo a Justiça Eleitoral

Os homens de toga têm medo que candidatos eventualmente "excluídos digitais" apanhem na internet e não possam responder na mesma moeda. Como garantir a igualdade de condições, então? Amordaçando a todos.

É verdade que os magistrados brasileiros típicos não têm assim muita familiaridade com computadores -- seus assessores é que os usam. Mas será que, por isso, pensam que é muito caro ou muito complicado botar um site no ar? Que transmitir conteúdo na internet é só para as castas opressoras?

Na aurora da internet comercial brasileira a Justiça Eleitoral não estava nem aí para o que os candidatos faziam nela (ou que particulares faziam dos candidatos nela), já que era tudo coisinha dos membros da "elite branca" para fazer a cabeça uns dos outros. Hoje, quando qualquer favela tem LAN house (obra dos computadores baratos do comércio, não da vontade do Judiciário ou dos computadores socializados das ONGs), os magistrados querem mostrar serviço à moda brasileira. Estão desconectados. Não da internet, mas da realidade.

P.S.: Juro que Barack Obama e John McCain são candidatos a prefeito. Só se fala deles no noticiário internáutico brasileiro.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Enfim uma postagem eleitoral. Vamos ver se agora a patrulha do TRE lembra que este blog existe.

Do ex-blog de Cesar Maia:


Quando o atual Prefeito do Rio foi eleito em 1992, esta era a situação dos principais corredores comerciais do Rio. É verdade que quem naquela época tinha 5 anos e hoje tem 20 não se lembra. Ou mesmo quem tinha 13 anos e hoje tem 28 também não. Mas esta era a situação na Nossa Senhora de Copacabana, na Uruguaiana, Av. Rio Branco, Presidente Vargas, Sete de Setembro, Assembléia. Igual na Av. Atlântica, Visconde de Pirajá, Ataulfo de Paiva, entrada da Ilha do Governador, Calçadão de Campo Grande, de Bangu, Rua dos Romeiros, etc. Não se podia circular de cadeira de rodas ou velocípede. Solange Amaral era a subprefeita da Zona Sul. Tudo mudou. Hoje temos uns paraquedas aqui outro ali correndo do rapa. Para se agir assim foi necessário coragem e risco - inclusive de vida. Fazer memória sempre ajuda. Especialmente aos que eram muito jovens na época.
A foto é da Rua Uruguaiana, a rua mesmo, não o famigerado camelódromo. Lembro-me bem daquela fase. Mas o prefeito sabe que a garotada não sabe como era. Dessa forma, não diz uma palavra sobre o tal Mercado Popular da Uruguaiana, uma solução inadequada, exagerada e dificilmente reversível tirada da cartola para varrer a lambança da foto para debaixo do tapete. Erros e mais erros:

1) Em troca de um Metrô caríssimo e curtíssimo, foram arrasados vastos quarteirões no miolo do Centro. Nada sério foi planejado para ocupar esses espaços.

2) Depois das obras intermináveis (também me lembro bem dessa buraqueira), os terrenos do Metrô próximos à Rua Uruguaiana foram ocupados por estacionamentos. Para que é que servia o Metrô mesmo?

3) A camelotagem em massa, pelo menos no Centro, começou no início dos anos 80. A partir do governo Brizola a repressão ao comércio ilegal se tornou cada vez mais irregular, para dizer o mínimo. Instalado o caos, surgiram as propostas de "camelódromos".

4) Em sua última vez como prefeito, 1989-1993, Marcello Alencar mandou reformar (para pior) as ruas do Centro, instalando os toscos paralelepípedos que fazem a desgraça das senhoras e a festa dos sapateiros -- no entanto, mui "tucanamente", sem atacar as abomináveis pedras portuguesas. As crianças devem pensar que os paralelepípedos estão lá desde o tempo de Dom João VI.

5) A Rua Uruguaiana foi uma das "beneficiadas" pelas obras. Junto com as transversais importantes, tornou-se um camelódromo de fato.

6) Naquele tempo, o governo do estado (mais uma vez Brizola), detentor dos terrenos do Metrô, acabou com os estacionamentos da Uruguaiana e fez o tal camelódromo.

7) A PM não entra no camelódromo, a Guarda Municipal passa por fora e finge que não vê, as velhas barracas viraram "lojas" especializadas em muamba e pirataria. Quem dará um jeito?

Antes os camelôs corriam. Os "amadores" ainda correm. Os outros, porém, sabem que ninguém pode (ou deve) mexer com eles, pois beneficiários de um poder maior.

sexta-feira, julho 18, 2008

Spam muito suspeito

Hoje de manhã recebi uma "cobrança" do "Mercado Livre" que remetia aos links suspeitos de sempre… exceto que (a) escreveram meu nome no spam errando a mesma letra que o ML de verdade errou em meus dados cadastrais e (b) o spam era destinado a um endereço que eu uso exclusivamente para o cadastro no ML. Chuparam os dados do ML? Ou o ML, prejudicado pela greve dos correios, resolveu fazer um extra? :-)

quinta-feira, julho 17, 2008

Há um ano

...o acidente da TAM, largamente noticiado e comentado neste mesmo
blog. Alguma solução? Se o mercado de ações fosse algo normal, tipo
2+2=4, todo mundo rejeitaria os papéis da TAM. Continuam enchendo a
bola da TAM como se não houvesse amanhã. Nem ontem.

Há oito anos

...entrei para a equipe do iG de forma presencial e permanente. Ótimo.
Mas há entre os remanescentes da bolha pontocom uma idealização
daqueles tempos como uma espécie de Ancien Régime, e de si mesmos como
barões, condes e marqueses de uma era que não volta mais. Deixem de
bobagem e trabalhem, meninos.

quarta-feira, julho 16, 2008

E a mudança?

Acho que dessa vez vai.

quinta-feira, julho 10, 2008

Dvorak para variar

21 dias para as férias. E uma coluninha do Dvorak para o entretenimento geral...

"
I was amused to read recently about how one fiber-to-the-home scheme
was going to deliver a 20-Mbps downstream connection for $50. The
problem was that the upload speed was a mere 896 Kbps (kilobits per
second). This is simply too slow for today's power user.

Yes, I said it, "power user"—the lost term of the 21st century.

Whatever happened to the power user, anyway? How many newbies out
there even know what a power user is any more? It's a vanishing
species, and even the term has disappeared from glossaries of Web 2.0
terminology. And why isn't a company like Intel promoting the term
just to sell more quad-core chips?
"

Aqui: http://www.pcmag.com/article2/0,2817,2325037,00.asp?kc=PCRSS03079TX1K0000584

quarta-feira, julho 09, 2008

Status

Faltam 22 dias para as férias e uma vaga noção da data de mudança.
Porém, ainda sobram pendências e indefinições.

segunda-feira, julho 07, 2008

Status

Faltam 24 dias para as férias. Da mudança, já não digo uma palavra.

As três aberturas da rede brasileira

Chocados com as falhas da internet da Telefônica paulista de semana passada? Pois foi um longo caminho até que a conexão à grande rede se tornasse um elemento essencial de infra-estrutura. A era pré-internet está se dissolvendo da memória nacional. Se tomarmos como referência o lançamento dos primeiros provedores comerciais brasileiros, em 1995, quem tinha três anos naquele tempo já pode tirar título de eleitor. Na verdade, para que a internet brasileira se tornasse o colosso que "sempre" foi e sua falta causasse escândalo a "todos", houve três movimentos de abertura. Todos ignorados, desprezados, repudiados, combatidos sob as melhores das intenções.

A primeira abertura foi lenta, restrita em abrangência e pouco notada em seu tempo. Ainda nos anos 80 alguns usuários brasileiros começaram a usar modems e linhas telefônicas para troca de dados. Nada daquilo parecia fazer sentido. Os computadores domésticos eram reprimidos pela reserva de mercado. Em regra, cada computador era uma ilha: ninguém tinha grande interesse em investir em modems lentos, caros e pouco úteis. As linhas telefônicas eram racionadas e custavam fortunas. E não se falava em internet, que nem era aberta aos "mortais". Na era dos BBSs, na falta de uma rede abrangente em cada residência (se é que os futurólogos enxergavam uma), cada empreendedor de fundo de quintal fez a sua. Desde então ficou claro que a rede seria o que seus usuários fizessem dela, não o que pudessem esperar que os poderosos fizessem. Esse conceito foi determinante na conquista da internet pelos particulares. Mas também serviu para alimentar a mística favorável ao hackerismo e à pirataria.

A ascensão da internet comercial em meados dos anos 90, assinalando a discrepância entre o Brasil e o resto do mundo, foi ideologicamente o último prego no caixão do monopólio estatal das telecomunicações. Enquanto assistíamos de longe ao esplendor da Web, o establishment corporativo-acadêmico-onguiano se agarrou ao controle da internet nacional até o quanto pôde. A liberação dos provedores comerciais foi feita bem à brasileira, em meio a intermináveis reuniões palacianas e limitada por grandes indefinições. Mesmo assim, imediatamente surgiram dezenas de provedores nas grandes cidades, revelando a demanda reprimida e a capacidade surpreendente de atração de capital pelo setor. Ainda assim, conseguir linhas telefônicas em quantidade dependia de boas relações com o poder.

Daí a importância da terceira abertura, que completa dez anos: a privatização da telefonia. Finalmente tornava-se fácil e barato conseguir uma linha telefônica, o que turbinou definitivamente a demanda por internet nas residências. E o provimento de acesso, que era cobrado pelo taxímetro, passou a tarifa fixa e tarifa zero. Vieram os serviços de banda larga... e o resto é História.

domingo, julho 06, 2008

Status

Faltam 25 dias para as férias. E a mudança? A Fontana di Trevi virou
goteira, e lá vai mais uma dúzia de dias -- imprecisamente.

Três pacotes deitados em berço esplêndido em algum depósito dos
Correios. O problema é que o próprio escandaloso silêncio
(tendenciosamente chamado de "apagão" pela mídia servil) da rede da
Telefônica tornou isso muito irrelevante. Se os átomos estão
estacionados, os bits não viajam muito bem. E se falha um bom pedaço
da internet num bom pedaço do Brasil, isso se torna uma questão de
clamor público. Quem pensaria na hipótese ainda há alguns anos? Quem
levava internet a sério? Em quais condições? Quem lutou para torná-la
alguma coisa, e quem fez de tudo para mantê-la insignificante,
complexa, ineficiente e amestrada?

quinta-feira, julho 03, 2008

Status

Faltam 28 dias para as merecidas férias, dias cada vez menos determinados
para a mudança.

Pensamento do dia

Isso aí que você tem é bom demais para que eu não possa passar sem esnobar.

Ainda a greve dos Correios

Agora é o UOL. Mas não é caso isolado. Eis o aviso:

"Devido à greve dos Correios, você pode não receber seu boleto de cobrança. Para sua comodidade, estamos disponibilizando outras formas de pagamento. Escolha a melhor forma para pagar o seu boleto de cobrança UOL."

E eu nem recebo boletos do UOL. Por que receberia?
Um dia o UOL vai mandar a real: "Prezado cliente: talvez você tenha optado por não receber em casa nossos boletos (nós é que não temos competência para descobrir isso). Mas, se recebe, você é burro. Você gosta de receber umas árvores mortas por baixo da sua porta na crença de que assim nós nos ligamos a mínima para a sua existência - nós queremos mesmo é que você feche o bico e abra a carteira. E você não quer acreditar que greve de correios é um evento anual mais previsível que a cerimônia de entrega do Óscar. Na verdade, não acreditamos nos correios nem por um momento, mas quem somos nós para contestar a sério os donos do poder?"

quarta-feira, julho 02, 2008

Status

Faltam 29 dias para as merecidas férias, dias ainda não determinados
para a mudança. Hoje a parede da sala jorrava mais água que a Fontana
di Trevi. Minha mulher já ia fazer um pedido e jogar uma moedinha.

Andrew Keen em português: já não era sem tempo


Em sabor lusitano
, ora pois, € 17,50. Já era para ter saído no Brasil há muito. Editor brasileiro não tem testículo nem para isso: dizer o que que (supõe-se) os barões da grande mídia querem tanto ouvir.

A falência dos Correios

Acabei de encontrar o aviso no site dos Correios:
 
"ATENÇÃO: Em virtude da decretação de greve em alguns estados da federação, informamos que está suspensa, temporariamente, a aceitação da postagens de SEDEX 10, SEDEX HOJE e DISQUE COLETA. Considerando que as postagens de SEDEX e PAC podem sofrer atrasos na entrega, está suspensa a garantia de cumprimento dos prazos de entrega previstos para esses serviços."
 
Primeiro: a ECT reconhece com todas as letras que a greve existe e causa problemas.
 
Segundo, ECT nenhuma suspenderia em âmbito nacional a garantia de cumprimento dos prazos de entrega porque a greve só afetou "alguns" estados.
 
Terceiro: a garantia de cumprimento de prazos está suspensa, mas os preços dos serviços se mantêm exatamente os mesmos. Se colar, colou. 
 
Quarto: que tal uma palavrinha sobre "algumas" cartas e cartões postais que mofarão no caminho entre "alguns" estados? Ah, é monopólio estatal? Então deixa pra lá.
 
P.S.: com garantia de prazo ou sem ela, mês que vem os preços aumentam. Por quê? Porque é agosto, ora. Porque o governo pode. E porque sempre há quem acredite na mística dos correios -- ou finja acreditar, ou seja obrigado a acreditar.

terça-feira, julho 01, 2008

De volta

Faltam 30 dias para as merecidas férias, dias ainda não determinados
para a mudança.

quarta-feira, abril 23, 2008

País falido, país dos feriados

Hoje é feriado no Estado do Rio. Por isso, ontem foi enforcado para muita gente. E anteontem todo o Brasil entrou em paralisia compulsória. A Câmara de Comércio de Buenos Aires ainda vai erguer uma estátua de Sérgio Cabral na Calle Florida.

O mais angustiante é dar uma volta na internet, ler o noticiário e descobrir que, à nossa volta, apesar do acúmulo de palpites legislativos, o mundo continua vivo e se mexendo; a quitanda global permanece aberta para negócios. Perfeito. Alguém no Brasil realmente quer saber o que acontece fora de sua paróquia com gente que não faz parte de sua patota?

Ibrahim Sued, quando repetia em suas colunas o bordão do título, não foi compreendido. O Brasil não é falido porque tem excesso de feriados. Pelo contrário, por estar falido -- moral e intelectualmente -- é que o Brasil se autoconcede essas escapadas da realidade, celebrando o grande nada e enchendo a cara como se não houvesse amanhã. No próximo terremoto, talvez...

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Jack Nicholson

'I'm the age where we didn't have television as kids. So when I saw my nieces and nephews watching Howdy Doody, Kukla, Fran and Ollie, and so forth, I thought the world had gone mad.
 
'If you think about those old shows, they all had puppets. And somehow I think, symbolically speaking, that has contributed to a generational lack of ability to accept personal responsibility. It's why the baby boomers are such conspiracy theorists and I'm not. It's why everybody thinks we went to Iraq to get the oil and I don't. I see that as a minor, symbolic generational difference that all adds up to mass movements. People are so frustrated. They don't want to take responsibility for their failures. There's always an excuse, you know? It's always, "I'm this and that's why" or "This happened to me and that's why." Everyone has the impulse to point their fingers elsewhere. They point at the puppet: He did it! Not me!'

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Calor

Nenhuma vontade de se fazer algo útil. E há algum pretexto acima da total inutilidade para se ir ao cinema?

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Feliz Ano Novo!

De volta à atividade. Comportaram-se bem?

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