sexta-feira, setembro 28, 2007

A reação

Abranet entra com recurso contra acesso ao Speedy sem provedor

Trecho:

"Há uma lei - a Lei Geral das Telecomunicações (LGT) - que ampara nossa atividade. É ilusório achar que o serviço de valor adicional de conexão à internet não tem preço", argumenta Eduardo Fumes Parajo, presidente da Abranet.

É claro. E a LGT serve à lei maior. A Constituição? Não, a Lei do Gerson.

Em tempo: quem não sabe o que são "embargos auriculares" não entende coisíssima nenhuma de como funcionam esses cabos-de-guerra judiciários.

Um pequeno sopro de bom senso

Telefônica libera Speedy sem provedor

Ou melhor: "Justiça reduz a guilda dos provedores à merecida insignificância". Ou melhor ainda: "Bola de ferro no tornozelo do cliente DSL paulista se torna opcional".

terça-feira, setembro 25, 2007

Fax já vai tarde

Aqui.

Pirataria também é cultura

E o Alexandre Soares Silva nem scanner tem.

Acabei de visitar a Sunshine Vídeo. É a distribuidora autorizada de CDs e DVDs piratas na esquina (se você pensa que pirataria é coisa de desamparados freelancers da "exclusão", experimente copiar uns disquinhos e vendê-los na sua esquina sem jurar lealdade a ninguém). Chamo de "Sunshine Vídeo" porque traz o material numa detonada Kombi amarela, quem viu Pequena Miss Sunshine conhece a referência, que nem sei como é que ainda se move. Ainda por cima, a equipe da Sunshine Vídeo, sempre o mesmo corpo de funcionários, monta sua banca bem na porta da locadora (legal e legítima). Quando há vaga, a própria Kombi amarela estaciona em frente.

-- Aí tem as colunas escaneadas/fotografadas do Paulo Francis?

-- Não, mas temos Tropa de Elite 1, 2 e 3. E aceitamos encomendas para o 4.

quinta-feira, setembro 20, 2007

You've Come A Long Way, Baby

Acabei de achar uma listinha de despesas de fins de 1995:

16/10 - Placa-mãe com processador 486 DX4/120: R$ 385
16/10 - 8 (oito!) megabytes de RAM: R$ 320
20/11 - HD de 1,08 GB: R$ 270
21/11 - Kit multimídia Creative (leitor de CD de no máximo 4X, placa de som decente, caixinhas que dispensavam alimentação externa, uma enciclopédia e um disco de joguinhos em DOS): R$ 390

Calcule o dólar daquele tempo a meros R$ 0,90. Todos os preços se referem ao mercado negro (um certo executivo de fronteira muito famoso nos meios BBSianos) ou cinza-escuro (pessoas jurídicas que anunciavam em classificados), pois os preços em lojas de rua eram ainda mais astronômicos.

Engraçado. Nunca vi historiador "progressista" chamar isso de progresso.

terça-feira, setembro 18, 2007

Mistérios da Humanidade

Por que o Technorati é tão lento às vezes?

segunda-feira, setembro 17, 2007

O baú dos cartões 22

Anos 90.

O baú dos cartões 21


1988 ou 1989.

O baú dos cartões 20


Meados dos anos 80.

O baú dos cartões 19

1986 ou 1987: essa loja (basicamente uma surf shop) teve grande fama nos últimos dias em que a Gold Star (como assim "qual Gold Star"? Para quem era de Niterói, aquela galeria não precisava de endereço) foi alguma coisa relevante. Mas seu sucesso foi tão eterno quanto um amorzinho de verão -- fenômeno tão tipicamente niteroiense quanto a cafifa, o Mineirinho, o MAC e a estátua de Araribóia.

O baú dos cartões 18

Anos 90, fase difícil de determinar: está vendo algum endereço de email?

O baú dos cartões 17

Meados dos anos 80.

O baú dos cartões 16

1981.

O baú dos cartões 15

Sem data.

O baú dos cartões 14

1982. Fico devendo o verso, que está danificado demais para o scanner.

O baú dos cartões 13


Meados dos anos 80.

O baú dos cartões 12


Fim dos anos 90.

O baú dos cartões 11: série vertical

Cartões verticais não aparecem muito nas estatísticas. "Naqueles tempos", pela minha amostragem de colecionador, menos ainda. Neste e nos próximos posts, uns exemplos aleatórios.


Por volta de 1983. Para vingar esse descarado ato de tráfico de marca, por pouco Ronald Reagan não manda invadir o Brasil. Mas segundo a lei brasileira, como dizia o camelô mexicano da Regina Casé, era a autêntica "piratería garantizada".

Gilberto Paim, o visionário

Um dos petardos do livro de 1985:

"Como o atraso está vinculado à estatização, já é previsível o fechamento da Cobra, por desnecessária. Se a Itautec, a Sid, a Sisco, Elebra e Edisa produzem melhor e mais barato do que a Cobra, por que razão manter a estatal?"

quinta-feira, setembro 13, 2007

Em Niterói...

Transmitindo diretamente da Cidade Sorriso depois de tanto tempo, eis-me numa belíssima noite para... Ver o semifinal da novela?
Pelo menos é o que todos parecem fazer. Na rua, só uns gatos pingados.

Liberou geral (I)

Chega de vergonha daqueles DVDs clandestinos que se acumulam em suas gavetas. Desnecessário levar em conta firulas juridiqueiras como "propriedade intelectual". Definitivamente, no Brasil acabou o último vestígio de vergonha da pirataria. No fim dos anos 90 uns moleques conectados fizeram a guerra das pulgas contra a indústria fonográfica através do Napster. Agora, com um filminho nacional cujo título não vou mencionar para quem já o conhece, uma coalizão mafiosa derruba o que restava de direitos autorais para a alegria da patuléia que nem sabe a que aplaude. Cada um tem o Napster que merece.
 
O tal filme foi providencial e suspeitamente vazado pouco antes do (ainda aguardado) lançamento oficial, tornando-se figurinha fácil nos camelôs. Se você ainda acredita que, na escala em que é praticada, a venda de DVDs ilegais não tem nada a ver com crime organizado, experimente fazer umas cópias em casa e ir para a esquina de casa vendê-los você mesmo. Até posso admitir que essa rede de produção e distribuição seja usada para piratear filmes que exaltem as forças de segurança -- desde que os agentes das ditas cujas falem inglês com legendinhas por baixo, usem uniformes de Fucker & Sucker e estejam bem longe.
 
{continua}

terça-feira, setembro 11, 2007

Para não dizer que não escrevi nada sobre o Onze de Setembro

Enquanto é tempo.

Pode o governo do Brasil premiar terroristas internos e ainda assim lamentar atentados externos?

A divisão do bolo já está feita?

É claro que não.

Essa é uma questão que me intriga há décadas, não pela questão em si, mas como ela tem sido trabalhada pela esquerda em flagrante contraste com o gut feeling do cidadão comum.

Como de costume, a lamentação "a divisão do bolo já está feita", afirmada como lei divina, diz menos sobre fatos do mundo do que sobre o próprio etos esquerdista. A Humanidade progride como naquela mensagem de fim de ano: "tente, invente, faça diferente". Esquerdistas não progridem porque são avessos a riscos. Para fugir do desconforto de encontrar atores fugindo do script, imaginam ricos engessados na riqueza e pobres na pobreza. Um moleque como Bill Gates jamais teria passado a perna na IBM, que já era gigante mesmo antes do primeiro computador.

Computador Faz Política

É o título de um livrinho de Gilberto Paim lançado em 1985. Estou lendo agora (às vezes se acha alguma coisa interessante num domingão no Largo do Machado!). Não se deixe enganar pela análise meio tediosa e repetitiva dos balanços (desastrosos em regra) das empresas abençoadas pela reserva de mercado naqueles tempos. O livro é o próprio balanço do estado da indústria de informática ao apagar das luzes do regime militar. Mais: a obra é uma paulada na testa da reserva de mercado. Ainda mais: uma exortação à inteligência dos governantes civis contra aquele entulho autoritário.
 
Naquele 1985 as empresas brasileiras de informática, quase sempre dedicadas à clonagem de modelos estrangeiros, se encontravam endividadas até a medula. Paim previu acertadamente que aquela trilha piratesca não teria fôlego, pois não seria possível reproduzir as tecnologias "emergentes" sem algum tipo de participação das multinacionais do setor. Se antes o desastre financeiro era explicado (mas não justificado) porque os militares fizeram tudo ao jeito deles, era chegado o momento de se fazer diferente.
 
Mas vocês lembram qual era o governo em 1985, não lembram? Os pastéis da todo-poderosa Secretaria Especial de Informática mantiveram seu poder incontestado (em 1985 saíram os dois modelos brasileiros de computadores MSX. Ambos foram apresentados à SEI como videogames. Foram aprovados como tais). E o governo do pai mais beletrista de Roseana Sarney não mexeu uma palha para acabar com a reserva de mercado. Por que o faria? Era bom ter todo um setor estratégico da indústria nacional dependendo de seus carimbaços. E era excelente que, ainda por cima, esse setor estivesse à beira da falência, arrastando-se a seus pés, disposto a qualquer coisa em troca de um soprinho de vida.
 
Em 1986, lembro-me bem, enquanto todos estavam muito preocupados com o Plano Cruzado, Sarney enterrou as chances de autorização às joint ventures em informática. Manteve-se a política industrial de Macunaíma: o "vá lá e pegue, é tudo seu". Pelo menos um relevante órgão comunista de imprensa celebrou o ato patriótico. O Congresso eleito naquele ano escreveu e aprovou a Constituição que tornou ainda mais rigorosa a definição de "empresa nacional". Muambeiros ficaram ricos. Um MS-DOS com nome diferente foi considerado instrumento de resistência ao imperialismo ianque.
 
Gilberto Paim foi muito otimista. Achou importante reunir dados abundantes, juntar A com B e conduzir o leitor a tirar as devidas conclusões. Esqueceram de avisá-lo que essas coisas de lógica não funcionam no Brasil.

sexta-feira, setembro 07, 2007

O baú dos cartões 10

Acho que foi de 1982.

O baú dos cartões 9

Meados dos anos 90.

O baú dos cartões 8

Não anterior a 1985.

O baú dos cartões 7

Este eu tenho certeza: 1981.

O baú dos cartões 6

O baú dos cartões 5

Desdobrável, frente e interior. Sem palpite quanto à data.

O baú dos cartões 4

Outro do início dos anos 80. Quando localizá-la, postarei a versão deste cartão em castelhano com cores alternativas.

O baú dos cartões 3

Aproximadamente 1983.

O baú dos cartões 2


Frente e verso, segunda metade dos anos 80.

O baú dos cartões 1

Primeira metade dos anos 80.

O baú dos cartões: estréia mundial!

Enfim os cartões há muito esquecidos no fundo do armário ganham seu espaço na Web. Quantos eu tenho? Perdi as contas. Como se não bastassem os incontáveis cartões recentes acumulados, qualquer seleção aleatória -- como a deste lote inicial de dez -- acaba tendo cheiro de "vintage", pois a coleta começou em 1980.

Daqui para frente, as normas e os esclarecimentos:

  1. Nenhum cartão está à venda.
  2. Os cartões são mostrados aqui exclusivamente por sua importância histórica e artística. Não recebemos jabá de qualquer pessoa física ou jurídica.
  3. Tem um cartão interessante para mostrar? Envie-o via correio-lesma (consulte-me). Sempre, sempre, sempre vale integralmente o determinado no item 2.
  4. Os cartões foram originalmente digitalizados em 1200 dpi. A quem estiver realmente interessado, tenho os originais aqui.
  5. Os cartões foram levemente retocados no meu editor de imagens favorito -- só o estritamente necessário para os casos mais sérios de manchas e rabiscos. De resto, até o quanto é possível, as imagens revelam as qualidades e os defeitos dos cartões originais.

terça-feira, setembro 04, 2007

Conexão Global

A coluna de Nelson Vasconcelos no Globo de 27 de agosto chorou as pitangas em nome do Software Livre (ou, mais modestamente, do software livre; falta um consenso editorial/sentimental sobre as maiúsculas) pelo tal plano da Receita Federal de investir R$ 40,9 milhões em licenças do Microsoft Office 2007.

A coluna de hoje celebra o torpedeamento do "leilão para a gastança com o dinheiro público". Título da nota: "Valeu o bom senso". Parabéns! Tiro meu chapéu, agora que é de conhecimento geral que os R$ 40,9 milhões serão diligentemente devolvidos ao pagador de tributos... Epa, não é bem essa a história.

"'Esses R$ 40,9 milhões podem ser utilizados em outras atividades (...), como em projetos tecnológicos voltados para a democratização da informática', disse o coordenador adjunto da Associação Softwarelivre.Org, Gustavo Pacheco."

É claro, a idéia-mãe das colunas de Nelson Vasconcelos era convencer a Receita a considerar a suíte alternativa (e grátis) BrOffice. Pois eu tenho uma idéia melhor para a Receita apoiar a democratização da informática e desonerar o "contribuinte": em vez de comprar as 44 mil licenças do MS-Office, eliminar já os 44 mil postos de trabalho correspondentes.

Por que não?

Todos os servidores da Receita são pessoas bem formadas, aprovadas em provas muito difíceis. Ingressaram no serviço público porque provaram ficha limpa e capacidade física. São altamente capazes de desempenhar suas funções. Detêm cargos cobiçados e invejados. Certo? Sendo tudo isso verdade, pessoas assim terão muito menos dificuldade para achar empregos no "mundo real" do que o brasileiro médio. E com a redução do bafo quente da Receita nas costas, a vida ficará mais fácil para todo mundo. Pense.

Horas lamentáveis

Tem alguém me lendo aqui? Ninguém? Ótimo.

Se alguém sentiu falta, passei a segunda-feira cuidando do www.jogueaki.com.br e de outros assuntos. No domingo, cataloguei incontáveis CDs e DVDs (no entanto, ainda não estou certo se escolhi um programa decente para isso -- sugestões, alguém?). Na sexta e no sábado... Bem, foi uma belíssima ocasião para eu ter ficado quietinho em vez de procurar a "ajuda" das otoridades médicas.

Na noite de quinta comecei a sentir uma leve dor no peito que continuou na manhã seguinte. Dr. Google não achou nada. Fui a um médico que também não achou nada, mas me encaminhou para os devidos exames. Mole, né? Pois se isso um dia acontecer com você, pelo menos assegure-se de procurar um hospital que não confunda uma coisinha de menor importância com um infarto agudo do miocárdio.

Resumindo: ficar num CTI não é nada confortável. Foram umas vinte horas (não havia relógios e o ambiente não permitia saber direito quando era dia ou noite) preso a uma cama desconfortável, sem telefone, sem televisão, sem um livrinho, sem nem um iPod paraguaio, sendo submetido a procedimentos e mais procedimentos. O mínimo que se espera é que os procedimentos façam sentido. Mas não fazem.

Quando percebi que tinha caído num "Feitiço do Tempo" de exames (que não davam nada de estranho) e medicamentos (que não tinham relação com qualquer enfermidade real ou suspeita), vi que eram remotas minhas chances de progresso naquele lugar. Tarde demais: só na manhã do dia seguinte é que o médico poderia começar a pensar na possibilidade de me mandar para um quarto, como se fosse uma alternativa tremendamente animadora para quem queria mesmo voltar para casa.

Em miúdos: enquanto a opinião das otoridades de branco sobre o meu estado oscilava entre o "não há nada" e o "não tenho a menor idéia", tentaram cuidar de me manter imóvel, quietinho, sonolento, insensível ao importúnio dos procedimentos e com um aspecto debilitado que fizesse a família pensar "tadinho, foi sério mesmo, ele tem que ficar mais tempo no CTI". Afinal, por que o hospital perderia a bocada?

Não entro em detalhes para não alarmar desnecessariamente o leitor. Mas assim que começou a hora da visita, na manhã de sábado, minha mulher e minha sogra (em todos os tempos daquele CTI eu fui o único genro a ter sido visitado pela sogra) fizeram o que era certo e assinaram minha alta à revelia. Voltei para casa e retomei minha vida normal. Simples assim.

Update: Internado, você estará nas mãos de um cabeça-de-bagre profissional. Viva com essa verdade. Mas se você estiver lúcido e se sentir só mais-ou-menos, não autorize coisa alguma antes de ouvir o conselho de um cabeça-de-bagre que você já conheça.

Google