sábado, julho 08, 2006

Copiando e colando, para não perder o hábito

Brecht e os brechtizinhos nossos de cada dia

Bertolt Brecht é o perfeito exemplo do esquerdista. Não há petista, piçolista, onguista, Chomsky, Sader, Lula, Veríssimo, Buarque etc. etc. etc., que não se assemelhe muito a ele. Trabalhando para o governo comunista da Alemanha Oriental, Brecht certificou-se de que receberia, negociaria e trabalharia através de uma empresa da Alemanha Ocidental capitalista, recebendo na valorizada moeda da Alemanha Ocidental, que logo enviava para sua conta na Suíça. Passando mal certa vez na URSS, foi às pressas para os EUA: não confiava em médicos comunistas.
Brecht, numa conversa relatada por Sidney Hook, mostra toda a perfídia de um esquerdista. Dois figurões acabavam de ser mortos num dos espurgos stalinistas, e os comunistas americanos, com quem Brecht trabalhava na época, defendiam Stalin, apregoando que os dois mortos, sabidamente inocentes, eram culpados. Hook perguntou a Brecht como ele aguentava trabalhar com esse tipo de gente. A resposta de Brecht: "Quanto mais inocentes forem, mais merecem ser assassinados."

terça-feira, julho 04, 2006

segunda-feira, julho 03, 2006

Respeito x Tolerância

Talvez a maioria das pessoas não perceba a mudança que se operou desde a troca. Mas há, e embora, sutil, as conseqüências da mudança são enormes, e um simples exemplo pode ser suficiente para as atestarmos: por respeito, eu evito fazer demasiado barulho em minha casa, a fim de não incomodar os vizinhos; por tolerância, os vizinhos é que devem aturar as minhas festas ruidosas. Há uma nítida transferência de responsabilidade, do sujeito ativo (aquele que executa uma ação danosa ao próximo) para o sujeito passivo (aquele que a recebe).

Aqui.

sábado, julho 01, 2006

Ainda a pirataria

Sou a favor da pirataria. Sou contra a perseguição e a sistemática obsessão em acabar com a pirataria. Ela tem que ser integrada à economia do cinema, não só o brasileiro, mas também o mundial. Você vai me perguntar como, mas não sei responder de cara. É o caso de sentar e pensar a respeito. – Cacá Diegues

Não é surpresa nenhuma que os filhos da “elite branca”, criados e nutridos no culto aos superpoderes da ciência, enxerguem meia dúzia de cacarecos de “tecnologia de ponta” como rolos compressores capazes de atropelar a caretice das leis e dos costumes. É compreensível que adolescentes adeptos do eMule e do BitTorrent acreditem que piratear musiquinhas é uma suprema vingança do proletariado contra os bilionários magnatas da indústria fonográfica. É até possível debater se o usuário tem mesmo o direito de usar uma fatia de seu disco rígido, não submetida por contrato a nenhuma outra parte, do jeito que achar melhor.

Porém, dentre toda a discussão sobre a pirataria, a entrevista de Cacá Diegues publicada no Jornal do Brasil de 25 de junho se destaca por revelar, ainda que de passagem e sem se aprofundar além do citado acima, uma rara opinião heterodoxa vinda do lado de dentro do balcão dos bens culturais. Pena que a posição favorável do ilustre cineasta só sirva para a pirataria das obras dos outros.

Se Diegues se diz a favor da pirataria, não pode se opor à ação do tal adolescente usuário do BitTorrent que, entre um CD de heavy metal e outro, decida baixar uma cópia de Deus é Brasileiro sem pedir autorização nem pagar os direitos devidos. Ou ao sujeito que alugue o DVD de Tieta do Agreste para duplicá-lo no computador de casa. Ou mesmo ao camelô que ofereça discos “legítimos” de Orfeu no Largo da Carioca. Simples questão de lógica.

Suponhamos que o autor, na medida em que é dono de todos os direitos sobre o filme, não está ligando a mínima para o que façam com sua obra. Isso o Grateful Dead já fazia há décadas. A banda era célebre por não se importar que os fãs levassem gravadores e fizessem registros “piratas” de seus shows, estimulando já no tempo das fitas cassete o que a era da internet consagraria como “marketing viral”. Se os próprios autores dão o OK, quem há de falar em pirataria?

Em outro cenário, podemos supor que o realizador abriu mão explicitamente de algumas (ou muitas das, ou todas as) prerrogativas clássicas da propriedade intelectual, começando pelo direito de cobrar royalties sobre as cópias. Essa façanha os adeptos do GPL, Creative Commons e similares já têm feito há tempos e tempos, justamente para a que a disseminação de suas obras se mantenha livre e legal, fora das inevitáveis zonas de sombra do copyright tradicional. Mais uma vez, não há pirataria alguma nisso.

Excluídas a possibilidades pelas quais o próprio Cacá Diegues poderia abrir as porteiras de sua obra aos simples mortais (que geralmente não têm como saber o destino da grana das leis de incentivo à cultura porque os malditos imperialistas ianques ocupam todas as salas, o ingresso é caro, as TVs fazem pouco caso etc etc), a única pirataria cinematográfica que o faz revirar os olhos de satisfação é a que atinge os filmes dos megaestúdios de Hollywood. Diante dessa concorrência de peso, imagino que não seja mau negócio manter colossos de celulóide como Um Trem para as Estrelas e Dias Melhores Virão com direitos autorais trancados. Talvez na condição de frutos proibidos eles se tornem um pouquinho mais populares entre os piratas.

Copiando e colando Walter Carrilho, World Cup Mode On

(update: eis o blog original)

Sábado, Julho 01, 2006

FRANÇA 1 X BRASIL 0 E 1 BAGUETE NAS FUÇAS.

Fica assim, não, torcedor brasileiro! Ronalducho e companhia não voltam da Europa de mãos abanando. Pode anotar: eles ainda vão receber uma medalha de honra ao mérito do governo Francês. Entregaram o jogo em 98 e entregaram de novo agora. Uns heróis! Pena que para o país errado...

A seleção mostrou que entende tudo sobre a cultura francesa. Jogou como um perfeito croissant: muito enrolada. É isso ou eles se espelharam no PCC, jogando meio presos. A Campanha “Viagra neles, Parreira” não funcionou. Talvez a comissão tenha comprado o remédio errado. Deram Lexotan para os meninos. O time tava tão devagar que, se colocassem o Zagalo pra jogar, faria diferença.

Tô falando alguma besteira? A turma tava tão perdida, que chegaram até a misturar as modalidades de esporte. Ronaldo achou que era uma partida de vôlei e meteu a bola na mão em uma cobrança de falta. Cafu parecia que estava em um bingo: de cada 10 bolas, errava 9. Aliás, Cafu parecia tão fora de sintonia, que tentou trocar de uniforme com um francês durante o jogo. Agarrou a camisa do coitado e levou cartão amarelo. Cafu, é pra esperar o jogo acabar primeiro, pombas!

Eu sugiro Viagra para a seleção e Flashpower para o Parreira. O cara é movido à lenha. O time toma um gol e ele fica com aquela cara de "Popeye que perdeu a Olívia". 350 minutos depois, dois neurônios em sua cabeça se comunicam e ele pensa: “Talvez, quem sabe, de repente, eu possa colocar o Robinho...” O Zagalo, coitado, só vai perceber o que aconteceu daqui uma semana.

No local onde eu vi a partida, a torcida mostrou todo o seu apreço pela seleção com gritos fofuchos como “Pega essa bola, gorducho imbecil!” ou “Cafú do cara**, acorda!” Muito lindo! Galvão e Parreira continuam na preferência da moçada. Estão tão bem cotados que, sinceramente, deviam ficar lá na Alemanha mesmo. Na boa, a gente paga a estadia.

Bom, eu to vendendo a minha corneta. Tem seis estrelas nelas. Eu apago uma delas e cobro 5 pilas! Alguém aí está afim?
Escrito (hein?) por Walter Carrilho em Sábado, Julho 01, 2006 4 comments links to this post

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