sexta-feira, novembro 29, 2002

Telemarketing

Os �ltimos brasileiros que n�o se envergonham de parecer educados est�o no telemarketing. De resto, o que reina � a grosseria total, o orgulho da pr�pria falta de modos, o medo "democr�tico" de parecer superior � manada. Se voc� atender o telefone e algu�m lhe disser "bom dia", tenha certeza: l� vem uma proposta de venda. Mas ser� que telemarketing consegue vender, um chicletinho que seja, com dic��o enlatada e textinho ensaiado dif�cil de entender e imposs�vel de interromper? Eu pergunto logo o que a pessoa tem a oferecer. Isto poupa o tempo de ambos.

quarta-feira, novembro 27, 2002

Eu a conheci!




Diz a Veja da semana passada: "A executiva paulistana Esther Jagosehit, 30 anos, � um mulher�o. Loura, alta, magra, tem olhos azuis, s�lida forma��o intelectual e ganha o suficiente para levar uma vida para l� de confort�vel, com freq�entes viagens ao exterior, carro do ano e casa pr�pria. Esther provoca tanto furor entre o p�blico masculino quanto mexe com as mulheres a presen�a do ator Renato Bizone, herdeiro do grupo Brasimac, um imp�rio que fatura anualmente 100 milh�es de reais. Aos 27 anos, sempre citado em colunas sociais, ele ostenta um curr�culo amoroso que inclui a apresentadora do Fant�stico, Gl�ria Maria, e uma dezena de modelos. Algu�m diria que ambos est�o procurando um relacionamento pela internet? Pois, pasme: eles est�o. A presen�a nos sites de namoro de gente como Esther, inscrita sob a alcunha de "garota do campo", e Bizone, que usa o apelido "boyIIgirl", aponta para um curioso fen�meno: a internet deixou de ser ref�gio para quem sempre teve problemas amorosos para se tornar uma eficiente ferramenta mesmo para quem nunca encontrou dificuldade em arrumar namoro." [desculpem, pessoal: o link � s� para assinantes.]



Pois eu conheci Esther Jagosehit h� muito, muito tempo, quando ambos t�nhamos 18 anos e gost�vamos de conhecer gente por carta (aquela coisa antiga, com papel, selos e goma ar�bica). Nem deu tempo para a tradicional troca de fotos. Ela me escreveu, respondi de forma meio jocosa, ela orquestrou um contra-ataque nada diplom�tico, deixamos para l�. Quem n�o aproveitou a meninice estendida para liberar sua agressividade?



Internet � a troca de cartas por outros meios -- estes, mais fugazes, mais dif�ceis de documenar e mais f�ceis de sucumbir ao besteirol. Por isso � que os jornais e revistas t�m que fazer um esfor�o triplicado para convencer o leitor de que sala de bate-papo n�o � para�so de esquisitos. Tarefa complicada. Charles Rojtenberg, o sex�logo de plant�o da mat�ria da Veja, apresenta uma pesquisa que diz que s� 2 por cento dos relacionamentos via Internet resultam em casamento. Ent�o, para o sex�logo, eu fa�o parte da exce��o da exce��o: entrei na estat�stica dos casamentos bem-sucedidos que come�aram na Rede. O curioso � que a Veja d� os resultados da pesquisa como "surpreendentes", como se s� a equipe do seman�rio da Abril n�o soubesse que IRCs e ICQs s�o solo f�rtil para a promiscuidade, a mentira e a falta de traquejo social. Surpresa mesmo � encontrar uma Esther Jagosehit dizendo que procura algu�m na Internet por op��o pr�pria, sabendo da selva que � o mundo dos bits. Deve ser outra exce��o absoluta.



Em que pese o prazo de validade mais que estourado, seja para buscar uma s�rie de curti��es inconseq�entes, seja para achar "aquele algu�m" em terra de ningu�m, ver sua situa��o transformada em mat�ria de capa da Veja � como no comercial do MasterCard: n�o tem pre�o. Aqui vale, sem nenhuma segunda inten��o, aquela velha pergunta: "O que uma garota como voc� est� fazendo num lugar desses?"



Ainda sobre relacionamentos virtuais em geral, citando a mat�ria da Veja e o caso da mo�a da capa, vale ler a coluna de Janer Cristaldo enquanto � tempo.

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