quinta-feira, abril 27, 2006

Isto também é Buenos Aires. Por que não seria?


domingo, abril 23, 2006

Mais fotos e comentários sobre a viagem: não deixem de ver as novidades no fotoblog da Eneida e assinar o livro de visitas!

Como é que o sujeito da ótica não podia estar metendo a mão com seu servicinho de dez pesos?

sábado, abril 22, 2006

Ícone

Calçadão na Florida e Córdoba, esquina oposta à do prédio da foto anterior. Foi aí que descobrimos um estranho adoçante que fica "dançando" na superfície do chá, como uns Kikos Marinhos alucinados, antes de se dissolver. Pensamos que havia bichos no adoçante.

A propósito, não encontramos adoçante líquido em nenhum café ou restaurante de BsAs. E o que tinha ficava em segundíssimo plano atrás dos envelopes de açúcar. Haja caminhada na Calle Florida para queimar as calorias.

Mausoléu de Vandinha Addams no Cemitério da Recoleta. Esta foto, as anteriores e as próximas são ampliáveis a um clique.

Quem precisa de Inglaterra quando os hermanos ao sul...

  • Tomam chá das cinco

  • Têm chás Earl Grey e English Breakfast de fabricação local (enquanto isso, a Leão Júnior...)

  • Comem tudo com batatas e pouquíssimo sal

  • Gostam de táxis (parcialmente) pretos

  • Idolatram uns ônibus antiquados

  • São grandes apreciadores de uísque

  • São devoradores de doces

  • Têm roupas tamanho S, M, L e XL

  • Têm Tinham Harrod's

  • Soletram CD (compact disc) como "cidí"

  • Reúnem o miolo das operações financeiras num quadrilátero de um quilômetro que chamam de "City"

  • Têm certeza de que as Falklands Malvinas são deles.
  • sexta-feira, abril 21, 2006

    Uma estranha ave migratória

    Definitivamente, a Argentina (o país) e a argentina (a mulher) mudaram muito. A tradicional perua da nação vizinha, aquele ser oxigenado que acha que tem a metade da idade, virou espécie em extinção. E, na Semana Santa, quase todas migraram para Mar del Plata, Mendoza, Córdoba ou qualquer ponto turístico bem longe da Capital Federal (os noticiários não se cansaram de falar do êxodo dos portenhos no feriadão). Quase. Restaram em BsAs meia dúzia de espécimes dessa ave migratória. Clique na foto para ampliar.

    Dica de blog de hoje

    'Dois brasileiros, André Takeda e Fabiano Goldoni, vão assistir a Copa do Mundo de 2006 na Argentina. Como diria o grandioso, magistral, inenarrável, fulgurante, Galvão Bueno, "que drama, meu amigo!".'

    Gostamos especialmente da foto do "craque número 1 no coração dos argentinos", esta, até porque saiu melhor que a minha foto da mesma esquina.

    Como assim, a "minha foto"? Aguardem os próximos posts.

    quarta-feira, abril 19, 2006

    O que beber em Buenos Aires

    (Transcrição do meu post no Orkut sob este tópico)

    Água: todas que tomei achei salgadas. A origem das montanhas não as melhora. A Villavicencio, onipresente, é das montanhas e é salgada (enquanto isso, a comida é sem sal. Vai entender...)

    Cerveja: Não gostei nem da Quilmes nem da Isenbeck. Bebi a Warsteiner argentina tanto em garrafa quanto em chope. Não é igual à alemã, mas vale o investimento para quem aprecia uma cerveja mais seca que a brasileira. Fico devendo uma impressão sobre a Stella Artois argentina.

    Vinho: Pode beber sem medo. Geralmente são baratos, e mesmo os mais baratinhos do cardápio batem um bolão.

    Refrigerantes: Bebi poucos. A Coca-Cola realmente tem menos gás e menos açúcar. Muito legal a coleção de garrafinhas históricas da Coca... mas uma delas veio com gosto de tampinha enferrujada. Consta que a Pepsi Light em lata era muito boa, ainda que meio "salgada", e também há uma Schweppes light que não existe no Brasil (não as experimentei porque não me dou bem com adoçantes).

    Café expresso (até porque é difícil achar outro tipo): os cariocas vão gostar, pois é difícil achar um lugar que saiba fazer expresso no Rio! Já os paulistas vão achar mais ou menos. Para mim, o único problema foi o preço.

    Gancia batido: bebi esse drinque numa casa noturna. Aprovei 100%, mas trouxe na bagagem de volta uma dúvida cruel: o que é Gancia, afinal? Tudo sobre o aperitivo e sobre o drinque: www.gancia.com.ar. Cuidado: depois do terceiro copo você começará a chamar Bilardo de "professor". :-)

    terça-feira, abril 18, 2006

    Ainda sobre o cibercafe' de Buenos Aires

    Gostaria de ter enviado mais posts durante a viagem, mas a experiencia informatica nao foi das melhores.

    No lado positivo, o acesso e' barato paca e nao e' nada dificil encontrar um cibercafe'. Alguns aspectos negativos sao naturais: o teclado de layout diferente e o Windows em espanhol (para quem nao esta' acostumado, ate' imprimir uma inocente paginazinha e' uma facanha) atrapalham, mas nao poderia esperar coisa diferente.

    Ruim mesmo e' que me conduziram a um computador velho, ainda rodando Windows 98. Tao logo a tela foi desbloqueada, percebi que o MSN Messenger ja' estava aberto em nome de outra pessoa.

    Fui conferir meu proprio blog e recebi um popup "Conteudo bloqueado; o browser esta' sendo fechado". E foi fechado mesmo. Tentei novamente, recebi a mesma popup abominavel.

    E o que havia de errado com aquele teclado? Nao conseguia digitar uma simples @. Tentei todas as combinacoes de teclas imaginaveis, e nada. O Mapa de Caracteres do Windows nao estava instalado. Para conseguir enviar uma mensagem, tive que enxertar a arroba de um endereco em outro.

    Isso foi numa biboca qualquer? Nao, nas Galerias Pacifico. Argumente-se, com justa razao, que e' mais facil ouvir a lingua portuguesa nas Galerias Pacifico em feriadao do que em Buzios em janeiro, o que nos faz pensar em teorias info-conspiratorias contra os macaquitos, mas em geral os telefonemas para o Brasil a 0,30 peso o minuto foram mais uteis do que os cibercafes.

    *****

    Tambem nao foi facil achar onde descarregar para um CD o conteudo de um Memory Stick. Obviamente, *tudo*, *tudo*, *tudo* foi fotografado em todos os angulos (acompanhem os proximos posts) ate' o cartao de memoria ficar cheio ate' o gargalo. O que fazer? Os cibercafes nao descarregam cartoes nem gravam CDs. As megastores nao oferecem servicos fotograficos. Os biros de servicos digitais, quando existentes, nao abriram para o feriado. E as lojas de fotos nao sao encontradas em qualquer lugar, para dizer o minimo.

    A salvacao foi uma otica com um balcaozinho de revelacao de fotos e nenhuma mencao clara a servicos informaticos. Mas fui atendido em meia hora (!) por dez pesos (!!!) -- e o pavor de deixar o Memory Stick em maos estranhas longe de meus olhos. Antes de reformatar o cartaozinho, pedi para o balconista mostrar o conteudo do CD. Outro Windows 98.

    Por que Buenos Aires nao passa de uma grande imitacao de Buzios

    [E' claro, ja' cheguei ao Brasil na noite de domingo, mas o post sai sem acentos por culpa do sistema de publicacao por email]

    1) Ha' uma quantidade absurda de argentinos a qualquer hora em toda parte!

    2) Balconistas e garcons nao sao facilmente compreendidos por brasileiros;

    3) Toda noite todo mundo sai para caminhar nas mesmas ruas de sempre (pelo menos ha' mais de uma rua digna de nota);

    4) Sempre ha' algo essencial em falta nos restaurantes;

    5) Ninguem tem o menor pudor de receber dolares;

    6) No banheiro de qualquer hotel ou pousada ha' sempre o aviso "No arrojar objetos solidos en el inodoro" (e la' o aviso nao e' traduzido para outras linguas);

    7) Na Calle Lavalle ha' varios fliperamas gigantes que imitam descaradamente aquele da Rua Paralela de Buzios;

    8) Em todas as esquinas ha' os famosos quioscos que tentam imitar aquele da Praca Santos-Dumont (o de Buzios e' melhor, pois vende cerveja a qualquer hora);

    9) Ha' quaquilhoes de locutorios e cibercafes baratinhos (sendo que os micros sao ainda piores);

    10) Fica a umas tres horas de viagem do Rio;

    11) Santas padroeiras: Evita e Brigitte Bardot. Nuff said.

    sexta-feira, abril 14, 2006

    Boi nos Ares

    Oi! Para dar uma satisfacao aos fieis leitores do bloguinho, transmito
    estas linhas da capital argentina. Estah mais facil ouvir portugues
    nas Galerias Pacifico do que em certas partes de Sao Paulo. E quando
    vierem, por favor, NUNCA confiem em palavras dos guias locais (os
    guias humanos, pois os livrinhos merecem uma estudada antes da
    viagem).

    sexta-feira, abril 07, 2006

    Os dinossauros do Office 97

    A Microsoft tem se deparado com o maior concorrente de seu software novo: seu software antigo. Faz campanha para persuadir os usuários do Office 97 a fazer o upgrade. Office 97! Se os usuários fossem as marionetes de Bill Gates que os info-xiitas gostam de pintar, não seria necessária campanha nenhuma: o upgrade seria feito por pura inércia. Mesmo que fosse a favor de um Office 2003, que só traz (e cobra meio caro por) umas bobagens de diferença em relação a versões anteriores. Um ciclo de vida tão longo para um pacote de aplicativos de escritório (ou para qualquer programa digno de ser levado em conta) é algo inédito na História da microinformática. O padrão era um Word para Windows versão 2, que não sabia o que fazer com os arquivos do irmão mais velho Word 6, que logo ficou obsoleto diante do Word 97. A própria Microsoft já percebeu há tempos que o usuário do Office é conservador demais para assimilar reviravoltas no programinha nosso de cada dia -- os responsáveis pelo OpenOffice, também, pouco inovador frente aos MS-Offices de outros carnavais. Sugestões para vencer o impasse são bem-vindas.

    O Orkut morreu e não sabe. A Wired elegeu os dez maiores vaporwares de 2005. O Google foi selecionado pelo conjunto da obra: um monte de serviços em versão beta. Nem uma palavrinha sobre o Orkut. Se o assunto são os betas do Google que não chegam (nem chegarão) a qualquer versão definitiva, não podiam ter deixado de enxergar o rinoceronte no meio da sala de visitas. O Orkut é um sucesso brasileiro, sim, mas um sucesso em torno de um grandesíssimo nada, desconhecedor de um modelo de negócios que funcione. O Google queima rios de dinheiro para manter o sistema funcionando, só para dar uma de bonzinhos e não-repressores, mantendo satisfeitos (imagine se não fossem os "Bad, bad servers") zilhões de palermas incontroláveis e desconhecedores do que seja vergonha na cara. O melhor que a empresa pode fazer é puxar a tomada do Orkut.

    Cachaça também é cultura

    Lembrança de Roque Santeiro. Antes de fazer carreira internacional como retrato do Brasil (ou algo levemente parecido), a novela-símbolo do pós-ditadura fez um grande desserviço à causa patriótica. Pegou carona na exaltação a uma tal cultura da cachaça e da broa de milho (ou foi a novela que criou o buzz cachaça-broa-de-milho; minha memória de 1985 não é assim tão nítida, mas lembro que não se falava de outra coisa). O garoto-propaganda era o intelectual-esquisito-lobisomem de plantão. Não disse que esse negócio de estudar faz mal à saúde?

    Mas o papo da cultura de comer e de beber valia mais pelo não dito: era uma resistência contra O Pirata Lourinho de Olhinho Azul, o bicho-papão dos nacionalisteiros.

    Isso é praticamente chutar um cachorro morto. Fácil é tachar hambúrguer de não ser exatamente comida, Coca-Cola de não ser exatamente bebida. É uma atitude que se toma sem fazer careta. Difícil é convencer a galera das virtudes das alternativas. Até parece que é sinal de grande amor à Pátria queimar a garganta e beber até cair. E que seja rápido, antes que se comece a filosofar do ponto de vista privilegiado de quem está muitas doses acima da Humanidade.

    Como as Havaianas, o destilado de cana virou coisa chique. Mas enquanto as sandálias são produzidas em massa e não admitem imitações, a força cultural das cachaças está em sua diversidade. Cada aldeia de duzentos habitantes tem a sua. Sempre com uma tradição subjacente ou um rótulo criativo, jocoso, simbólico do etos do Brasil profundo.

    Antes era só desconfiança. Virou certeza no dia em que fui a um restaurante regional de butique onde o acervo de cachaça era atração. Nas toalhas de papel das mesas, centenas e centenas de rótulos de cachaça. Mais ou menos como naqueles cartazes das quaquilhões de marcas de cerveja da Bélgica. Enfim um denominador comum de identidade acima das discrepâncias regionais, do abismo social, das etnias e dos sotaques: a cachaça! Viva! Acontece que, diferentemente das cervejas belgas, 99% das cachaças não prestam.

    As centenas de nomes são outra prova incontestável, dizem, da sagacidade brasileira. O dicionário lista trocentos sinônimos para cachaça (quem sou eu para contá-los?). Estão no dicionário; todo mundo acha que tem que levar cada um dos nomes a sério. Mesmo que só existam em paróquias minúsculas, sem interesse dicionarizável. Há milhões de termos que os dicionaristas recusam por esnobismo ou correção política, mas parece que a caninha, a pinga, a marvada, a parati etc. etc. amolece qualquer critério.

    Ou como você imagina que tenham desenterrado aqueles nomes todos? Do jeito que são caros os dicionários brasileiros, deve existir um exército de pesquisadores vagando pelas brenhas do sertão, um Projeto Rondon lingüístico em busca de novos verbetes e locuções para engordar o pai dos burros.

    Um deles chega em Jeripoca do Noroeste e entra numa birosca, ou qualquer que seja o nome que dão àquilo naquelas terras. Os locais estão no balcão entornando muitas e muitas. Olham o estranho por uma fração de segundo. Talvez nunca tenham visto alguém tão pouco bronzeado em suas vidas. O suficiente para que dediquem o típico desprezo caipira a quem não conhecem.

    Insensível à falta de calor humano, o bandeirante do idioma encosta no balcão e puxa um papo com os nativos: "Oi, meu nome é Simplício e sou pesquisador do Dicionário Epaminondas da Língua Portuguesa."

    A turma se entreolha. Sorrisinhos de Mona Lisa, olhares de “lá vem mais um pato da cidade grande”. O mais velho toma a iniciativa:

    “Achegue-se! Seu Zé, manda aí pro nosso amigo a estrogofúndia que matou o guarda."

    O mais novo quase tem um ataque de riso de se engasgar no engasga-gato, mas leva uma botinada na canela (nosso pesquisador, agora encantado com a hospitalidade jeripoquense, nada percebe) e faz cara de sério.

    Assim segue o papo movido a álcool, como se a cachaça tivesse sido chamada de estrogofúndia desde o tempo dos jesuítas. Ele anota em seu bloquinho: "Estrogofúndia (s.f.): (Bras., Jeripoca do Noroeste) Cachaça." E assim sai no dicionário. Quem vai duvidar? Quem mais esteve em Jeripoca do Noroeste para conferir?

    Na cidade grande, no boteco vizinho à faculdade, a descoberta lingüística vira tema de conversa. Quer pegar uma estudante de Humanas descolada e moderna? Diga ao pé do ouvido da moça: "Você sabia, gata, que em Jeripoca do Noroeste eles chamam a cachaça de estrogofúndia?" Pronto! Ganhou pra hoje.

    Cachaça também é cultura. Quer dizer, no Brasil a cultura vai pouco além da cachaça.

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