domingo, dezembro 31, 2006

Muita luz e energia em 2007!

Este, é claro, é apenas um chavão de Ano-Novo. Na vida real, o apagão é iminente. E permanente. O Brasil é um latifundiário de fontes de energia -- ouvi falar até que é auto-suficiente em petróleo --, mas os preços são exorbitantes. A ponto de um bonequinho virtual do Second Life gastar mais energia que um brasileiro médio de carne e osso. Diante do aquecimento global, o brasileiro é o homem novo em que o Primeiro Mundo há de se espelhar. Se tiverem juízo e seguirem nosso exemplo de suprema sabedoria, os europeus e americanos folgarão em saber que o Oceano Ártico se manterá mais sólido que um picolé, os furacões pararão de castigar o Caribe e a camada de ozônio voltará ao tamanho original (o qual só é conhecido através das simulações de computador, o Second Life climatológico).

quinta-feira, dezembro 14, 2006

A seguir o programa... Boa noite

...

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Aviso à praça

O romance Sangue em Pastópolis está registrado conforme a lei brasileira.

Recebi ontem pelo correio o certificado de registro nº 391.932, livro 729, folha 92, emitido pelo Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional, datado de 14 de novembro de 2006.

Demorou, mas saiu. Agora quem piratear a obra-prima de Salomão Gladstone (o que é desnecessário, pois há meios autorizados de se distribuir o arquivo) vai se ver com a justiça.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Segundo Turno

Peço-lhes perdão, leitores, por tornar-me taciturno.

Mas fiquei preocupado com esse segundo turno.

Não que ache o Geraldo um Messias de plantão.

Mas um Lula em dose dupla soa como palavrão.



Dizem que a voz do povo é a própria voz divina

Uma voz inquestionável, forte, altiva, cristalina.

Mas será que esse povo não está anestesiado.

Para consagrar nas urnas as sujeiras do passado?



Waldomiros, mensalões, sanguessugas e que tais

Freqüentando há mais de ano as manchetes dos jornais.

Ninguém mais se impressiona. Tudo isso é normal?

Mentiródromos vicejam. É a mentira ritual.



Admitir que o grande guia é um presidente autista

Que ficou sempre alheio à interminável lista

De diversas brejeirices inventadas por elites

E que tolerou, na boa, falcatruas sem limites?



Ninguém diz que esses podres representam novidade

Mas em termos de escala é uma calamidade.

‘Basta descobrir, eu puno e descarto os culpados’.

Pilhas há de companheiros livres sem serem julgados.



“Nunca antes” é seu mote e pergunto: Afinal,

O Brasil foi descoberto pelo Lula ou Cabral?

“Nunca soube das mutretas” ele afirma desolado.

Mesmo se a maracutaia ocorreu na sala ao lado.



Fui traído, vocifera, quando um podre se avista.

Nem pensou em quatro anos consultar um oculista.

Para realçar seus fatos usa lente de aumento.

Espetacular parece, mesmo um pífio crescimento.



Stalinismo redivivo. Fidel Castro o paradigma.

Lorenzettis, Freuds da vida, permanecem um enigma.

Jacques Wagner quem afirma: A mentira é natural.

Corrupção quando negada vira coisa de vestal.



“O Brasil jamais se verga”, mas me ocorre, enquanto escrevo,

Que esqueceu a esperteza do seu companheiro Evo.

Que refém de Hugo Chávez, sentadão no seu curul

Junto com o Nestor Kirchner, detonou o Mercosul.



Comparou suas proezas com os feitos dos tucanos.

Só que o Fernando Henrique governou faz alguns anos.

Com as crises agitando o planeta por inteiro.

Lula teve quatro anos sempre em céu de brigadeiro.



Fala em privataria, mas bem sabe que de fato

É um argumento tosco. Serve pro bicampeonato.

Pois a tal ‘privataria’ acabou com o sossego

Da turminha acomodada no seu cabidão de emprego.



Trinta e tantos ministérios todos bem aparelhados

Competência? A carteira do PeTê e assemelhados.

Ao bater no peito clama: Quem decide aqui sou eu!

Os maldosos, a Zelites dizem que foi Zé Dirceu.



Se der Lula — tudo indica — não será o fim das eras.

Os programas se parecem, vamos espantar quimeras.

O que causa arrepios é saber que a equipe

Não é a dos marqueteiros do seu belo videoclipe.



Mas, enfim, se todos querem, dane-se o tucanato

E se escolherem Lula para um novo mandato,

Vale a pena, ao menos, além de rezar, pedir,

Quando bebe, presidente, é melhor não dirigir.





AS

sexta-feira, outubro 06, 2006

Lembrem-se do computador nacional, do carro nacional, da Zona Franca de Manaus, dos acampamentos de sem-terra, dos ascensoristas, das concessões de rádio e TV, das obras de Niemeyer, da distribuição de camisinhas, do Mercosul. Quando algo não funciona, o governo ampara. Fracassemos, portanto.

domingo, setembro 24, 2006

De Diogo Mainardi, aqui:

A nossa literatura foi sempre muito escolástica, e isso dai era uma medalha para quem queria fazer algum tipo de carreira em outra área. Essa literatura de Fardão é muito característico nosso, o discurso empolado, do engano. Não é uma literatura franca, aberta. É algo que serve de trampolim para conseguir alguma outra coisa. Gente parasitária que quer conseguir algo em troca. Sempre foi uma moeda de troca. Não é uma literatura pura. É para conseguir posições de poder, ou para se associar a alguém que tenha posição de poder, o que é pior ainda.


Obviamente, trata-se do Brasil. A literatura não é um caso isolado. Troquem "literatura" por "indústria de software". Muda muita coisa?

Voltarei ao assunto.

segunda-feira, setembro 04, 2006

TV de Alta Indefinição (II)

A continuação.

Saudades?

Sabado fomos ver "Casseta & Planeta - Seus Problemas Acabaram" num
cinema do Centro. De olhos fechados nota-se por que os cinemas do Centro
cairam em irreversivel decadencia: em certos trechos mal se entendia o
que os personagens falavam. Sao corretas as criticas que dizem que o
filme e' uma versao extended-play do programa de TV, o que em si nao e'
mau quando os "cassetas" fazem o que melhor sabem fazer diante das
cameras. O problema e' que uma coisa e' fazer cinema, outra e' fazer TV
filmada. Solucoes de direcao e interpretacao que seriam banais em
Hollywood (nao me refiro a efeitos zilionarios) sao rejeitadas no cinema
nacional por pura vergonha de imitar modelos de sucesso. Por isso esses
filmes que "nao fluem". E o da Casseta ate' tem uma historinha legal.

quinta-feira, agosto 17, 2006

TV de Alta Indefinição (I)

Minha mais recente colaboração ao site do Instituto Millenium.

cAPS lOCK? qUEM pRECISA DE cAPS lOCK?

Aqui.

Nada mais justo. A tecla Caps Lock tinha que ter sido há muito substituída por um botãozinho discreto e longe do alcance dos dedos rápidos.

Se você tiver sorte, poderá arrancar a Caps Lock com uma chave de fenda (cuidado!) e ainda encontrar por baixo da tecla um botão usável.

O Model M da IBM, o melhor teclado para PCs de todos os tempos, não permite isso. E ainda fica uma abominável mola aparecendo. Mas já usei o truque num teclado "paraguaio" e deu certo.

A tecla Insert, por motivos análogos aos da Caps Lock, já está indo para o brejo. Já vi teclados da Microsoft sem a dita cuja. Faz alguma falta?

terça-feira, agosto 08, 2006

Sensacional!

The French

Ted Nugent, a heavy metal guitar legend and devoted bow and arrow hunter, was being interviewed by a French journalist. Eventually, the conversation turned to his love of outdoor pursuits. The journalist asked, "What do you think the last thought is in the head of a deer before you shoot it? Is it, `Are you my friend?` or maybe `Are you the one who killed my brother?'"

Nugent replied, "They aren't capable of that kind of thinking. All they care about is, 'What am I going to eat next? Who am I going to screw next? and, Can I run fast enough to get away? They are very much like the French in that way."


Daqui.

sábado, julho 08, 2006

Copiando e colando, para não perder o hábito

Brecht e os brechtizinhos nossos de cada dia

Bertolt Brecht é o perfeito exemplo do esquerdista. Não há petista, piçolista, onguista, Chomsky, Sader, Lula, Veríssimo, Buarque etc. etc. etc., que não se assemelhe muito a ele. Trabalhando para o governo comunista da Alemanha Oriental, Brecht certificou-se de que receberia, negociaria e trabalharia através de uma empresa da Alemanha Ocidental capitalista, recebendo na valorizada moeda da Alemanha Ocidental, que logo enviava para sua conta na Suíça. Passando mal certa vez na URSS, foi às pressas para os EUA: não confiava em médicos comunistas.
Brecht, numa conversa relatada por Sidney Hook, mostra toda a perfídia de um esquerdista. Dois figurões acabavam de ser mortos num dos espurgos stalinistas, e os comunistas americanos, com quem Brecht trabalhava na época, defendiam Stalin, apregoando que os dois mortos, sabidamente inocentes, eram culpados. Hook perguntou a Brecht como ele aguentava trabalhar com esse tipo de gente. A resposta de Brecht: "Quanto mais inocentes forem, mais merecem ser assassinados."

terça-feira, julho 04, 2006

segunda-feira, julho 03, 2006

Respeito x Tolerância

Talvez a maioria das pessoas não perceba a mudança que se operou desde a troca. Mas há, e embora, sutil, as conseqüências da mudança são enormes, e um simples exemplo pode ser suficiente para as atestarmos: por respeito, eu evito fazer demasiado barulho em minha casa, a fim de não incomodar os vizinhos; por tolerância, os vizinhos é que devem aturar as minhas festas ruidosas. Há uma nítida transferência de responsabilidade, do sujeito ativo (aquele que executa uma ação danosa ao próximo) para o sujeito passivo (aquele que a recebe).

Aqui.

sábado, julho 01, 2006

Ainda a pirataria

Sou a favor da pirataria. Sou contra a perseguição e a sistemática obsessão em acabar com a pirataria. Ela tem que ser integrada à economia do cinema, não só o brasileiro, mas também o mundial. Você vai me perguntar como, mas não sei responder de cara. É o caso de sentar e pensar a respeito. – Cacá Diegues

Não é surpresa nenhuma que os filhos da “elite branca”, criados e nutridos no culto aos superpoderes da ciência, enxerguem meia dúzia de cacarecos de “tecnologia de ponta” como rolos compressores capazes de atropelar a caretice das leis e dos costumes. É compreensível que adolescentes adeptos do eMule e do BitTorrent acreditem que piratear musiquinhas é uma suprema vingança do proletariado contra os bilionários magnatas da indústria fonográfica. É até possível debater se o usuário tem mesmo o direito de usar uma fatia de seu disco rígido, não submetida por contrato a nenhuma outra parte, do jeito que achar melhor.

Porém, dentre toda a discussão sobre a pirataria, a entrevista de Cacá Diegues publicada no Jornal do Brasil de 25 de junho se destaca por revelar, ainda que de passagem e sem se aprofundar além do citado acima, uma rara opinião heterodoxa vinda do lado de dentro do balcão dos bens culturais. Pena que a posição favorável do ilustre cineasta só sirva para a pirataria das obras dos outros.

Se Diegues se diz a favor da pirataria, não pode se opor à ação do tal adolescente usuário do BitTorrent que, entre um CD de heavy metal e outro, decida baixar uma cópia de Deus é Brasileiro sem pedir autorização nem pagar os direitos devidos. Ou ao sujeito que alugue o DVD de Tieta do Agreste para duplicá-lo no computador de casa. Ou mesmo ao camelô que ofereça discos “legítimos” de Orfeu no Largo da Carioca. Simples questão de lógica.

Suponhamos que o autor, na medida em que é dono de todos os direitos sobre o filme, não está ligando a mínima para o que façam com sua obra. Isso o Grateful Dead já fazia há décadas. A banda era célebre por não se importar que os fãs levassem gravadores e fizessem registros “piratas” de seus shows, estimulando já no tempo das fitas cassete o que a era da internet consagraria como “marketing viral”. Se os próprios autores dão o OK, quem há de falar em pirataria?

Em outro cenário, podemos supor que o realizador abriu mão explicitamente de algumas (ou muitas das, ou todas as) prerrogativas clássicas da propriedade intelectual, começando pelo direito de cobrar royalties sobre as cópias. Essa façanha os adeptos do GPL, Creative Commons e similares já têm feito há tempos e tempos, justamente para a que a disseminação de suas obras se mantenha livre e legal, fora das inevitáveis zonas de sombra do copyright tradicional. Mais uma vez, não há pirataria alguma nisso.

Excluídas a possibilidades pelas quais o próprio Cacá Diegues poderia abrir as porteiras de sua obra aos simples mortais (que geralmente não têm como saber o destino da grana das leis de incentivo à cultura porque os malditos imperialistas ianques ocupam todas as salas, o ingresso é caro, as TVs fazem pouco caso etc etc), a única pirataria cinematográfica que o faz revirar os olhos de satisfação é a que atinge os filmes dos megaestúdios de Hollywood. Diante dessa concorrência de peso, imagino que não seja mau negócio manter colossos de celulóide como Um Trem para as Estrelas e Dias Melhores Virão com direitos autorais trancados. Talvez na condição de frutos proibidos eles se tornem um pouquinho mais populares entre os piratas.

Copiando e colando Walter Carrilho, World Cup Mode On

(update: eis o blog original)

Sábado, Julho 01, 2006

FRANÇA 1 X BRASIL 0 E 1 BAGUETE NAS FUÇAS.

Fica assim, não, torcedor brasileiro! Ronalducho e companhia não voltam da Europa de mãos abanando. Pode anotar: eles ainda vão receber uma medalha de honra ao mérito do governo Francês. Entregaram o jogo em 98 e entregaram de novo agora. Uns heróis! Pena que para o país errado...

A seleção mostrou que entende tudo sobre a cultura francesa. Jogou como um perfeito croissant: muito enrolada. É isso ou eles se espelharam no PCC, jogando meio presos. A Campanha “Viagra neles, Parreira” não funcionou. Talvez a comissão tenha comprado o remédio errado. Deram Lexotan para os meninos. O time tava tão devagar que, se colocassem o Zagalo pra jogar, faria diferença.

Tô falando alguma besteira? A turma tava tão perdida, que chegaram até a misturar as modalidades de esporte. Ronaldo achou que era uma partida de vôlei e meteu a bola na mão em uma cobrança de falta. Cafu parecia que estava em um bingo: de cada 10 bolas, errava 9. Aliás, Cafu parecia tão fora de sintonia, que tentou trocar de uniforme com um francês durante o jogo. Agarrou a camisa do coitado e levou cartão amarelo. Cafu, é pra esperar o jogo acabar primeiro, pombas!

Eu sugiro Viagra para a seleção e Flashpower para o Parreira. O cara é movido à lenha. O time toma um gol e ele fica com aquela cara de "Popeye que perdeu a Olívia". 350 minutos depois, dois neurônios em sua cabeça se comunicam e ele pensa: “Talvez, quem sabe, de repente, eu possa colocar o Robinho...” O Zagalo, coitado, só vai perceber o que aconteceu daqui uma semana.

No local onde eu vi a partida, a torcida mostrou todo o seu apreço pela seleção com gritos fofuchos como “Pega essa bola, gorducho imbecil!” ou “Cafú do cara**, acorda!” Muito lindo! Galvão e Parreira continuam na preferência da moçada. Estão tão bem cotados que, sinceramente, deviam ficar lá na Alemanha mesmo. Na boa, a gente paga a estadia.

Bom, eu to vendendo a minha corneta. Tem seis estrelas nelas. Eu apago uma delas e cobro 5 pilas! Alguém aí está afim?
Escrito (hein?) por Walter Carrilho em Sábado, Julho 01, 2006 4 comments links to this post

quarta-feira, junho 28, 2006

Eduardo Levy sobre Janer Cristaldo

Quarta-feira, Junho 28, 2006

As três vias de acesso

Todos já devem ter lido, mas, de qualquer maneira, segue esta maravilha de Janer Cristaldo. Só quero fazer três considerações: 1) Janer erra ao fazer a comparação com a Universidade medieval. A Universidade brasileira e mesmo a mundial estão esta porcaria justamente porque são o oposto do que eram as medievais. 2) Com respeito à imbecilidade específica a que Janer se refere, nem sempre foi assim no Brasil. Começou, é claro, com a ascenção da esquerda à chefia cultural absoluta. Por exemplo: Manuel Bandeira não era formado em nada e sequer completara o segundo grau, mas foi professor do Colégio Pedro II (e escreveu o livro didático de Literatura dessa escola), o mais tradicional do Rio de Janeiro, e da Faculdade Nacional de Filosofia. Não por coincidência, a geração seguinte à de Bandeira foi a última geração de intelectuais brasileiros em que os intelectuais eram intelectuais, em que os intelectuais pensavam. 3) Uma pessoa muito próxima a mim cursou uma faculdade de jornalismo, e posso garantir: no Brasil o sujeito é obrigado a ter diploma de jornalista porque só uma faculdade de jornalismo pode torná-lo tão imbecil, tão lesado, tão retardado, tão bitolado, tão sem conseguir conectar o Tico e o Teco a ponto de ele poder ser um jornalista brasileiro. (Claro, há um ou outro que, só Deus sabe como, se salva, consegue passar com a inteligência incólume, como um Reinaldo Azevedo ou essa própria pessoa próxima a mim.) Eduardo Levy


As três vias de acesso

Por Janer Cristaldo

Após ler minha crônica sobre os cavacos do ofício do jornalismo, uma amiga me pergunta porque não estou lecionando numa universidade. Coincidentemente, a resposta está no artigo de Cláudio de Moura Castro, na Veja da semana passada:

“Na UFRJ, um aluno brilhante de física foi mandado para o MIT antes de completar sua graduação. Lá chegando, foi guindado diretamente ao doutorado. Com seu reluzente Ph.D., ele voltou ao Brasil. Mas sua candidatura a professor foi recusada pela UFRJ, pois ele não tinha diploma de graduação. Luiz Laboriou foi um eminente botânico brasileiro, com Ph.D. pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e membro da Academia Brasileira de Ciências. Mas não pôde ensinar na USP, pois não tinha graduação”.

Estas peripécias, eu as conheço de perto. Começo pelo início. Nunca me ocorreu lecionar na universidade. Eu voltara da Suécia, cronicava em Porto Alegre e fui tomado pela resfeber, doença nórdica que contraí na Escandinávia. Traduzindo: febre de viagens. Li nos jornais que estavam abertas inscrições para bolsas na França e me ocorreu passar alguns anos em Paris. A condição era desenvolver uma tese? Tudo bem. Paris vale bem uma tese. Tese em que área? Busquei algo que me agradasse. Na época, me fascinava a literatura de Ernesto Sábato. Vamos então a Paris estudar Sábato.

Mas eu não tinha o curso de Letras. O cônsul francês, ao me encontrar na rua, perguntou-me se eu não podia postular algo em outra área. Em Direito havia mais oferta de bolsas. Poder, podia. Eu cursara Direito. Mas do Direito só queria distância. Mantive minha postulação em Letras. Para minha surpresa, recebi a bolsa. A França me aceitava, em função de meu currículo, para um mestrado em Letras, curso que eu jamais havia feito. Nenhuma universidade brasileira teria essa abertura. Aliás, os componentes brasileiros da comissão franco-brasileira que examinava as candidaturas, tentaram barrar a minha. Fui salvo pelos franceses.

Fui, vi e fiz. Em função de meu currículo, aceito para mestrado, fui guindado diretamente ao doutorado. Tive o mesmo reconhecimento que o aluno do MIT. Acabei defendendo tese em Letras Francesas e Comparadas. Menção: Très bien. Não me movera nenhuma pretensão acadêmica, apenas o desejo de curtir Paris, suas ruelas, vinhos, queijos e mulheres. A tese não passou de diletantismo. De Paris, eu escrevia diariamente uma crônica para a Folha da Manhã, de Porto Alegre. Salário mais bolsa me propiciaram belos dias na França. Foi quando minha empresa faliu. Conversando com colegas, fiquei sabendo que um doutorado servia para lecionar. Voltei e enviei meu currículo para três universidades. Sei lá que loucura me havia acometido na época: um dos currículos enviei para o curso de Letras da Universidade de Brasília.

Fui a Brasília acompanhar meu currículo. Procurei o chefe do Departamento de Letras. Ele me cobriu de elogios, o que só ativou meu sistema de alarme. Que minha tese era brilhante, que meu currículo era excelente, que era um jovem doutor com um futuro pela frente. Etc. Mas... eu tinha apenas os cursos de Direito e Filosofia, não tinha o de Letras. Me sugeria enviar meu currículo ao Departamento de Filosofia, já que a tese tinha alguns componentes filosóficos.

Ingênuo, fui até o Departamento de Filosofia. O coordenador me recebeu muito bem, analisou minha tese, cobriu-a de elogios. Mas... eu não tinha o Doutorado em Filosofia. Apenas o curso. Considerando o grande número de artigos publicados em jornal, sugeria que eu fosse ao Departamento de Comunicações. Besta atroz, fui até lá. O coordenador considerou que meu currículo como jornalista era excelente. Mas... eu não tinha o Curso de Jornalismo.

Na Universidade Federal de Santa Catarina abriu um concurso para professor de Francês. Já que eu era Doutor em Letras Francesas, me pareceu que a ocasião era aquela. Duas vagas, dois candidatos. Fui solenemente reprovado. Uma das alegações foi que eu falava francês como um parisiense, e a universidade não precisava disso. A outra, e decisiva, era a de que eu tinha doutorado em Letras Francesas, mas não tinha curso de Letras.

Já estava desistindo de procurar emprego na área, quando fui convidado para lecionar Literatura Brasileira, na mesma UFSC que me recusara como professor de francês. Convidado como professor visitante, o que dispensa concurso. Mas o contrato é por prazo determinado, dois anos. O curso precisava de doutores para orientar teses e eu estava ali por perto, doutor fresquinho, recém-titulado e livre de laços com outra universidade. Fui contratado.

Acabei lecionando quatro anos, na graduação e pós-graduação. Findo meu contrato, foi aberto um concurso para professor de Literatura Brasileira. Me inscrevi imediatamente. Uma vaga, um candidato. Me pareceram favas contadas. Ledo engano. Eu não tinha o curso de Letras. Fui de novo solenemente reprovado.

Na mesma época, abriu um concurso na mesma universidade para professor de espanhol. Ora, eu já havia traduzido doze obras dos melhores autores da América Latina e Espanha (Borges, Sábato, Bioy Casares, Robert Arlt, José Donoso, Camilo José Cela). Vou tentar, pensei. Tentei. Na banca, não havia um só professor que tivesse doutorado. Pelo que me consta, jamais haviam traduzido nem mesmo bula de remédio. Mais ainda: não tinham uma linha sequer publicada. Novamente reprovado. Minhas traduções poderiam ser brilhantes. Mas eu jamais havia feito um curso de espanhol.


Melhor voltar ao jornalismo. Foi o que fiz. Anos mais tarde, já em São Paulo, por duas vezes fui convidado para participar de uma banca na Universidade Federal de São Carlos, pelo professor Deonísio da Silva, então chefe de Departamento do Curso de Letras. Uma das bancas era para escolher uma professora de Literatura Espanhola, outra uma professora de Literatura Brasileira. Deonísio sugeriu-me participar, como candidato, de um futuro concurso. Impossível, eu não tinha o curso de Letras. Quanto a julgar a candidatura de um professor de Letras, isto me era plenamente permissível.

Por estas e por outras – e as outras são também importantes, mas agora não interessam – não estou lecionando. Diz a lenda que na universidade da Basiléia havia um dístico no pórtico, indicando as três vias de acesso à universidade: per bucam, per anum, per vaginam. Lenda ou não, o dístico é emblemático. A universidade brasileira, particularmente, é visceralmente endogâmica. Professores se acasalam com professoras e geram professorinhos e para estes sempre se encontra um jeito de integrá-los a universidade. A maior parte dos concursos são farsas com cartas marcadas. Pelo menos na área humanística. As exceções ocorrem na área tecnológica, onde muitas vezes a guilda não tem um membro com capacitação mínima para proteger. Contou-me uma professora da Universidade de Brasília: “eu tive muita sorte, os dez pontos da prova oral coincidiam com os dez capítulos de minha tese”. O marido dela era um dos componentes da banca. A ingênua atroz – ou talvez cínica – falava de coincidência.

Na universidade brasileira, nem um Cervantes seria aceito como professor de Letras, afinal só teria em seu currículo o ofício de soldado e coletor de impostos. Um Platão seria barrado no magistério de Filosofia e um Albert Camus jamais teria acesso a um curso de Jornalismo. No fundo, a universidade ainda vive no tempo das guildas medievais, que cercavam as profissões como quem cerca um couto de caça privado. Na Espanha e na França, desde há muito se discute publicamente a endogamia universitária. Aqui, nem um pio sobre o assunto. E ainda há quem se queixe quando os melhores cérebros nacionais buscam reconhecimento no Exterior.

Publicado pelo Mídia Sem Máscara

Ctrl-C, Ctrl-V

De meu anseio pelo fim da Varig

June 25th, 2006 by Pedro Sette Câmara

Por conta de meu trabalho de intérprete, recentemente vi uma autoridade estrangeira dizer que a “a Varig é o Brasil, e o Brasil é a Varig”. Com licença para a breguice, preferia que tivesse dito que o Brasil é a Gol, uma empresa que funciona e dá lucro. O que dói é que a Varig, num certo sentido, é mesmo o Brasil: gigante, administrada como estatal, esperando sua salvação do governo em vez de fazer o dever de casa. Talvez, se a Varig simplesmente falir, tenhamos um salutar efeito no imaginário brasileiro: a entrada da categoria “é preciso ser competente”.

terça-feira, junho 27, 2006

A volta dos Kikos Marinhos ao Brasil

Depois da moda dos anos 80, chegou a vez de exumar certos modismos lamentáveis dos anos 70. Agora chegou a vez de um dos mais retumbantes e fugazes cases de marketing infantil do período: os Kikos Marinhos. Por enquanto, só em São Paulo, em muitas bancas, numa edição que em dois aspectos faz justiça à antiga: é cara (R$ 14,95) e mal-ajambrada.

Nunca tive os Kikos originais setentistas, que todo mundo diz que não funcionavam, mas testei duas vezes os Sea-Monkeys, a versão original americana (que existe sem interrupção desde os anos 60), e posso atestar: dão certo. É só não fazer lambança e ler atentamente o maldito manual. Duas habilidades acima da capacidade da criança (criança?) normal.

Por dentro das embalagens, a espécie de crustáceo que nasce por "mágica" é sempre a mesma. Mas entre os Kikos brasileiros do século 21 e os Sea-Monkeys há grandes diferenças que prejudicam o produto nacional.

Começando pela documentação. Até agora não sei direito se as instruções dos Kikos falam ao adulto ou à criança, ao leigo ou ao aquarista -- de qualquer forma, os itens não se aprofundam em nenhuma questão. O manual completo dos Sea-Monkeys tem 32 páginas absolutamente objetivas.

Qualquer kit básico dos Sea-Monkeys vem com um purificador de água, um pozinho usado para neutralizar metais tóxicos e outros produtos químicos que fazem mal à saúde dos bichinhos, que funciona às mil maravilhas (testei com o precioso líquido da Cedae e deu certo). Uma vez cumpridas as 24 horas de descanso do purificador, é só adicionar os ovos de Sea-Monkeys, mexer e -- plim! -- os bebês-crustáceos surgem em um minutinho. Exatamente como no "truque" de Flávio Cavalcanti diante das câmeras da TV Tupi em 1978.

Em comparação, o procedimento para criação dos Kikos da nova geração é impreciso e ilógico. Pelo preço, o mínimo que poderiam fornecer era um purificador. Nada que, segundo a antiga e venerável tradição brasileira, não possa ser substituído por uma boa conversinha e muito wishful thinking. Pretende-se "recriar um pedacinho do oceano em sua casa" com dois litros (nos Sea-Monkeys seriam apenas 350 ml) de água do mar limpa (como vizinho da -- rá, rá! -- praia do Flamengo, prefiro pular essa hipótese) ou água filtrada com duas colheres de sopa de sal grosso (até agora, nenhum controle químico, nem da água, nem do sal). É preciso esperar 24 a 36 horas para a eclosão. Ninguém do lado de cá do Sistema Solar vai ter essa paciência toda.

E tudo que era opcional (e pouco necessário) nos Sea-Monkeys se torna essencial nos Kikos Marinhos: deixar perto de uma lâmpada de 40 watts sob o aquário, usar um aerador "para manter a oxigenação constante no fundo do aquário" e manter o pH entre 8 e 9 (pH? What's pH?).

Em todos os casos, lá como cá, temos como divulgação uma família de bichos antropomorfos a separar as crianças não-otárias das que acreditarão que o pozinho "mágico" se transformará exatamente naquilo. Sendo que, pelas caras dos personagens dos personagens dos Kikos brasileiros, parece que há alguma coisa na água que os deixa em permanente estado de doidice.

Reminiscências de viagem: Tax Free funciona

Quase dois meses depois que voltei de Buenos Aires, enfim tenho a confirmação no extrato: o Tax Free argentino realmente reembolsa através do cartão de crédito. No total, 18,84 dólares creditados ao saldo do cartão. Excluídos outros fatores, só mofou na fila do guichê em Ezeiza quem quis.

Essa é uma prova documental de que o Tax Free, pelo menos o Tax Free, é digno de confiança -- não de que os argentinos sejam dignos de confiança. Primeiro, não é neste blogzinho que vou me meter a fazer um juízo genérico e definitivo sobre todo um povo. Segundo, o extrato indica "Sweden" como país de origem do crédito.

Ainda copiando e colando

Videoteca anti-Molusco O PSDB não pôs seu vídeo on-line, mas o PFL pôs o seu arrasador "Brasil, um país decente, não merece essa gente". Minha diversão, aliás, tem sido buscar no YouTube vídeos anti-lulistas. Este dá uma mostra do humor sofisticado e cosmopolita do Molusco Marinho. Este apresenta o então candidato petista dizendo a Boris Casoy que não haveria aliança entre o Brasil lulista, a Cuba castrista e a Venezuela chavista (sei, sei). Este traz Lulla falando sobre Collor. Por fim, este elenca algumas "realizações" da Era Lula. Se souberem de mais algum interessante, avisem, ok?

[FM]

quinta-feira, junho 22, 2006

Ainda copiando e colando

20.6.06

Uma perda gigantesca

Ainda não consegui absorver o impacto da notícia de que a revista e site "Primeira Leitura" encerrou suas atividades. Estou naquela fase de negar e me recusar a acreditar que é verdade. Como pode, impossível, uma revista daquela qualidade, com textos tão bons e que aparentemente só vinha crescendo ultimamente ( vide aumento do número de colaboradores ). Só pode ser mentira.
Em breve, quando perceber que não terá mais volta, entrarei na fase de xingar a Deus e o mundo e reclamar da injustiça que é esta notícia. Não, eu não mereço isto, nós todos que lemos a revista não merecemos, Reinaldo Azevedo não merecei isto. Deus é injusto mesmo, enquanto PriLei fecha coisas como Observatório da Imprensa e Caros Amigos seguem numa boa.
Quem sabe eu consiga chegar ao terceiro e último estágio que normalmente passo quando recebo notícias chocantes, o de aceitação com pesar. Tá bom, a vida é assim mesmo. Os medíocres no Brasil sempre se dão bem. O mérito "neste país" sempre é punido, a virtude não é valorizada. A vida é assim mesmo, como poderia sobreviver uma revista que se opunha radicalmente ao projeto petista de poder? Ao modo de pensar esquerdista ? Jamais. "Este país" realmente não merecia uma revista daquelas.
Ainda estou no primeiro estágio. E devo permanecer nele por um bom tempo. Ainda reclamarei com Deus. Espero chegar a aceitar este fato. Mas o difícil será seguir numa boa enquanto o blog de Reinaldo Azevedo não vier ao ar!

Recordar é viver

Gushikenices e as armas de enganção em massa

Por Paulo C. Barreto - 07/04/2004

Então o ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, deu uma olhada nos jornais e tevês e ainda achou pouca a subserviência da imprensa ao governo Lula.

Pelo conjunto de sua carreira e pelo dever do ofício, Gushiken é o primeiro a conhecer a hegemonia dos "companheiros" nas redações. Sabe que, diante da grande causa, nem a mínima dissensão pode ser tratada como algo menos que uma força desagregadora. É por isso que questiona a imprensa que "opera com o raciocínio de explorar o contraditório e que muitas vezes fomenta discórdia e disputa de egos, quando são apenas discussões de idéias".

É por isso que podemos esperar chumbo grosso do ministro. Quando o assunto é defender o regime, ele não brinca nem com a brincadeira.

Por vários anos fui colaborador regular da revista Mad brasileira. Sim, aquela das sátiras de filmes, Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis, Dobradinhas e Livros do Ódio. Em 1994 fui encarregado de escrever roteiros de quadrinhos satirizando os dois principais concorrentes à presidência, que ganhariam matérias de capa em edições consecutivas. À época do encargo, ninguém tinha certeza de quem realmente venceria. Lula estava em queda nas pesquisas, mas ainda liderava; por isso, sua "homenagem" veio primeiro.

Escrevi uma fajutíssima entrevista com o candidato, com ênfase em detalhes (sobejamente conhecidos) de sua biografia e sua personalidade, acompanhados das devidas ilustrações. Enfim, nada que os leitores normais da Mad não esperassem, excluídos os militantes radicais e os puxa-sacos contumazes. Um leitor, representante de pelo menos um desses dois grupos, contra-atacou num piscar de olhos.

Em 13 de setembro de 1994 foi enviada ao fax da redação da Mad a carta de Nelson Jandir Canesin, de São Paulo, acompanhada de um abaixo-assinado de 25 nomes (somando a folha de rosto, era um despacho de quatro páginas). Dizia a mensagem:

"O último número da revista Mad, satirizando a candidatura Lula, é de tamanho baixo nível que chega a assustar. Os desenhos e as frases estão carregadas de preconceito não apenas em relação a um candidato a presidente, mas aos trabalhadores em geral. (...) Vocês da revista Mad estão seguindo a trilha aberta pela Rede Globo que aposta na ignorância política de toda uma nação e utiliza seu poder de mídia para fabricar e eleger o candidato que bem entender. Vocês ajudaram a fixar entre seus leitores a visão estreita de que operário serve apenas enquanto está na fábrica produzindo, e que política deve ser feita apenas pelos 'letrados'. Por acaso vocês não sabem que são estes mesmos 'letrados' que estão no poder a [sic] quase 500 anos e que são os responsáveis pela manutenção no Brasil de um dos piores índices de desigualdades sociais do planeta? (...)"

A isto seguiam-se a assinatura de Nelson e as outras 25, muitas difíceis de ler, mas todas acompanhadas dos números das carteiras de identidade. Deve ser coisa autêntica: um bajulador amador não se daria sozinho ao trabalho e à despesa do fax para o Rio só para peitar uma revista que todo mundo (menos ele) sabia que era disso que o Aurélio define como "qualquer escrito ou discurso picante ou maldizente, crítico; troça, zombaria, ironia; censura jocosa."

Quem assumiria esse encargo? A folha de rosto e os cabeçalhos de cada uma das páginas revelavam: o fax tinha sido transmitido do escritório paulistano do deputado federal Luiz Gushiken.

Por mera hipótese, suponhamos que Nelson Jandir Canesin, de carta na mão, tenha batido à porta de Gushiken em busca de ajuda, e que tivesse sido atendido. Talvez até o deputado conhecesse a fama da Mad e dispensasse sumariamente qualquer participação no envio do fax. Ou o ocupado parlamentar, através de um "quem indicou" razoavelmente bom, tenha recebido a carta e ficado tão "impactado" com o abaixo-assinado que foi conferir a revista que enfureceu Canesin & Cia -- e, depois de detalhado exame da matéria, respondeu: "Tá certo que a Mad pegou pesado, mas aquilo é sátira, entendeu? Sá-ti-ra! Fichinha diante do que nossa turma fazia com os milicos! Eu é que não vou gastar verbas de gabinete para passar recibo de lambe-botas do chefe."

Como nada disso ocorreu, é mais fácil acreditar que o deputado não leu a carta nem a sátira: qualquer um, na era pré-Internet e pré-torpedo, poderia entrar no escritório de Luiz Gushiken e faxear a mensagem que quisesse, com a inocência de quem envia uma carta para a mamãe. Já que é o pagador de impostos que banca o interurbano, que há de mau nisso? Isso é que é isenção olímpica diante de picuinhas eleitorais, deixar o barco correr -- mesmo que, entre a produção da matéria e a chegada da revista às bancas (portanto, sem que o "poder de mídia" da Mad tivesse a menor culpa), Lula já tivesse caído para o segundo lugar nas pesquisas, com sério risco (substanciado afinal) de não disputar o segundo turno. E, com isso, credenciar-se a um dia assumir um ministério e dar pitaco na falta de reverência da mídia.

Uma das materinhas da revista Connect

Eu que fiz! Eis como foi republicada no WNews:
Tutorial: tire o máximo do seu smartphone

quarta-feira, junho 21, 2006

Copiando e colando

TGV: FRB Mark II

Como vimos pelos últimos dias, a "Fundação Ruben Berta Mark II", ou seja, o grupo autodenominado "Trabalhadores do Grupo Varig", insistiu fortemente para que o juiz Luis Roberto Ayoub homologasse a venda da Varig para a sua fachada corporativa, a NV Participações. De tanto insistir, a TGV teve o que queria -- e a venda foi homologada.

Agora, resta a eles colocarem o cascalho na mesa, e revelar os tais investidores, até sexta-feira que vem. Contudo, como o próprio TGV já admitia meras horas depois da homologação -- e que confirmam novamente -- eles não vai conseguir depositar os 75 milhões de dólares até sexta-feira, prazo máximo.

Ao que parece, Ayoub chamou o blefe deles, por talvez ter perdido a paciência com os Pretorianos do TGV. E agora, a coisa explode na cara deles, insistindo na conversa fiada de "investidores" que ninguém sabe quem são, de onde vem, para onde vão. Literalmente, compraram algo pelo qual não tem como pagar.


É para com funcionários com este tipo de atitude patética e nociva a quem a Varig vai ser confiada? Se for, é como havia dito antes... tudo vai continuar como era antes na Air Abrantes.

terça-feira, junho 20, 2006

Oh, céus! Mataram Bussunda

"Você conhece o Bussunda? De verdade? Fala sério!" Estou acostumado: há uns dezoito anos essa pergunta ressurge de vez em quando da parte de algum colega de trabalho, contato internáutico ou parente que não era nascido no tempo do disco de vinil. É a pura verdade.

Claudio Besserman Vianna, que só os absolutamente desavisados não chamavam de Bussunda, era um desconhecido dos telespectadores quando fomos apresentados. Mas já era engraçado como sempre, destaque natural dos shows de Casseta Popular e Planeta Diário (a marca Casseta & Planeta só seria lançada mais tarde). Não por falta de números que deixavam o público roxo de rir, pois tínhamos Hubert cantando "Garota de Ipanema" imitando Paulo Francis e a dupla metaleira-sertaneja de Beto Silva e Marcelo Madureira que os fãs televisivos definitivamente não conheceram.

Por mais equilibrada que fosse a escalação do elenco, Bussunda roubava todas as cenas, balançando a pança como se fosse a criatura mais sexy do mundo ou fazendo paródia de Tim Maia na arquiconhecida (mas até então inédita em disco) "Mãe é mãe". Ocupar seu espaço merecido no horário nobre da Globo foi uma questão de tempo. Bussunda foi o melhor exemplo de humorista que fazia graça como Ronaldinho Gaúcho joga futebol: fazendo o que gostava desde criança, conquistou fama e fortuna. Até hoje a intelligentsia não aturou o desaforo.

Em 1988, entre um show e outro, a atividade mais visível dos "cassetas" era produzir a revista Casseta Popular, à qual devo o início da minha vida profissional. Foi assim, afinal, que conheci Bussunda e toda a turma. Mas o que garantia o grupo era a participação na usina de idéias que alimentava TV Pirata, o programa que hoje é lembrado de forma unânime como divisor de águas do humorismo brasileiro.

Descontando a oposição dos humoristas da velha guarda, que consideravam o TV Pirata uma ação entre amigos da Zona Sul do Rio cujo humor não representava os sentimentos da massa analfabeta, o conjunto das ações da trupe Casseta era torpedeado à esquerda e à direita por denúncias de hipocrisia. De um lado, os "cassetas" produziam uma revista absolutamente anárquica, feita para não agradar a quem se levasse minimamente a sério, mas que se pautava pelo oceano de escândalos do governo Sarney para expor alegoricamente a Grande Suruba Nacional. De outro, trabalhavam para as Organizações Globo, sustentáculo de Sarney, império adesista, símbolo de tudo que a revista denunciava.

Algum espanto nisso? Há tempos e tempos a nata da esquerda cultural brasileira já estava abrigada sob o guarda-chuva da Globo, e Casseta & Planeta (ainda só como banda) não foi exceção, emprestando seus dotes musicais à campanha de Lula em 1989 -- o grupo cometeu um atentado à independência que não repetiria nas eleições seguintes. Não existiu "entrega ao sistema": a Globo é que se dobrou à metralhadora giratória casseteana, não o contrário. Bussunda, como símbolo maior do Casseta & Planeta, só queria fazer o que fazia sempre, e melhor que fosse na Globo do que se continuasse na pindaíba vendendo jornaizinhos engraçadinhos nas filas dos cinemas.

É nessa dimensão que podemos ver uma grandeza de Bussunda que as câmeras do Casseta & Planeta, Urgente!, de 1992 em diante, não revelavam. Um homem que combinava seu talento inato para a comédia com uma simplicidade pessoal surpreendente; um profissional do nonsense com senso de responsabilidade, que amava seu público e oferecia o que o povo gostava (a isso devemos a vida longa do Casseta & Planeta), e que encontrava na dedicação à família e na investigação intelectual uma dimensão maior para sua vida do que simplesmente se dar bem na televisão. Tinha um sentido de missão maior do que fazia crer o estereótipo do carioca praiano-folgado-cervejeiro-mulherófilo-futebolista (emblematicamente, morreu durante a Copa), e que também não combina com outra característica que enlameia a reputação do carioca na vida real: o anarquismo de salão, a tendência a deitar falação julgando a tudo e a todos sem ser julgado por ninguém, a pretensão de representar a lucidez moderadora acima de conceitos ideológicos caquéticos.

Não foi para fazer esse papel que o jovem Bussunda desembarcou do Partidão, ignorou as patrulhas da ortodoxia e seguiu uma longa trajetória até assumir o posto informal de voz da consciência nacional, traduzindo em personagens e imitações tudo que os noticiários servis jamais ousariam dizer. Isso causou um desgaste. Até a hiperinflação de Sarney e o impeachment de Collor pareciam se prestar a boas piadas, contanto que houvesse uma esperança de luz no fim do túnel. E os próprios "cassetas" sempre souberam que Lula, a esperança personificada da "geração Casseta", não escaparia de suas gracinhas. No fundo, previam que o "partido da ética" era puro bafo. Mas a máquina de previsões deu tilt. O que se pode dizer de engraçado de hordas orquestradas impondo toque de recolher na maior cidade da América do Sul, e outras hordas quebrando o Congresso Nacional? Como imaginar Lula de mãos dadas com Sarney elogiando a Ferrovia Norte-Sul, símbolo maior da picaretagem da Nova República -- e ainda despontando como candidato único, fadado a vencer no primeiro turno?

Diante do olhar cômico de Bussunda, a realidade descambou para o punk: não há futuro. O Brasil atravessou o limite da anedota útil. O infarto foi apenas o instrumento. Por trás do eterno sorriso, o desgosto matou Bussunda.

domingo, junho 18, 2006

Adeus a Bussunda

Transmito diretamente da fila do velorio do Bussunda. Misturam-se camisas do Brasil, do Flamengo e do Tabajara. Incontaveis equipes de reportagem. Breve, minhas impressoes sobre a tragedia.

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--
[]s,
Paulo

quinta-feira, junho 15, 2006

9.6.06

Obrigado por nos lembrar Ronaldo!

Lula conseguiu fazer com que o povo brasileiro, em plena Copa do Mundo, se lembrasse de um de seus defeitos mais graves. Clique aqui para ouvir o que Ronaldo gostaria de saber sobre Lula!

"Por sorte, todo o país bem sabe que tudo não passa mesmo de intriga de jornalista. Nem Ronaldo exagera nos sólidos nem Lula se esbalda nos líquidos. É pura fofoca. Restou ao signatário do blog uma única dúvida: o que será que o magro tanto deseja perguntar ao sóbrio?" ( Josias de Souza sobre o episódio )

Mais sobre o etos orkutiano

Aqui. Minha única ressalva: qualquer "estatística" baseada em números do Orkut deve ser tomada com um grão de sal. Mas e daí? Números por números, Ibope e similares vaticinam que o Supremo Apedeuta será reeleito no primeiro turno com o chicote debaixo do braço, sem alianças, com oposição sub-simbólica, a bordo do verdadeiro Brilho Eterno de uma Mente (coletiva) Sem Lembranças. O Brasil é um atentado à estatística.

quarta-feira, junho 14, 2006

Sobre o leilao da Varig (deu no Primeira Leitura)

"O advogado da NV afirma que, ao pedirem que o pagamento de R$ 500 milhoes (metade do total) seja feito 'a vista, e nao em 20 anos, eles impediram o juiz de homologar a proposta já' na sexta-feira, o que levou ao arresto de aeronaves e ao cancelamento de voos. Entao ficamos assim: eu ofereco R$ 1,010 bilhao por uma empresa, nao apresento nenhuma garantia, me candidato a financiamento oficial e exijo prazo de pagamento de 20 anos. Se voce indagar a origem de meus recursos ou se tenho garantias a apresentar, vou 'a Justica processa-lo."

terça-feira, junho 13, 2006

Uma civilização (algo) superior

Esqueçam Maradona, finjam que Evita nunca existiu, convençam-se de que Carlos Gardel não começou a cantar melhor depois de morto. No mínimo, um país onde o garrafão de água tem alça (alça!) não pode ser considerado um lugar totalmente entregue à barbárie. Ou os brasileiros são burros demais para descobrir algo tão prático, ou são escravistas enrustidos que acham chiquérrimo receber a visita do menininho carregando um garrafão como um pigmeu de safári de historinha.

Porém, como no Passport, o que importa é o conteúdo, e nesse o Brasil é campeão garantido: a água mineral da Argentina é salgada. Essa é a impressão unânime de quem esteve lá e tentou escapar das gaseosas (caras) e dos vinhos (mesmo os baratinhos são excelentes, mas não servem para matar a sede a qualquer hora). Experimentei várias marcas e, em diferentes intensidades, sempre senti aquele gostinho meio salgado -- em flagrante contraste com a comida, que é feita quase sem sal. Vai entender.

O problema deve ser bem sério. Numa placa enorme na movimentada esquina de Santa Fé com Callao a água de marca XYZ anuncia sua grande vantagem: baixo teor de sódio. Em Campos do Jordão, Paraíba do Sul ou Caxambu ninguém nem sabe o que é sódio. Que felicidade foi beber a maravilhosa água mineral brasileira no vôo de volta.

Vai ver que, no fundo, apesar do desprezo dos degustadores brasileiros, a água argentina é muito boa. Nesse caso, mutatis mutandis, serve para o produto alviceleste a avaliação de certas águas do parque de São Lourenço: podem ter milhões de propriedades medicinais, mas ainda assim têm gosto de cano enferrujado. Posted by Picasa

Para não dizer que não lembrei dos hermanos...

Busto de William Shakespeare no Parque de Palermo, Buenos Aires. Obviamente os argentinos odeiam os britânicos. Posted by Picasa

Leis que gostaríamos de ver

É proibido avaliar a popularidade de um indivíduo, grupo ou conceito baseando-se na quantidade de comunidades no Orkut a ele dedicadas, ou na quantidade de usuários cadastrados nessas comunidades.

1 x 0

Issozinho?

segunda-feira, junho 05, 2006

Meus recados de mim para mim mesmo

Podem ir direto e reto ao post anterior.

terça-feira, maio 30, 2006

03 Maio, 2006

Caras durões estes, huh?

O soldado boliviano da esquerda nesta foto está bem confiante para alguém que está completamente sem pentes de munição, até mesmo no seu próprio fuzil...!

Fala sério...
posted by Leandro @ 3:18 PM

quarta-feira, maio 24, 2006

Sigue Sigue Sputnik de volta ao Brasil

[ja' sei, ja' sei, saiu sem acentos]

Enfim entre os paulistanos, depois de 17 anos de ausencia, um autentico
fossil dos anos 80. Esquecam desenhos antigos, videogames toscos, discos
do Balao Magico, pirulitos que vendiam na porta do colegio. Entre as
bandas de rock, so' mesmo o Sigue Sigue Sputnik nao tinha como existir
antes dos anos 80 nem teve existencia real depois da Decada Perdida.
Depois conto o resto...

terça-feira, maio 23, 2006

O Grande Número do Desaparecimento

Márcio Thomaz Bastos, Ministro da Justiça, confessou que teve um encontro secreto com Daniel Dantas, que o acusa, e a vários de seus companheiros de governo, de possuir contas em paraísos fiscais. Repita-se, a bem da clareza: Márcio Thomaz Bastos, Ministro da Justiça, confessou que teve um encontro secreto com Daniel Dantas, que o acusa, e a vários de seus companheiros de governo, de possuir contas em paraísos fiscais. Isso não é uma notícia: é uma bomba atômica. (mais...)

"Sou brasileiro, pobre e banguela... Mas o que importa é que sou feliz"

Aqui! Aqui! Aqui!

segunda-feira, maio 22, 2006

Depois dessas palavras (“choque social”, “convergência suprapartidária”, “trazer a imprensa”) e da conotação negativa que se atribui à Justiça – “inimiga da revolução”, só faltou dizer - , já dá para imaginar o que o hoje Ministro da Justiça (Ministro da própria!) queria dizer com “renovar todas as instituições”. (Aqui...)

Para não dizer que não falei de vinho

Aqui.

domingo, maio 21, 2006

Saio do Orkut. Não entro para a História

Estes são meus primeiros momentos sem Orkut nos últimos dois anos. Enviei um recadinho aos contatos e encerrei a conta. Não faço mais parte do banco de dados de usuários do Orkut. Assim. Sem maior cerimônia.

Os contatos que já me conheciam no "mundo real" saberão como me encontrar fora do Orkut. Dos outros, que só eram "contatos" no sentido estrito que o site de relacionamento atribui ao termo, só quero distância.

Agora que tirei esse peso das costas, estou mais livre para falar mal do Orkut. Não é o caso. Primeiro, nunca tive problemas com o Orkut. Segundo, diferentemente da crença dominante, nem todos os fardos pesados são absolutamente desvantajosos. Só depende do que se carrega, de onde se vem e para onde se vai. Qual é o rumo do Orkut? Alguém sabe?

O site, na teoria, é uma beleza. Mantidos seu mecanismo e seu espírito, poderia ter se tornado um megassucesso internacional. Virou um fenômeno quase exclusivamente brasileiro porque os "internacionais" não agüentam mais o que o site se tornou em pouco mais de dois anos. O grande negócio é fingir que conhece um monte de pessoas cujos "amigos" não passam de umas letrinhas na tela. Estão todos maciçamente reunidos em torno do afastamento mútuo.

*****

É até difícil acreditar quanta gente no Orkut está "se dando bem" -- sim, nesse sentido mesmo que você imaginou. Relacionamento íntimo é uma arte que vem do tempo das cavernas. Nesse negócio mente-se muito desde sempre: separar a verdade da mentira faz parte do jogo. Pelo menos sempre houve na enganação um método fácil de observar. O pobre se fazia de rico, o picareta fingia honestidade, o feio aumentava sua belezura. Nem essas velhas tradições passam incólumes no Brasil.

Na medida em que o Orkut criou novos meios para que pessoas façam contato com pessoas (ou "pessoas" feitas de bits e bytes que só existem na fantasia de seus criadores), virou o paraíso da exposição mútua das esquisitices. Quanto mais você for louco, feio e vândalo, maior o seu sucesso social.

Os criadores do Orkut achavam que a comunidade regularia a si mesma através da rede de vínculos sociais. Só esqueceram de combinar isso com a "elite branca" (royalties a Cláudio Burns Lembo) que acessa a internet no Brasil. Resultado: prostituição, tráfico de drogas, pornografia infantil, apologia a ideologias criminosas. Os honestos ficaram quietos ou saíram de cena, deixando livre o caminho para a classe bandida da rede. Deve ser o conceito brasileiro de "liberdade de expressão".

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Os homens da lei brasileiros não estão gostando nada disso. Querem que a poderosa/odiável Google Inc., dona do Orkut, abra o baú das informações sobre os orkuteiros que têm violado a legislação nacional. O escritório da Google no Brasil começou dizendo que nada tinha a ver com o site, que é hospedado nos Estados Unidos, e que a representação brasileira só serve para negócios. Declaração cem por cento correta, mas ainda assim uma linda contribuição aos anti-Google.

Num contra-ataque estrepitoso, segundo o Info Online de 18 de maio, "o Ministério Público poderá ainda pedir a 'desconstituição da pessoa jurídica' do Google no Brasil caso a empresa 'continue ignorando a ordem de abrir o sigilo de seus usuários'. A medida, na prática, obrigaria a divisão brasileira da empresa a deixar o país."

Qualquer atitude será completamente inútil. Se a Google sair do Brasil, os usuários continuarão acessando os servidores do Orkut lá na Califórnia. A não ser que, à moda chinesa, uma barreira virtual de censura impeça o Brasil de ter acesso ao Orkut, o que está longe dos planos do MP.

Imagino que, para evitar maiores problemas, a Google americana deva entregar os dados exigidos. Que o faça já para que as autoridades brasileiras se convençam logo de que não há o que se possa rastrear a sério. Nada é mais fácil do que criar no Orkut perfis falsos com dados inverificados e inverificáveis. Se quem busca o Orkut para arrumar parceiros(as) de intimidades sabe disso, os criminosos sabem mais ainda.

Pelo menos a bronca do MP tem uma base incontestável: o Orkut não tem feito tudo o que pode para criar e manter um ambiente limpo.

Há algumas semanas o Orkut incluiu por padrão nas páginas iniciais dos usuários uma lista de visitantes recentes. Foi o suficiente para deixar em pânico muitos orkutianos subitamente expostos pela xeretice alheia. Preocupam-se por bobagem. Todo mundo pode entrar no perfil de todo mundo por qualquer motivo ou por motivo nenhum.

Pelo menos esse recurso pode ser desativado conforme a preferência do usuário. Enquanto isso, tem feito falta desde os primórdios do Orkut um elemento que deveria ser mostrado obrigatoriamente, com o maior destaque possível, em cada uma das páginas iniciais: o nome de quem indicou aquele usuário. Acompanhem meu raciocínio:

1) Ninguém cai de pára-quedas no Orkut. Todo usuário, com perfil verdadeiro ou falso, só entrou porque foi convidado por alguém e tinha um endereço email válido para receber o convite. Nazistas, pedófilos e traficantes só entraram no Orkut (e convidaram para o Orkut seus próprios amigos picaretas) porque algum dia alguém traiu a confiança de gente honesta.

2) Todos querem aparecer. Pelo menos até o ponto em que interessa, a melancia no pescoço é adereço obrigatório. Farão todos os "amigos" que encontrarem pela frente e entrarão nas comunidades mais absurdas possíveis -- quantidade, não qualidade -- enquanto acreditarem que seus podres não serão contestados.

Resumindo: com a revelação do "Q.I." do usuário, antes mesmo de quaisquer ordens judiciais, todos os orkutianos teriam a resposta clara e antecipada da pergunta tão necessária: "Quem deixou o nazista entrar?"

sábado, maio 20, 2006

Fala, Nariz Gelado

Quando alguém do PFL começa a usar o termo "burguesia" em seu aspecto mais pejorativo e marxista, concluo que está tudo dominado. Quando avança o sinal preconceituosamente, para dizer que esta burguesia é "branca e má" me bate a certeza de que o Estado que ele governa está às portas do Apocalipse. (mais...)

Dantas fez, entregou e continua operando (Veja, edição de 24 de maio)

Aqui.

CPI: Caí nesse conto do vigário

Não critiquei a extensão do período de trabalhos das CPIs. Deveria ter feito. Há um motivo para os eles terminarem em 120 dias. Trabalhei para o bem do PT, para o bem de Lula, e só me dei conta há dois minutos atrás. Faço parte da quadrilha. Too late now, no turning back. Preciso ser punido. Sejam clementes. (mais...)

E continua o baile

Essa entrevista do tal Cláudio Lembo não poderia ser mais reveladora. Um exemplo clássico dessa retórica socialista que vem destruindo países pelo mundo todo.

Quando eu lí Atlas Shrugged achei que aquela história de "greve dos produtivos" era meio maluca. Mas conforme o tempo foi passando a idéia foi fazendo mais e mais sentido. (mais...)

terça-feira, maio 16, 2006

Os números da encrenca, segundo Josias de Souza

São Paulo viveu uma guerra. Morreram 128 brasileiros, entre bandidos, policiais e civis. Eis os números da encrenca:

- Ataques: 251 ataques (80 a ônibus);

- Suspeitos mortos: 71, (19 na madrugada desta terça);

- PMs mortos: 23;

- Policiais civis mortos: 6;

- Guardas municipais mortos: 3;

- Agentes penitenciários mortos: 8;

- Civis mortos: 4;

- Presos assassinados em rebeliões: 13;

- Feridos: 22 PMs, 6 policiais civis, 8 guardas municipais, 1 agente

penitenciário, 16 civis;

- Suspeitos presos: 115;

- Armas apreendidas: 113. (mais...)

Com a palavra, Janer Cristaldo

Que se pode esperar de um país que teve recentemente como ministro um terrorista treinado em Cuba e hoje tem como ministra uma assaltante de bancos? Que se espera para entregar um ministério a Marcola? Este pelo menos não brinca em serviço. (mais...)

Basta! Basta! Basta!

Os melhores métodos usados pela guerrilha urbana na guerra de nervos são os seguintes: (mais...)

Guerrilha no Paraguai (sim, você não leu errado)

Isso já acontece faz tempo. A imprensa brasileira, mais falsificada que certos uísques "escoceses", geralmente não costuma ligar a mínima ao que aflige o Paraguai. E neste caso específico, entre uma análise honesta e o silêncio obsequioso, prefere o que dá menos trabalho e menos aporrinhações políticas. Tudo isso justamente na fronteira da... Confiram o mapa.

Paraguay sospecha colombianos participaron en ataque a comisaría

Basta já! (VIII)

Ao matar cruelmente agentes de segurança de vários níveis, o crime organizado de São Paulo diz ao que veio: a meta é atingir o já cambaleante Estado brasileiro. E enfraquecê-lo ainda mais. E pisoteá-lo. E a partir daí ter o poder do raio e do trovão que algumas máfias já tiveram em tempos passados. Neste sentido, não há qualquer diferença na prática aos atos praticados por grupos terroristas como as Farc e o Sendero Luminoso. (mais...)

Basta já! (VII)

As percepções sobre a violência perderam há muito o bonde da realidade. Só o descolamento pode explicar o eterno retorno da falsa oposição entre repressão e educação. E só o descolamento pode explicar o duelo entre as duas principais forças políticas nacionais em meio às ruínas e à beira do abismo, como se não houvesse gravidade.

O crime tem seus chefes. O Estado não tem líderes. Apertem os cintos. (mais...)

Descaradamente copiado e colado do Radamanto


maio 15, 2006

CONVOCAÇÃO DA SELEÇÃO DECEPCIONA PAULISTAS

chaos.JPGAinda agora no Último Segundo
Posted by Radamanto at 06:05 PM

| Comments (2)

Basta já! (VII)

Quem quer que trate esses casos aí em SP (o que vale também para a situação das favelas cariocas) como uma mera questão de "Segurança Pública" é um filho da puta conivente com o Terrorismo e com a destruição do que resta do país. Sempre que alguém associar isso à "falta de Segurança Pública", pense comigo: "Ou esse indivíduo é um fracote ou ele é cúmplice".

Assim que começarem a aparecer termos como "toque de recolher", "Estado de Emergência", "Estado de Sítio", "guerra civil", "medidas de exceção", etc, só a partir desse momento as coisas podem iniciar uma melhora. (mais...)

Basta já! (VI)

Agora, com a onda dos atos de terror patrocinados por organizações criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital) – com um saldo de (até agora) 55 mortos – fica claro uma coisa: O Brasil acabou!! (mais...)

Basta já! (V)

Seriam cinco horas da tarde, eu voltava de um almoço tardio. No restaurante, o garçom me avisa que fora decretado toque de recolher na Avenida Paulista. Exagero de jornalista, pensei com meus botões. Ao pagar, o garçom me avisou que o toque de recolher fora estendido a meu bairro, Higienópolis. Bom, aí já era mais grave. Na Angélica, algo estranho na rua. Tráfego nervoso, pessoas com ar de quem vai, não com ar de quem vem. Na altura da praça Buenos Aires, tropeço com duas amigas. "Que estás fazendo aqui? É hora de estar em casa." Assustadas, elas corriam para seus apartamentos. Me alertaram que estávamos sob toque de recolher e mais: que o toque de recolher fora decretado pela bandidagem. "Palhaçada" - resmunguei, e continuei meu caminho despreocupadamente. (mais...)

Basta já! (IV)

As facções criminosas que cometeram uma série de atentados no estado de São Paulo no último final de semana precisam tomar alguns cuidados. Enquanto suas vítimas forem simples policiais, bombeiros, investigadores ou pessoas comuns, não há nenhum problema. Tudo seguirá rigorosamente como se encontra: o policiamento preventivo continuará insuficiente; a vigilância das fronteiras continuará porosa, permitindo o contrabando de armamento pesado; os inquéritos policiais continuarão sem esclarecimento ou se arrastando por anos; e as ações penais continuarão sendo alvo de infindáveis recursos até beneficiar os criminosos com a prescrição. (mais...)

Basta já! (III)

Segundo o presidente eleito, pobre rouba, mata e comete atrocidades. Precisamos urgentemente de um programa governamental que coloque os pobres no rumo correto já que existe uma legião deles excluída dessa vida de bandidagem e, portanto, impedidos de seguir o que determina a sua natureza.

Uma curiosidade: qual será a renda a partir da qual um criminoso frio e covarde se tonará um cidadão de bem e respeitador das leis? Alguém sabe? (mais...)

Deu no E-Agora:

Filho de pai boliviano e mãe brasileira, paulista de Osasco, Marcos Willians Herbas Camacho tem o primeiro grau completo, concluído na prisão, e se gaba de ter lido dezenas de bons livros. Seu rosto parece familiar: lembra o do escritor Fernando Sabino. Com 38 anos de idade, mais da metade passados na cadeia, Marcos foi casado com uma advogada, assassinada em 2002 por encomenda de um rival. No submundo, ele é o Marcola, o 'intelectual do crime', o chefão do PCC. Josias de Souza, em seu blog, traça um interessante perfil do bandido letrado que tocou o horror em São Paulo.

'Intelectual do crime' comanda a desordem em SP

Blog do Josias

Após um dia tenso de trabalho nos bloqueios da principais vias da cidade, o cabo da PM voltava para casa uniformizado, sozinho, como um "alvo ambulante". Num comportamento anormal para policiais em transporte público, ele mantinha a arma em punho dentro do trem, em pé, no canto do último vagão.

O policial vinha da estação Sé com destino ao interior, onde mora com a mulher e dois filhos. Segundo o PM, sem o uniforme ele precisar pagar a passagem de volta para casa.[...] Se derem condições para a gente trabalhar e nos permitir ´soltar a mão´, não precisaremos da ajuda de ninguém", disse o soldado.


"Direitos humanos"? Só para humanos. (mais...)

Basta já! (II)

Era o caso de chamar essa senhora para dizer quais políticos estão se beneficiando do dinheiro do crime organizado, não? (mais...)

Basta já! (I)

Só mesmo um "estudioso da violência" é capaz de repetir dez mil vezes os mesmos surrados chavões marxistóides (a esta altura do campeonato!) e ainda conseguir manter um ar de superioridade intelectual. É uma façanha e tanto. (mais...)

Impávido colosso

Um estudante universitário, sujeito aos complexos da classe média, conversava com um (preciso dizer humilde?) pipoqueiro. O estudante reclamava que acordara cedo para o estágio, como se partilhasse um sofrimento em comum com o operário do milho. E resmungou até ouvir uma resposta seca: "Que que tem? Não quer ganhar dinheiro?"

Para os bem pensantes, se você trabalha em qualquer coisa, é automaticamente um ser especialíssimo, um gigante (ao mesmo tempo, um coitadinho). Entenda isso. (mais...)

sexta-feira, maio 12, 2006

Quando a Assespro mergulha no poço da saudade

"Há pessoas que sentam e esperam o passado chegar." (César Miranda em http://protensao.wunderblogs.com)

Toda a indústria nacional gosta de pintar em tons de cor-de-rosa o quadro de seu passado glorioso, apresentar-se como vítima inocente de um presente cruel e contar com novas "políticas públicas" que defendam seus interesses daqui para o futuro.

No mundo da informática brasileira ocorre exatamente o mesmo, mas pelo menos no caso da Assespro (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet) não há por que suspeitar de uma conspiração da entidade de classe para iludir o público e influenciar decisões governamentais com base em premissas erradas e distorções históricas.

Eis o que se lê no documento "A Política Industrial para o Setor de Software: Propostas da Assespro", aprovado pela diretoria da associação em 12 de março de 2004:

Em 1992 iniciou-se o declínio da maior empresa nacional de software à época, a carioca Convergente. A principal razão foi que, com a chegada do Windows, a Caixa Econômica Federal, um dos maiores usuários do Carta Certa, optou por descontinuar o seu uso e substitui-lo pelo Word 2. O orçamento à época remontava a cerca de meio milhão de dólares. A Convergente tentou de todas as formas sensibilizar a Caixa para que apoiasse a sua versão Windows, que ficaria pronta em no máximo 4 meses, em troca de um aporte financeiro de menor monta. A Convergente fez o seu papel e lançou o Carta Certa for Windows, a Caixa não. O resultado: a Caixa não tem mais Word 2.0 e o Brasil não tem mais a Convergente.

A mensagem tem destinatários certos: os guardiães da chave dos cofres públicos, que não necessariamente entendem de informática e, quando entendem, muitas vezes dão uma de Silvinho Pereira e se esquecem do que era usar computador no Brasil naqueles tempos. Mas os membros da Assespro se lembram tanto que têm boas histórias para contar aos "gestores de políticas públicas".

Se aceitam minha sugestão, poderiam relatar que o Carta Certa foi produto da reserva de mercado, o produto da ditadura mais querido da esquerda militante. Seus dias de glória foram aqueles das máquinas de terceira a preço de primeira, pois as importações eram proibidas e o capital estrangeiro era o diabo que não podia manchar as fábricas locais de computadores. Da mesma forma, estavam fechadas as fronteiras para o software internacional: o Carta Certa não tinha muitos concorrentes no mercado legal de processadores de textos. O WordStar era campeão de popularidade da época, mas a bordo da pirataria deslavada. WordPerfect e Microsoft Word, em suas versões pré-Windows, não chegaram a ser amplamente usados.

Ainda assim, era um mercado bem mais dividido que o de hoje. Ninguém arriscava um palpite sobre qual seria o processador de textos dominante dos anos seguintes. Poucos apostavam que o Microsoft Word para Windows fosse tomar conta do mercado. Na verdade, poucos podiam sequer apostar no Windows, que ainda rodava mal e exigia no mínimo um micro 386 -- classe de computadores ainda rara e cara no mercado não-muambeiro. Fazer programas para as carroças made in Brazil, nivelando por baixo, era realismo patriótico.

Assim fez a Convergente. Não tinha um Carta Certa para Windows porque não achava que fosse necessário: a maioria das máquinas só usava DOS, aquela matriz de letrinhas (geralmente verdes) sobre fundo preto. A Caixa tinha muitos computadores incapazes de rodar Windows, mas que suportavam o Carta Certa. A Convergente faturava com as licenças de uso. Pensava que os usuários corporativos se manteriam contentes com aquilo por tempo indeterminado, mantidos os 386 como brinquedinhos pequeno-burgueses, e as licenças de uso continuassem entrando sem grande esforço.

Mas em 1992 muita coisa mudou. A reserva de mercado caiu, reduzindo os preços dos computadores. A abertura aos importados já era realidade. A Microsoft lançou a versão 3.1 do Windows, um aperfeiçoamento substancial no ambiente gráfico (não que pareça grandes coisas aos olhos do usuário de hoje, mas foi). Até a Eco-92 ajudou, consolidando a Internet no Brasil. A Caixa teve a oportunidade inédita de se reequipar informaticamente, comprando máquinas a preços mais justos. Se assim não fosse, continuaria no DOS e no Carta Certa. Quem mandou migrar para o Windows? Mesmo sobre um Windows que funcionava relativamente mal, o MS-Word era um excelente motivo para adotar as janelinhas, mesmo que ninguém ainda tivesse idéia de que aquele processador de textos viria a dominar o mercado.

O outro erro de avaliação da Convergente foi contar com a boa vontade de um único comprador. Notem que, num mercado indefinido, o processador de textos brasileiros tinha vantagens nada desprezíveis: era feito em língua portuguesa, era um nome famoso, tinha muitos usuários (que geravam incontáveis documentos compatíveis com ele), rodava tanto nas máquinas antigas quanto nas mais recentes. Mesmo o Carta Certa para Windows, quando saiu, era notável por ocupar pouco espaço em disco num tempo em que o armazenamento não saía barato. Por que, então, foi sendo gradualmente deixado de lado não só pela Caixa, mas por incontáveis organizações e pessoas físicas?

Em momento algum o documento da Assespro discute o que realmente interessa em toda a questão: se a decisão da Caixa em adotar o Word, pesando prós e contras, foi vantajosa. Como verificá-lo, se é que é possível? Estamos falando de setor público, confortavelmente imune ao cálculo econômico.

Por isso tudo, não há conspiração nenhuma. Haveria se tivessem consciência da engabelação que praticam. Pelo contrário: os arautos da grandeza pontogov iludem uns aos outros com tanto ímpeto que acabam acreditando mesmo no que dizem.

terça-feira, maio 09, 2006

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La Rabia y el Orgullo


Con La rabia y el orgullo, Oriana Fallaci rompe un silencio que ha durado diez años. Lo rompe inspirándose en el apocalipsis que la mañana del 11 de septiembre de 2001, no lejos de su casa de Manhattan, desintegró las dos torres de Nueva York y redujo a cenizas a miles de personas.
Enriquecido con un dramático prefacio donde cuenta cómo nació este texto y explica por qué el terrorismo islámico no se concluye con la derrota de los Talibanes en Afganistán, Oriana Fallaci describe la realidad global de la Guerra Santa. Además, tomándonos por sorpresa, habla de sí misma: de su trabajo, de su hermético aislamiento, de sus rigurosas a intransigentes posiciones.
Insertando a menudo recuerdos personales y episodios aclaratorios de su vida, nos habla de los temas relacionados con el 11 de septiembre de 2001: Norteamérica, Europa, Italia, el Islam, nosotros. Con su famoso coraje, lanza durísimas acusaciones y arroja furiosas invectivas. Con su brutal sinceridad, expone penetrantes ideas y pasiones, incómodas verdades y reflexiones que había reprimido durante estos años de obstinado silencio.
Este "pequeño libro", como lo califica Oriana Fallaci en su prefacio, es en realidad un gran libro. Un libro precioso, un libro que sacude las conciencias, más bien las trastorna. Pero es también el relato de un alma: la suya.

La Fuerza de la Razón

"Esta vez no apelo a la rabia, al orgullo, a la pasión. Apelo a la razón. Y junto a Mastro Cecco, que de nuevo sube a la hoguera encendida por la irracionalidad, te digo: es necesario reencontrar la fuerza de la razón." Oriana Fallaci
En este, el último libro escrito por la famosa autora, como ella misma lo dice, apela a la razón y no a la rabia y al orgullo, para hacernos reflexionar sobre el mundo de intransigencia y locura que nos toca vivir. A través del relato de lo sucedido en el 1328, al escritor Mastro Cecco, quemado por la Inquisición por sus ideas, muestra que los extremismos son lo más nocivo para la humanidad. Otra alerta a nuestras conciencias de la mano de la pluma de una escritora valiente y sabia.

Oriana Fallaci se Entrevista a Si Misma - El Apocalipsis

Autoentrevista de una mujer que tiene el coraje de escribir la verdad sobre los demás y sobre sí misma.
Temas: el cáncer moral que devora Occidente y el físico que la devora a ella. El antioccidentalismo, el filoislamismo, el paralelismo entre la Europa de 1938 y la Eurabia de hoy, el nuevo nazifascismo que avanza vestido de nazi-islamismo.
Sus lectores; sus recuerdos, que comienzan con el de Hitler y Mussolini vistos cuando era niña durante una visita a Florencia. Y también su pasión política, su sentido del humor, la Muerte "de la que habla sin desazón y sin miedo".
En esta nueva edición, además de numerosos añadidos (sorprendente y convincente el de Bin Laden en Beirut), ha escrito un extraordinario Pos-Scriptum: El Apocalipsis.
Prácticamente un nuevo libro (más de cien páginas) con las que, remitiéndose al Apocalipsis del evangelista Juan y siempre entrevistándose a sí misma, completa y concluye su obra con su habitual coraje.

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