terça-feira, setembro 30, 2008

Nelson Vasconcelos: new mail has been received!

Prezado Nelson:

Em sua coluna Conexão Global no Globo (de papel, para que ninguém me acuse de ter faltado com o apoio) de hoje, você faz sua breve resenha de The cult of the amateur, o livro de Andrew Keen. Tantas e tantas vezes me referi a esse livro em meu blog -- nem sempre com elogios, mas sempre com base no que o próprio Andrew Keen escreveu. Eu tenho o livro. Se quiser, eu posso emprestá-lo em qualquer hora. É só pedir. Sério. Não mordo.

Impressionado com o subtítulo da edição britânica de The cult of the amateur (assim traduzido: "Como blogs, MySpace, YouTube e o resto da atual mídia gerada pelo usuário estão destruindo nossa economia, nossa cultura e nossos valores"), você conclui que Andrew Keen é "radical, mais conservador que W. Bush". Isso é que é julgar um livro pela capa! :-) Não sei se Keen aceitaria o rótulo, mas ele está mais para elitista da esquerda californiana. Está longe de ser o único. Mas Keen é independente como deve ser: sempre se sentiu livre para criticar a esquerda e a direita, tanto na crítica ao conteúdo interneteiro quanto em outros assuntos.

De qualquer forma, numa comparação mais ampla, o suposto conservadorismo de Keen parece totalmente discrepante dos verdadeiros conservadores políticos, que têm abraçado a blogosfera com uma animação -- por que não dizer? -- revolucionária. Confira Blog, do chatíssimo mas bem-sucedido blogueiro Hugh Hewitt. Religioso, Hewitt só falta considerar a emergência dos blogs um Advento. Nada muito diferente de declarações como a que se lê na coluna de hoje: "não cabe mais protestar, e sim nadar rapidinho e sem fazer marola".

Antes que isso tudo fique parecendo uma briguinha política americana, é bom que se lembre que o tema de The cult of the amateur é de extrema urgência para o presente e o futuro da mídia brasileira. Se falasse do Brasil, Keen encheria um segundo volume só com nossa devoção (dos marqueteiros ditos antenados, dos jornalistas "da velha guarda" e da Crime S.A.) à grande besteira que é o orkut. Podemos concordar ou discordar com o livro, mas quem no Brasil diz o que pensa, e não o que as patotas querem ouvir? Em Portugal já existe uma tradução. Por aqui, só quando inventarem a cura da frouxidão para editores. O jeito é comprar o livro, por mais que isso seja duplamente desaconselhado: por Nelson Vasconcelos, explicitamente, e pelo próprio Andrew Keen, que despreza as lojas virtuais.

Um grande abraço,
Paulo.

P.S.: Blog já foi publicado no Brasil faz tempo. Quer que eu inclua no malote do Cult?

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