Dinheiro x UOL: Tanto barulho por tão pouco
A revista IstoÉ Dinheiro, na reportagem de capa da edição 337, mostra que o UOL está indo para o brejo. Nada que não fosse sabido e propagandeado desde o estouro da bolha pontocom. O UOL chegou antes; ocupar seu lugar na Internet e na História se tornou uma espécie de destino manifesto a orientar os planos da concorrência. E com a ajuda involuntária do próprio UOL, o trabalho parece cada vez mais fácil.
Como de costume, o brasileiro acha o máximo nutrir certos modismos internacionais, ainda que fora de época e fora de qualquer contexto razoável. A corrosão da política de portais, altamente previsível com o fim do dinheiro fácil, foi uma ficha que custou a cair por estas bandas. Continuamos, em Internet, pensando tudo em termos de associação a grandes portais. Isso fazia sentido quando os pequenos sites podiam lucrar sob as asas acolhedoras dos grandes e bons de marketing, enquanto os grandes tinham a esperança de lucrar na Nasdaq com suas grifes. Esqueçam o que argumentavam (em milhões de páginas que, hoje, fazem a alegria das cooperativas de reciclagem) os teóricos da tal gloriosa Nova Economia: megaportal nunca foi destinado a tirar lucros de sua audiência, mas de seus papéis na bolsa.
Sumiu o dinheiro, sumiu a razão de ser. O UOL, como os outros portais, tem a sólida esperança de reencontrar ambos. Mas o futuro aponta inexoravelmente para grandes sites, não para portais genéricos. Achar que será diferente é como imaginar um eBay como "site de leilões oficial do portal XYZ" ou uma Amazon como "loja virtual oficial do portal ASDFG". Por muito menos o Mercado Livre ganhou luz própria e a Abril, antiga jóia da coroa do UOL, retirou seu conteúdo do portal. Curiosamente, a própria IstoÉ Dinheiro que relata a má sorte do UOL está disponível online, por inteiro e gratuitamente para qualquer internauta do mundo, sob o portal Terra. Desde que o usuário esteja em São Paulo, pagando os pulsos excedentes da Telefônica ou acessando pelo taxímetro do Speedy, que diferença faz se ele consumir tempo ou megabytes no IRC, no Kazaa, em vídeos "proibidos" ou numa rádio de Cingapura? É melhor que seja no portal "da casa", mas produzir conteúdo para portal virou uma brincadeira muito cara para um resultado tão discreto (para dizer o mínimo).
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