terça-feira, julho 03, 2007

Revista Games bate à porta: um momento de júbilo


Vinte e três anos depois de conhecer a Games, finalmente a recebo em casa. Não é pouca coisa.

Em 1984 eu tinha 12 anos e descobri a Games na Livraria Visão do Center V. O Center V era uma decaída galeria em Icaraí, a Livraria Visão era uma minúscula revistaria "especializada". Quer dizer, cada uma das duzentas revistas importadas era especializada em alguma coisa. O que salvava a loja do geekismo total eram os adesivos coloridinhos para meninas.

Numa primeira olhada, pensei que era mais uma esquecível revista de videogames (cobertura de Atari 2600 e similares ainda tinha que subir muitos degraus de antiguidade para ser considerada "inesquecível"). Não era. Em compensação, descobri que existiam enigmas e quebra-cabeças não-caretas. E gente que tratava jogos de tabuleiro com rigor quase científico. Amor à primeira vista.

Ainda assim, não a comprei, pois estava alguns milhares de cruzeiros acima da minha mesada. Acabei deixando a Games para lá. Mas em dezembro daquele ano, por acaso de volta à Livraria Visão, lá estava a Games de novembro, atrasadíssima (a revista sempre saiu bem antes do mês de capa) mas ainda interessante, esperando que eu tomasse uma atitude cívica. E lá fui.

Numa avaliação não muito rigorosa, eu entendia pouquíssimo do texto. Foi um choque lingüístico: se, naquelas circunstâncias, era para eu aprender inglês para alguma coisa útil além de ganhar o diploma, eis um excelente motivo. Até hoje colho os frutos daquele investimento.

Pela maior parte de 1985, sempre que possível, eu comprava a Games, que era praticamente impossível de se achar em qualquer outra loja; em compensação, parecia que a Livraria Visão deixava a revista do mês só me esperando, pois ninguém mais se interessava. Quando descobriram que a demanda era minúscula, a Games desapareceu do Brasil. Só fui reencontrá-la em 1996 em aparições muito ocasionais na Sodiler. Quase já era tarde demais para a saúde da revista, que tinha fechado em 1990 e passado de mão em mão nos anos seguintes.

Este ano decidi fazer a assinatura, algo que, é claro, teria sido impossível nos anos 80. Hoje chegou o primeiro exemplar. Sejamos realistas: a revista decaiu. Mas continua batendo um bolão. Dizem que é inadaptável à era da internet. Digo eu: melhor assim.

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