terça-feira, julho 22, 2003

Mito: Adolescentes, como quaisquer usuários novatos, não aprenderam como se acentua.

Verdade: Explicando melhor: se alguém ensinou, não quis aprender. Se aprendeu, achou irrelevante. Afinal, adolescente está sempre certo, não é? :-)

segunda-feira, julho 21, 2003

Mais sobre o desastre ortográfico na rede

Mito: Adolescentes só escrevem daquele jeito porque estão no ambiente informal do mundo conectado

Verdade: Ou uma variação ainda mais canalha: "adolescente escreve daquele jeito porque não está valendo nota." Em qualquer vestibular surge uma montanha de redações absurdas como prova (no sentido mais amplo do termo) de que, na prática, a teoria é outra. De qualquer forma, não há o conceito de se escrever direitinho (nem é "escrever bem") como meio de se fazer entender pelo maior número de pessoas, mas como ferramenta para se conseguir um diploma lá na frente! O bacharelismo continua em alta.

quarta-feira, julho 16, 2003

Mito: Adolescentes abreviam para ganhar tempo na digitação.

Verdade: Digitação é técnica. Quem sabe digitar mesmo é capaz de escrever qualquer coisa por extenso, rapidamente, com naturalidade e sem esforço. Só que o aprendizado requer investimento de tempo, muita paciência, diligência e concentração -- quer dizer, conceitos estrangeiros para a maioria dos adolescentes. E depois acham que ser esperto e antenado é escrever "tb" em vez de "também"! O "povo popular", até o que nunca viu um computador na vida, chamaria isso de "relaxamento" mesmo.

Pow kra, pq adolescente escreve assim?

Quer dizer, não é só o adolescente, mas hoje o internauta típico faz tudo para se nivelar à molecada. Inclusive nesses escritos incompreensíveis que empesteiam os blogs e as salas de bate-papo. Pior, já anotei uma série de "argumentos" relativistas que dão sustentação a essa barbaridade linguística. Por exemplo...

Mito: Adolescentes imitam a escrita dos mais velhos, do tempo em que computador só acentuava precariamente (quando acentuava).

Verdade: É claro que computadores antigos tinham muitos problemas com acentos. Pior ainda quando se trata de computadores interconectados: era pouco provável que o sistema X lesse os caracteres acentuados gerados no sistema Y. Então fazia sentido nivelar por baixo e eliminar os acentos -- mas sempre a título precário, na falta de melhores recursos. Nada que justifique, hoje, com caracteres acentuados amplamente padronizados (suportados de forma consistente por todos os grandes sistemas operacionais), que os adolescentes deixem de acentuar por influência dos poucos usuários "daqueles tempos". A propósito, a questão dos acentos é apenas a ponta do iceberg. O que os adolescentes fazem é o extermínio total e geral de tudo que lembre ortografia.

segunda-feira, julho 14, 2003

Acesso grátis continua sendo o melhor negócio do Universo (não o On Line). Agora a Telefônica. Com as contas de telefone nas alturas, quem perderia a bocada?

Este cidadão foi a este blog e deixou o seguinte comentário:

OI, ALEXANDRE!
BLZ(1) TEU BLOG! AGORA PASSA LAH(2) NO MEU E NAUM(2)ESQUECE DE DEIXAR UM COMENTARIO!!!

(1)beleza no sentido platônico, onde, por apocopada, mostra-se reintegrada à sua essência: a idéia pela idéia.

(2)demonstração epigráfica de que a L.E.R. impede os digitadores de recorrer às teclas de acentuação.

(3)naum - o teatrólogo Naum Alves de Souza. No contexto, uma amostra da memória claudicante do dramaturgo: "Naum esquece de deixar um comentário".
Ou é isso ou ele não está a fim de dar declarações.

sábado, julho 12, 2003

Batendo o martelo

No Mercado Livre clientes e vendedores são duramente julgados uns pelos outros, de direito (através do sistema de pontuações) e de fato (com pontos ou sem eles, quem pisar na bola acabará entrando pelo cano), e todos prestam contas à implacável administração do site.

Mas quem julga o Mercado Livre? O líder supremo dos sites de leilões brasileiros atingiu o nirvana do mundo dos negócios: está tão acima dos mortais que nada os atinge, nenhum xingamento fere seus ouvidos, nenhuma pedrada os alcança. Quem usa sabe que...

O Mercado Livre é capaz de levar os usuários à justiça pela falta de pagamento, mas não consegue contratar largura de banda que baste para atender a todos decentemente;
Não tem como contratar nem um estagiário espinhento que chame a atenção para os furos de tradução das páginas (para quem ainda não percebeu: o Mercado Livre é essencialmente um site hispânico);
Não tem como responder as dúvidas e reclamações dos usuários por e-mail;
O telefone de contato até funciona, mas não aparece em lugar nenhum no site (dica para encontrá-lo: procure "mercadolivre.com.br" em Registro.br), exige interurbano para São Paulo ("Interurbano? Temos clientes fora da Grande São Paulo? Há vida inteligente fora de Sampa?") e põe o cliente em risco de ser jogado de um ramal para outro até conseguir ouvir uma voz humana;
Ávido em fazer seus clientes cadastrar seus cartões de crédito, o Mercado Livre não oferece um recurso sequer para o cliente substituir ou excluir o cartão cadastrado.

E não é só. Se você conhece mais falhas do Mercado Livre, envie um comentário.

Pelo menos no tempo da mal falada política de portais havia uma dúzia de sites de leilões diferentes, cada um com sua política interna, seus procedimentos específicos e seu público fiel. Cada site podia até contar com a cobertura "moral" de seu portal parceiro; porém, cada conglomerado ficava de olho nos movimentos dos outros e sabia que estava sendo vigiado por concorrentes de peso. Hoje o Mercado Livre absorveu quase todos os concorrentes e não está mais sob o guarda-chuva de nenhum portal: não precisa mais disso. E se abrigou numa associação com o eBay que não traz o menor fiapo de benefício para o usuário-reles-mortal brasileiro: quem é do Mercado Livre não consegue vender no eBay ou vice-versa. Bem que poderiam copiar a competência dos gringos, algo que está muito acima da percepção e dos compromissos da molecada. Encantados com a chuva de verdinhas, as autoridades do mercado Livre acharam que podiam comprar competência.

quinta-feira, julho 10, 2003

Patetice via rádio II, a missão

Ontem à noite, novamente, a rede do condomínio deu mole. Tive que apelar para o modem.

quarta-feira, julho 09, 2003

Nove de Julho

O ilustre leitor paulista ganha um doce se descobrir algum carioca que tenha idéia do que se comemora hoje.

Mais Tupi

A Rede Tupi, fundada por Assis Chateaubriand (ilustre personagem criado por Fernando Morais para seu principal romance), foi para o brejo quando eu tinha oito anos, mas ainda me lembro de muita coisa. O que só percebi com o tempo é como Silvio Santos juntou o que restou da Tupi. Todos os programas importantes que ainda existiam na Tupi (a decadência era brutal) foram aproveitados nas TVs do homem do Baú, em parte por questões contratuais (leiam a biografia do Silvio), em parte porque eram bons mesmo. Essa continuidade lançou a semente do SBT como o conhecemos: antigamente Silvio só tinha duas TVs e ele próprio era a atração dos domingos da Tupi. Mas continua difícil convencer alguém de que não só existia Clube do Mickey no tempo da Tupi, como o da Tupi era muitíssimo melhor -- o SBT, que favorecia desenhos e mais desenhos, destruiu a estrutura do programa.

Manchete morreu bem morta. Tupi também

Tá lá embaixo a declaração sobre os vinte anos da TV do Adolpho Bloch. Pelo menos dessa muita gente lembra. E da Rede Tupi, que fechou em 1980? Quem é "alguém" hoje nem se entendia por gente no tempo da Tupi; quem se lembra é imediatamente taxado de velho. Caí neste grupo. Para a garotada, não quer dizer coisa alguma, como se nunca tivesse existido. É assim que adolescente vê o mundo: o vazio antes de seu nascimento, coisa alguma muito longe de seu umbigo.

Patetice via rádio

Que terrível deve ser arranjar bons funcionários hoje em dia. Desde semana passada a conexão do condomínio tem estado em regime vaga-lume. Diz o suporte do provedor que é um problema de ajuste da antena (é um link via rádio). Hoje a conexão parou totalmente por horas: um prejuízo significativo que o provedor jamais assumirá. O suporte reafirma: "Estamos trabalhando para isso, mas ainda não temos uma solução viável para o problema."

Perfeito! Quando a conta chegar, não pagarei. Quando cobrarem, responderei: "Estamos trabalhando para isso, mas ainda não temos uma solução viável para o problema."

terça-feira, julho 08, 2003

O terremoto nas caixas postais: meus dois centavos

Ninguém agüenta mais o antispam do UOL. Antes mesmo de conferi-lo eu já não agüentava o macaquinho bonitinho que o UOL arranjou para "humanizar" sua publicidade, já que as tais "autoridades científicas" decretaram que há uma diferença minúscula entre o código genético dos chimpanzés e dos humanos. É verdade. E, relativamente aos resultados, a diferença entre os DNAs do homem e da minhoca é praticamente nula. No entanto, os editores de ciência de nossos jornais são fiéis ao espírito de seus leitores: acreditam em qualquer coisa, menos no que devem mesmo acreditar. Nunca vi um chimpanzé montar um provedor e usar um ser humano como garoto-propaganda.

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Na minha experiência, o antispam foi um fracasso total. Promete só deixar passar as mensagens de quem você conhece, conforme a lista de endereços cadastrados. Entrei em minha conta, ativei o serviço que põe em quarentena as mensagens de fora da lista de endereços e fui adicionar o endereço das listas de distribuição de minha preferência. Impossível. A mensagem de erro: "Atenção! Não foi possível efetuar esta operação.Sua lista de endereços autorizados chegou ao limite."

Na verdade, a lista de endereços autorizados estava vazia.

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O sistema de autorlizações, base do antispam do UOL, nem é novidade. Mas nunca tinha sido tão mal implementado em escala tão grande. Pelo que parece, todos os usuários iniciantes (pelo menos os que tiveram mais sorte do que eu com a lista de endereços) estão aproveitando o doce sabor da privacidade... a custa de um bombardeio de solicitações (em HTML!) de autorização (que deve ser feita num endereço da Web!) para o efetivo recebimento das mensagens legítimas.

Os administradores de caixas postais em outros provedores não estão exatamente lisonjeados. Tenho notado um certo prejuízo no tráfego de mensagens entre o UOL e o resto do mundo. Se não é por restrições propriamente administrativas, é certo que o fogo cruzado de autorizações não tem ajudado na fluidez do tráfego. Tem sido alto o preço a pagar pela exclusão de mensagens prometendo dinheiro fácil e ereções prolongadas.

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Há opinião contrária? Até que enfim a imprensa de informática está se libertando, lenta e gradualmente, da política de portais. Na euforia pontocom, os portais absorveram todos os noticiários online relevantes. E quase todos os portais arranjaram suas alianças com "antiquados" jornais, revistas, tevês e rádios. Um exemplo perfeito de aversão ao risco.

quarta-feira, julho 02, 2003

O fetiche de papel da Fapesp

Até que enfim, no país das unanimidades instantâneas, aparece nos meios especializados (mas especificamente, no Blue Bus) uma voz contra a burocracia do registro de domínios. Eis a nota:

Leitor de Blue Bus copiou a redaçao email que enviou a Fapesp. Tem o seguinte texto - "Venho fazer uma reclamacao formal sobre o metodo atual adotado pela Fapesp para cancelamento de dominios. Acho inconcebivel, ainda hoje, ter de mandar carta em papel e, mais ainda, ter de ir ao cartorio reconhecer firma, para poder cancelar ou transferir um dominio. Existem hoje inumeras maneiras eletronicas de se garantir seguranca e identificaçao de quem queira executar esse tipo de procedimento, desde confirmacao por email relacionado ao ID registrado na Fapesp, até assinatura eletronica".

Diz ainda - "Considero absurdo, hoje, eu fazer transaçoes bancarias pela Internet, cujas instituicoes sao as mais preocupadas com segurança de dados, e nao poder fazer eletronicamente um simples cancelamento de dominio, que nunca foi utilizado, tendo que enfrentar fila em um cartorio. Principalmente considerando que a Fapesp deveria ser um exemplo de inovaçao tecnologica, e nao o oposto a isso".

Mais INFOGAMES

Quem tinha curiosidade em saber como eu me pareço pode conferir o editorial da INFOGAMES 3, atualmente nas bancas...



No total, são quatro matérias assinadas por mim. E, em geral, a revista está imperdível.

E finalmente o Blogger se entendeu com o W.Bloggar...

R. I. P.

Custei, mas tenho que mencionar a morte de Walter Hugo Khouri. Dante considera a morte do "maior cineasta brasileiro". No meu humilde modo de vista à Klérebro, Walter fez pelo menos um filme chato, sumamente chato, extremamente chato. O daqui de baixo.

A vida brega de um web-surfista

Eu confesso: leio o Giba Um todo dia.

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