quinta-feira, dezembro 19, 2002

Antes de 2003 os posts novos s�o incertos e n�o sabidos. Portanto, deixo j� meus votos de Feliz Natal e Pr�spero Ano Novo aos 18 leitores (royalties ao Agamenon) deste blogzinho.

Tudo a Ver: o CDzinho, faixa por faixa



Dando seq��ncia ao coment�rio sobre o disco dos temas musicais hist�ricos da Globo, eis uma cr�tica do (irregular) repert�rio.

Esporte Espetacular - O antigo tema, aposentado por pura burrice, reabilitado a pedidos dos telespectadores. Com toda a raz�o. Mil vezes melhor que a soma de todos os seus pretensos substitutos. Uma, e n�o mais que uma, m�sica simboliza o programa das manh�s de domingo, o hor�rio mais paulista da TV. Eu, ficar vendo televis�o num domingo de sol? Tenho mais o que fazer.

Tema da Vit�ria - Dois temas que atendem pelo mesmo nome e costumam ser usados em contextos automobil�sticos similares. Aquele tema "do Ayrton Senna" seria mais mal falado, n�o fosse a quest�o religiosa da qual acabou fazendo parte. O outro � mais ou menos, mas parece melhor na TV do que no disco.

Globo Cor Especial - O programa mesmo, uma sess�o de desenhos ao meio-dia, n�o tinha nada de muito "especial": foi enterrado em 1983 pelo esquema de alternar desenhos animados com apresentadores desanimados (depois surgiram as lourinhas debil�ides) e chamar o produto de "programa infantil". Mas o tema sobreviveu na mem�ria do telespectador. Teve in�meras vers�es; o CD traz a primeira de todas, que pode parecer estranha ao p�blico de hoje, mas pelo menos vem com a letra completa.

Globinho - S� para matar a saudade do programa (n�o do tema); acho a vers�o do CD muito "anos 70".

Fant�stico - Tudo funciona. Uma letra que diz coisa com coisa, o que no s�culo 21 parece coisa do tempo dos dinossauros. Uma melodia t�o marcante que ainda � distingu�vel no trech�culo sobrevivente no programa atual. Interpreta��o primorosa, vozes afinadas. A primeir�ssima vers�o, � claro. Foi varrida para debaixo do tapete com as substitu��es peri�dicas de aberturas, sem que nada tivesse de errado. OK, � um saco passar anos e anos aturando a mesma abertura, mas esse foi um caso cl�ssico de jogar fora o beb� com a �gua do banho. Ainda assim, seguiram-se vers�es instrumentais muito boas; a de 1987, inclu�da no CD, nem � das minhas preferidas, mas foi o �ltimo suspiro de talento (visual ou musical) nas noites de domingo. A aposentadoria da letra, por�m, segue irrepar�vel. Vale metade do pre�o do disco.

Video Show - J� foi um tema de segunda categoria. Na vers�o atual, encurtada e irritantemente met�lica, virou tema de quinta. Pule os 17 segundos dessa faixa.

Doming�o do Faust�o - Fazendo justi�a � pr�pria chatice, o programa nunca teve uma abertura interessante. Ent�o, por que duas vers�es do tema no mesmo disco? A primeira, de 1989, � um registro arqueol�gico de quando o nome "Fausto Silva" ainda escandalizava algum telespectador fora do convento das carmelitas. N�o conseguiram escapar da edi��o delavada na tinturaria judici�ria (Roberta Close chamou os advogados e conseguiu que Sullivan & Massadas tirassem seu prenome do tema). A vers�o n�mero 2 � intrag�vel; sem o apoio visual, a� � que n�o faz qualquer sentido.

Os Trapalh�es - Quando foram pegar na �ltima prateleira do arquivo sonoro da Globo a fita original da primeira (e excelente) vers�o do tema de abertura, algum desastrado derrubou a escada e embaralharam-se todas as etiquetas das fitas. S� essa trapalhada explica a inclus�o no disco da �ltima (e pior) vers�o do tema. Se a Som Livre cochilou, esperamos que a pr�pria Globo tenha bom senso quando reprisar pela milion�sima vez os melhores momentos dos Trapalh�es "cl�ssicos" e reponha no ar o tema de abertura que tem que ser.

Plant�o de Pol�cia e TV Mulher - Duas faixas na mesma situa��o: valem para quem gostava dos programas e s� tinha os discos de vinil. Eu n�o acho grandes coisas.

Globo Rep�rter - Enfim em CD uma m�sica dif�cil de achar, hoje quase irreconhec�vel sob o arranjo d�bil da aporrinhola global. Uma pe�a simb�lica de sua �poca que surpreende ao resistir bem ao tempo, apesar de n�o atender a todos os gostos. Pelo menos no Globo Rep�rter sempre funcionou bem, at� que estragaram a receita.

Jornal Nacional - Outra inexistente em CD, MP3, vinil ou o que quer que fosse. Duas vers�es: notem a profund�ssima decad�ncia. Poderiam ter aproveitado e inclu�do algumas vers�es intermedi�rias, que tamb�m eram bem interessantes.

Jornal Eletr�nico - Todo mundo j� ouviu um trechinho em algum lugar. Agora com nome, sobrenome e faixa em compact disc para todo mundo conferir -- um registro merit�rio, mas a can��o completa � chat�ssima. S� n�o me pergunte o que foi o Jornal Eletr�nico.

Evie e Pombo-Correio - O beb� aqui n�o tem a menor id�ia do que essas duas m�sicas t�m a ver com o Jornal Hoje. Em todo caso, � um Johnny Mathis menos inspirado que de costume e um Moraes Moreira fazendo o papel de chato de sempre.

Xou da Xuxa (que a contracapa, escrita por algum estagi�rio de porre, chama de "Show da Xuxa" - definitivamente, adolescente n�o sabe mais o que � ter concentra��o) - A Rainha dos Baixinhos conseguiu proibir qualquer men��o �quela pornochanchada na qual ela seduzia o garotinho (eu vi, sim, e da�? N�o percam seu tempo: � t�o ruim que nem Vera Fischer nua o salva). E esta musiquinha chinfrim, ningu�m pro�be? Em sua primeira grava��o p�s-Manchete, Xuxa mostra por que est� longe de ser uma Maria Callas, se � que voc� me entende. N�o melhorou quase nada desde ent�o, e num tempo em que Carla Perez e Kelly Key podem ser consideradas "cantoras", at� parece grandes coisas. A letra ordin�ria e a melodia de embrulhar o est�mago s� ap�iam a velha teoria de que a m�sica cont�m algum c�digo subliminar. N�o duvido nada. Hipnotizou as meninas desde 1986 (meninos pouco ligavam: eu j� era grandinho para ver Xuxa na Globo, mas na Manchete eu s� assistia o programa com a TV no volume m�nimo). E as meninas daquele tempo continuam hipnotizadas at� hoje.

S�tio do Picapau Amarelo - Mais uma prova de que Gilberto Gil n�o deveria ter aceitado cargo nenhum no governo. Talvez um dia ele volte a se concentrar em algo que sabe fazer bem: temas legais para programas legais. Voltou ao ar sem ser mexido. Mexer em qu�?

TV Colosso - Lembrem do programa, esque�am do tema de abertura.

Vila S�samo - A humanidade (brasileira) se divide entre os que viram Vila S�samo naqueles tempos e o consideram o supra-sumo dos programas infantis, e os mais jovens que nem sabem do que se trata. Qual dos dois grupos est� em condi��es de fazer uma avalia��o isenta do tema de abertura? Acho regular, mas num tempo de temas infantis bo�almente barulhentos, vejo que retrocedemos muito.

Um Novo Tempo - A valsa de fim-de-ano oficial da Globo, sempre criticada at� a medula, continua indispens�vel. J� quiseram aposentar o velho tema, mas n�o tem jeito. � incrivelmente simples, na letra e na m�sica, o que o torna devastadoramente marcante. Nem a m� interpreta��o da primeira vers�o consegue abafar seu impacto. � recriado todos os anos, mas, para o bem ou para o mal, continua o mesmo. Por l�gica, teria que ter sido a faixa final do CD, mas ainda resta a bomba das bombas...

Tema da Copa de 94 - A falta que fazem os mal-falados Sullivan e Massadas. Quem achou os temas de 86 e 90 simpl�rios e p�s-frios, s� n�o torceu o nariz para o de 94 porque todo o Brasil estava ocupado demais celebrando o tetra. Como certos narradores esportivos, a musiquinha � verborr�gica, ma�ante, infantil e assolada por um mau acompanhamento -- aquele instrumento digital irritante. S� d� para aturar com muita cacha�a nas id�ias.

segunda-feira, dezembro 16, 2002

A UTI do folclore

Esquenta no blog do xar� Polzonoff a discuss�o sobre a coluna de Diogo Mainardi da Veja desta semana. O assunto pode ser elaborado. Afinal, aonde quer chegar a patrulha de defesa do aut�ntico folclore nacional (seja l� o raio que for isso)?

Nada tenho contra essas tradi��es folcl�ricas que os PhDs adoram, mas n�o fa�o parte de nenhuma (eis o Estado do Rio) nem encontro uma que me desperte algum sentimento especial de simpatia. Mas se baianos, cearenses, goianos, pernambucanos etc. se emocionam com as coisas de suas terras, que abram suas carteiras espontaneamente e tirem delas a verba necess�ria para manter o que lhes � t�o querido. Se for para que certas tradi��es (sobre)vivam plugadas a aparelho$ da UTI do Minist�rio da Cultura como prova de "resist�ncia � invas�o cultural estrangeira e visando ao lucro", n�o me convide para essa festa. Voltaremos ao assunto...

L� vem 2003

Passagem de ano � motivo para festas pat�ticas. Diz o Blue Bus que a (por outros motivos geralmente considerada) respeit�vel ag�ncia DPZ enviou convites a seus funcion�rios "para dar um x� no tumultuado ano de 2002 e come�ar 2003 repleto de bons fluidos e com muita energia". Com direito a p� de coelho, pimenta, sal grosso, alho, arruda e incenso.

Que ningu�m pense que isso n�o passa de um "exagerismo" de publicit�rios de egos inflados. No Brasil, espantar o tempo que passou, como se fosse um encosto, � comportamento aceit�vel, racional e necess�rio. Assim, ningu�m precisa passar pelo inconveniente de atribuir a si mesmo a responsabilidade pelos maus resultados de 2002, ou, conhecendo os respons�veis, apont�-los como gente grande. � s� fazer como a "gera��o tra�da" denunciada h� exatos 14 dias por Luiz Alberto Marinho, l� mesmo no Blue Bus: reclamar que as regras de comportamento, competitividade etc. foram mudadas no meio do jogo s� para botar a culpa no "mundo", no "mercado" ou em outro respons�vel impalp�vel e destitu�do de consci�ncia. Mas, sobre a experi�ncia, � prefer�vel a esperan�a de que em 1� de janeiro tudo ser� diferente. Quanto a 2002, � s� deit�-lo no barquinho de Iemanj� e dar um "Format C:" em tudo que se passou.

Aporrinhola

OK, o t�tulo do Santos � merecid�ssimo. Mas a exaustiva cobertura da final do campeonato tem algo sumamente irritante: o hino do Santos tocado por aquela aporrinhola sint�itca que � a mesma que faz todos os temas de abertura dos programas. Que saudades dos instrumentos de verdade!

Para que n�o se diga que isto � uma opni�ozinha infundada, a pr�pria Globo cuidou de oferecer, em bolachas prateadas da Som Livre, o testemunho da decad�ncia de seus temas. "Tudo a Ver" � um CD irregular, como � o conjunto da obra musical da Globo, mas ao menos trouxe �s lojas de discos alguns tesouros que n�o se achavam nem nas profundezas do Napster (no tempo em que Napster era Napster).

�, sobretudo, uma pe�a de �poca. Para as gera��es daqui em diante, cessar� de fazer sentido. Como explicar para a garotada que o tema do Globo Rep�rter j� tinha sido aquele, e acabou reduzido a um naipe de metais de mentirinha que n�o seria toler�vel nem num joguinho de PlayStation? � conceb�vel que o todo-poderoso Boni tenha tirado um tempo para escrever a letra do tema do Fant�stico -- e pessoas (no plural) de verdade o cantavam?

N�o vou dizer que os temas tenham descido a ladeira de s�bito assim que a Globo descobriu aquele sintetizador de timbre met�lico indefin�vel. Mas, com toda a certeza, a facilidade computadorizada conduziu a um relaxamento crescente. Quando veio a novela Pantanal, em 1990, a Globo come�ou a dar cada vez menos import�ncia �s aberturas, pois consomem tempo precioso e convidam � troca de canal. Aberturas relevantes, hoje, s� as das novelas. Mas quem se importa? Hans Donner teve seu tempo; hoje � mais conhecido como marido da Globeleza. No que faz muito bem.

Filosofia piratesca

J� repararam que, para cada m�sica que realmente buscamos no Kazaa, acabamos pedindo para baixar outras cinco que n�o t�m nada a ver?

E por que � que o Audiogalaxy n�o pode e o Kazaa pode? Isso � que � reserva de mercado � inefici�ncia; a Justi�a derrubando os fortes e enchendo a bola dos fracos. Nas Olimp�adas, dariam as medalhas aos �ltimos lugares.

sábado, dezembro 14, 2002

quarta-feira, dezembro 11, 2002

Abaixo o Hotmail!

Quer dizer: abaixo a cambada de spammers que se abrigam sob a popularidade e a leni�ncia do Hotmail, o famoso servi�o de e-mail gr�tis. De cada dez mensagens originadas do Hotmail que recebo, nove s�o completamente in�teis. E, pior, o servi�o tende a atrair especialmente os spammers mais pestilentos: os disseminadores de pir�mides de dinheiro e os que usam endere�os fajutos para despistar quem tentar filtr�-los.

Solu��o? J� que o seu provedor favorito jamais ter� peito de cortar o Hotmail pela raiz (minha av� chamaria isso de "telhado de vidro"), o pr�prio usu�rio pode tomar suas provid�ncias. Os bons programas de e-mail podem fornecer mensagens autom�ticas de resposta a todas as mensagens recebidas de usu�rios do Hotmail. Algo como "Desculpe o mau jeito, mas tenho recebido excesso de spam do seu provedor. S�o tantas que nem pude ler sua mensagem para ver se o conte�do � s�rio e me interessa. Se for, queira reenvi�-la usando um provedor digno do nome. Caso contr�rio, nada feito. Lembre-se: caixa postal eletr�nica vale o que voc� paga por ela."

Pronto! J� dei meus dois centavos contra uma empresa do grupo Microsoft, a besta-fera do Apocalipse. Ser� que com isso o sumo-sacerdote Richard Stallman me concede indulg�ncia plen�ria? :-)



Enter your email address below to subscribe to Paulo C. Barreto Online!





powered by Bloglet

sexta-feira, dezembro 06, 2002

Pegadinha do filtro do UOL

Mais abaixo segue uma nota sobre a inutilidade do filtro de mensagens do UOL. E n�o � s� aquilo. H� uma pegadinha de g�nio: voc� s� pode pegar o endere�o de origem do spam para bloque�-lo da� em diante se... abrir a mensagem de spam! Ou seja: querendo ou n�o, � preciso ler o spam, que � tudo que os spammers desejam. Nem nos sonhos mais cor-de-rosa encontrariam um colaborador t�o eficiente e poderoso quanto o UOL.

� nessas min�cias operacionais que transparece o estado de coisas dentro do UOL: fulano (o pronome indefinido, n�o o site de mesmo nome) finge que faz um bom trabalho e sicrano finge que fiscaliza. Cortes de pessoal e dan�as das cadeiras no board n�o passam sem conseq��ncias. Mas quem est� de fora, mantendo na mem�ria os ares perfumados do tempo em que "pontocom" era esperan�a de alguma coisa, prefere se acovardar a admitir o �bvio.

Consci�ncia negra

Minha mulher aproveitou o 20 de novembro para fazer uma longa liga��o interurbana, contando com o feriado do Dia do Zumbi. N�o recebeu um centavo de desconto. Mesmo sendo a liga��o feita dentro do Estado do Rio, para fins de tarifa��o de interurbanos s� s�o levados em conta os feriados nacionais. Mas essa engana��o, por mais grosseira que seja, n�o � nada comparada � engana��o do pr�prio feriado, impopular�ssimo, motivo de piada em outros estados. N�o me venham dizer que � "politicamente correto". Corre��o pol�tica n�o paga contas.

Google