quarta-feira, outubro 25, 2006

Segundo Turno

Peço-lhes perdão, leitores, por tornar-me taciturno.

Mas fiquei preocupado com esse segundo turno.

Não que ache o Geraldo um Messias de plantão.

Mas um Lula em dose dupla soa como palavrão.



Dizem que a voz do povo é a própria voz divina

Uma voz inquestionável, forte, altiva, cristalina.

Mas será que esse povo não está anestesiado.

Para consagrar nas urnas as sujeiras do passado?



Waldomiros, mensalões, sanguessugas e que tais

Freqüentando há mais de ano as manchetes dos jornais.

Ninguém mais se impressiona. Tudo isso é normal?

Mentiródromos vicejam. É a mentira ritual.



Admitir que o grande guia é um presidente autista

Que ficou sempre alheio à interminável lista

De diversas brejeirices inventadas por elites

E que tolerou, na boa, falcatruas sem limites?



Ninguém diz que esses podres representam novidade

Mas em termos de escala é uma calamidade.

‘Basta descobrir, eu puno e descarto os culpados’.

Pilhas há de companheiros livres sem serem julgados.



“Nunca antes” é seu mote e pergunto: Afinal,

O Brasil foi descoberto pelo Lula ou Cabral?

“Nunca soube das mutretas” ele afirma desolado.

Mesmo se a maracutaia ocorreu na sala ao lado.



Fui traído, vocifera, quando um podre se avista.

Nem pensou em quatro anos consultar um oculista.

Para realçar seus fatos usa lente de aumento.

Espetacular parece, mesmo um pífio crescimento.



Stalinismo redivivo. Fidel Castro o paradigma.

Lorenzettis, Freuds da vida, permanecem um enigma.

Jacques Wagner quem afirma: A mentira é natural.

Corrupção quando negada vira coisa de vestal.



“O Brasil jamais se verga”, mas me ocorre, enquanto escrevo,

Que esqueceu a esperteza do seu companheiro Evo.

Que refém de Hugo Chávez, sentadão no seu curul

Junto com o Nestor Kirchner, detonou o Mercosul.



Comparou suas proezas com os feitos dos tucanos.

Só que o Fernando Henrique governou faz alguns anos.

Com as crises agitando o planeta por inteiro.

Lula teve quatro anos sempre em céu de brigadeiro.



Fala em privataria, mas bem sabe que de fato

É um argumento tosco. Serve pro bicampeonato.

Pois a tal ‘privataria’ acabou com o sossego

Da turminha acomodada no seu cabidão de emprego.



Trinta e tantos ministérios todos bem aparelhados

Competência? A carteira do PeTê e assemelhados.

Ao bater no peito clama: Quem decide aqui sou eu!

Os maldosos, a Zelites dizem que foi Zé Dirceu.



Se der Lula — tudo indica — não será o fim das eras.

Os programas se parecem, vamos espantar quimeras.

O que causa arrepios é saber que a equipe

Não é a dos marqueteiros do seu belo videoclipe.



Mas, enfim, se todos querem, dane-se o tucanato

E se escolherem Lula para um novo mandato,

Vale a pena, ao menos, além de rezar, pedir,

Quando bebe, presidente, é melhor não dirigir.





AS

Um comentário:

Garcia Rothbard disse...

Só um reparo: não foi o Zé Dirceu, ainda é...

Mas tá bom o seu poema. O melhor desse governo não é o que faz, mas o que deixa de fazer. Só que não vai durar muito.

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