quarta-feira, janeiro 29, 2003

Tempo bom n�o volta mais

Bons tempos de BBS. Molecada nem sabe o que foi BBS. Nenhuma grande perda em desconhecer o que era instalar e configurar um modem lent�ssimo (que, no entanto, era a �nica op��o para se conectar de casa). Em 1996, todo mundo que era "algu�m" na cidade grande j� tinha meios de acessar a Internet. Tinha que pagar caro ou fazer alguma mutreta, mas, para quem j� tinha computador em casa, era mais querer do que poder. E um colega de aventuras BBSianas (quando comprei meu primeiro modem, 1992, ele j� acessava) dizia: "Bons tempos..." Depois os BBSs foram para segundo plano e foi a vez do saudosismo dos dinossauros brasileiros da EFNet, a maior das redes de IRC. Surgiram at� sites em "homenagem" aos tempos em que o Brasil conectado era pequeno e a EFNet era grande. Em poucas palavras: baita nostalgia de quando pouca gente acessava -- e acessava mal.

� claro, as mutretas

Nos primeiros anos de Internet comercial, e at� antes, os espertos descobriam meia d�zia de subterf�gios para acessar a Rede sem pagar. Havia quem fizesse est�gio em provedor s� pelo gostinho de ter um computador liberado para acesso -- e sem ocupar linha telef�nica, patrim�nio t�o raro e caro que tinha que ser declarado � Receita Federal. Para quem acessava de casa, ter bons contatos com gente de um provedor emergente poderia render uma conta "de teste". T�cnicos de suporte costumavam conhecer as senhas de seus clientes melhor que os pr�prios clientes: se algum par login/senha vazasse nas conversas alco�licas dos IRContros, l� iam vinte usu�rios jurar de p�s juntos que estava tudo entre amigos, n�o contariam nada para ningu�m e... voltariam para suas casas para detonar os cr�ditos de acesso do pobre cliente. Mudar senha? Onde � que muda a senha mesmo? :-)

O meio "Elite" de acessar por linha discada sem gastar pulsos era a Renpac, Rede Nacional de Pacotes, servi�o da Embratel para poucos e bons. N�o deveria ser usado para passear em salas de bate-papo. Todo em linha de comando, n�o era para amadores. V� falar em "apartheid digital".

A pilantragem suprema era o uso de BlueBeep e similares: programas geradores de freq��ncias que enganavam a companhia telef�nica e permitiam fazer liga��es internacionais 100% gr�tis. N�o se passava um dia sem que os usu�rios de BlueBeep revelassem a desconfian�a de que poderosas for�as pol�ticas e econ�micas monitoravam cada um de seus passos fraudulentos. Por incr�vel que pare�a, o progresso da pr�pria Internet (ICQ, banda larga, telefones baratos, provedores barat�ssimos) reduziu a n�veis absurdamente baixos a necessidade dos truques telef�nicos.

Pager

Mania em tempos pr�-celular. Quer dizer: celular existia, mas s� para dondocas e m�dicos (nesta ordem). Servicinho ruim, tarifas piores. E depois ainda come�aram a bombardear os pagers com mensagens publicit�rias, sem autoriza��o dos usu�rios e sem reduzir as tarifas. Vai entrar nos livros como exemplo de marketing. Exemplo negativo.

Nas horas mais infelizes da madrugada, �ramos atendidos por operadores masculinos. Desesperador: homem n�o leva o menor jeito para central de atendimento. O cliente tem mais paci�ncia com a voz feminina. N�o que as garotas consigam anotar melhor os recados: recebi d�zias de erros crassos, quando recebia, pois as falhas eram freq�entes. Pager teria uma sobrevida mais longa, com celular e tudo, se fornecesse melhor servi�o. Essa preocupa��o, por�m, foi rebaixada ao pen�ltimo plano. Mas, hoje, quem se importa?

Um programinha permitia enviar mensagens para pagers via modem. N�o era pela Internet: o software (tosco at� para os padr�es m�nimos da tela de texto puro) usava o modem para discar, conectar-se ao computador da empresa de pager desejada, e enviar o recadinho. Funcionava t�o melhor que as operadoras humanas (para n�o falar dos, argh!, operadores humanos) que as empresas fingiam que o programinha n�o existia.

Nenhum comentário:

Google