quarta-feira, março 17, 2004

Buzz é tudo

Na falta do MBA intensivo por conta própria do Alexandre, coisa de gente chique, apelei para a Amazon. Há um ano e pouco li The Anatomy of Buzz. Vai ser difícil ler um desses em português, mas está valendo.

Toda vez que eu duvidava do marketing boca-a-boca, aparecia na caixa postal uma mensagem vinda não sei de onde perguntando "Você é você mesmo, que escrevia aquele Sangue em Pastópolis* no BBS?"

Era BBS porque a Internet comercial nem existia. Sobre BBS, para a referência da garotada, há um artiguinho pronto (o assunto, porém, está longe de ser esgotado). Sobre Sangue em Pastópolis, é longa a história.

O conceito já estava na minha cabeça desde os primeiros meses de 1994. Depois de extensa pesquisa de mercado, em 23 de maio de 1995 foi distribuído o primeiro capítulo do folhetim nas grandes redes de BBS ("grandes", mas os fóruns de mensagens tinham abrangência apenas nacional, quando tanto). Por alguns meses mandei dezenas de capítulos em intervalos mais ou menos regulares; mais tarde, diante de outros afazeres, encostei o Sangue. Nesse tempo, a onda era a Internet. Não que BBS tivesse se tornado brega, mas os micreiros foram apresentados ao que era chique. As comunidades BBSianas (e, conseqüentemente, a base de leitores do Sangue) se dispersaram gradualmente, reduzindo minhas chances de retomar o folhetim do jeito que era.

Só que, nesse tempo todo, nunca deixei de ser lembrado como autor do Sangue. De vez em quando eu ficava sabendo de leitores das antigas que colecionaram os capítulos e até hospedaram os respectivos arquivos em seus sites pessoais. Assim, além de conhecer muitos fãs, redescobri capítulos que nem eu tinha mais (erros de backup não perdoam ninguém). Tudo conspirava para um ressurgimento.

A oportunidade surgiu em 2000, quando o heróico Flávio lançou a primeira versão Web do Rumor (não adianta procurar; não está mais disponível) e me convidou para uma dupla missão: aproveitar o espaço do site para republicar os capítulos prontos do Sangue e dar seqüência ao folhetim com capítulos novinhos. Com direito às sensacionais ilustrações de Marcelo Martinez. Assim foi feito.

Em 2002, em nova encarnação do Rumor, aproveitei a onda de sucesso de Sangue em Pastópolis e publiquei um novo folhetim: Pato ao Molho Pardo. Esse, tenho que confessar, não foi exatamente um arraso. Para piorar, o site durou pouco e está fora do ar. Resultado: os fãs é que se encarregam de redistribuir as duas séries. Nada como o buzz. As voltas que o mundo dá.

* Só que, naquele tempo, o título era diferente. Nunca se sabe o que os advogados vão aprontar.

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