terça-feira, dezembro 16, 2003

Já era





As fitas cassete de áudio já vão tarde. Estou copiando gradualmente para CD todas as minhas antiguidades, antes que estraguem. Mas as antiguidades continuarão guardadas. A bola da vez é o gravador de microcassete.

segunda-feira, dezembro 01, 2003

É TV? É computador? É uma dúvida



O televisor com acesso à Internet, lançado semana passada pela Philco, vem equipado com teclado sem fio, Windows XP, modem e interface de rede. Faz muito do que fazemos todo dia com um computador. Mas não é um computador, o que a própria Philco admite. É uma TV à qual adicionaram recursos de informática com um resultado superior ao de qualquer experiência dos concorrentes. Resta saber se fará tão bonito no mercado quanto no laboratório.

O aparelho, chamado NeTVision, não é pequeno; é do tamanho de um televisor comum de 20 polegadas em sua configuração mais modesta. Na verdade, tem a cara, o jeito e a cor preta de um televisor comum. Os projetistas nem o equiparam com portas USB frontais para que nada atrapalhasse o visual familiar de um televisor. O NeTVision é acompanhado de um controle remoto normal e de um teclado sem fio com um pequeno joystick que faz as funções de um mouse. Funciona como qualquer TV, sem novidades. Porém, a um toque de botão, transforma-se numa máquina de Internet, com um browser (adaptado para as características da tela), mensagens instantâneas, processador de textos, reprodutor de mídia e outros aplicativos conhecidos de quem usa Internet e Windows.

Não é demais lembrar: a função TV é totalmente separada da função Internet. A conexão de Internet (por linha telefônica ou banda larga) não gera sinal de televisão, a antena de TV não conduz acesso à rede de computadores: é como se fossem duas máquinas independentes. A novidade é que estão reunidas no mesmo gabinete, o que permitiu aos projetistas da Philco desenvolver uma placa de vídeo muito mais eficiente para a baixa resolução da tela de TV. Mas o conceito é antigo.

Nos anos 70 e 80, os computadores de oito bits (MSX, Spectrum, Commodore e tantos outros) eram tradicionalmente plugados nas TVs, como se fossem consoles de videogame. Grandes, coloridas e pré-existentes em todas as salas, as TVs eram alternativas aos caros monitores - afinal, a tela preta com caracteres verdes, monitor típico da época, estava muito abaixo da expectativa do usuário doméstico.

Mais tarde, na euforia pontocom, surgiram as set-top boxes de Internet, aparelhos que pegavam carona no aparelho de TV e permitiam surfar na Web. Chegaram a ser prometidos como a revolução do trabalho e do lazer. Não emplacaram. O produto era ruim ou a época não favorecia? Ambos.

Naquele tempo, os computadores zero-quilômetro começavam a quebrar o piso dos mil dólares. Internet é toda projetada tendo em vista os usuários de computador propriamente dito. Eles gostam de fuçar, gostam de se atualizar, gostam da mera segurança de saber que podem atualizar suas máquinas. Por sua vez, as set-top boxes eram limitadas em recursos e pouco expansíveis. Não tinham meios de armazenar arquivos MP3, não eram compatíveis com determinados sites, não permitiam instalar os programas que o usuário escolhesse.

O NeTVision se esforça ao máximo para reduzir esses problemas, mas há obstáculos que estão além da possibilidade de um não-computador... por enquanto. A R$ 1,6 mil, é cara para uma TV de 20 polegadas e limitada para um dispositivo de acesso. As características das futuras versões do NeTVision, a Philco promete, acompanharão a demanda dos usuários. Mas o campo de testes do mundo real é imprevisível. O produto receberá upgrades quando se tornar um sucesso, mas terá sucesso quando receber upgrades. Para escapar desse impasse, só falta aditivar um fator invisível nas apresentações do NeTVision: seu potencial de tornar-se um fenômeno cultural.

*****

Antispam também falha por excesso de zelo. As mensagens não-solicitadas que o SpamBayes acusa de spam ainda podem ser recuperadas. O MailWasher também quase sempre pode salvar um não-spam (o que depende da configuração), pois mostra a lista de mensagens antes de tomar as medidas necessárias: o olho do usuário é que julga.

Por sua vez, o serviço repassador de mensagens Pobox tem um filtro implacável que pode ser ajustado pelo usuário... ou quase. Se ficar muito rigoroso, pode mandar para o brejo mensagens importantes. Aconteceu comigo: vendi um item num leilão e não consegui receber uma única mensagem do vencedor. Por motivos totalmente aleatórios (o Pobox pouco liga para mensagens de língua não-inglesa em sua filtragem), barrou todas.

Há salvação, mas é complicada e limitada. O usuário precisa ir ao site do Pobox, pedir para ver o listão de mensagens condenadas nos últimos trinta dias e ver quais são as que podem sair da geladeira. Na verdade, a lista chega a milhares de e-mails, e não há um jeito rápido e eficaz de se passear pela lista.

O pior de tudo é que o Pobox só acumula os spams, sem tomar providências: nem o destinatário fica sabendo facilmente que há algo de estranho tentando entrar em sua caixa postal, nem o remetente recebe qualquer sinal de que sua mensagem está sendo recusada. Por isso, meu cliente de leilão considerava que suas mensagens estavam realmente chegando ao destino e que eu é que o estava ignorando.

A salvação foi uma caixa postal de provedor grátis. Sem intermediários.

Quem desejar um antispam inteligente deve abaixar o escudo do Pobox e transferir sua confiança para outro filtro. E permanece a dúvida: por que o velho Pobox ainda cobra 15 dólares por ano - por isso?

quarta-feira, novembro 26, 2003

Um negócio como qualquer outro



Empresas de Internet brasileiras continuam dando mole nos rudimentos da boa comunicação. Outro dia visitei um site de marketing multinível, como há tantos por aí. No fundo, salvo prova em contrário, é um negócio como qualquer outro, mas ainda assim desperta desconfiança.

O cliente potencial normal não quer se meter com pirâmides de dinheiro, correntes da felicidade ou esquemas criminosos semelhantes. Por isso, não basta ao proponente mostrar por que o investimento é vantajoso: precisa argumentar sem descanso por que o investimento não é desvantajoso.

Essas são duas faces da mesma missão estratégica, não são? Pois aquele site pensava que uma coisa nada tinha a ver com a outra. Por isso, tentou, tentou, mas não conseguiu passar o recado.

Pela frente, o site mostra as zilhões de vantagens do negócio. Essa parte é razoavelmente bem marquetada, com um layout fluente e agradável; o texto não é irretocável, mas funciona. Mas ninguém vai soltar seu dinheiro antes de uma análise profunda de prós e contras, de se esclarecer quanto aos meandros legais e morais do esquema. A quem, então, cabe a tarefa inglória de convencer os visitantes descrentes? Ao suporte.

Não creio que seja uma idéia biruta da administração. É menos provável ainda que o site, vergado ao peso da crise, tenha determinado a contragosto essa acumulação de funções (e, mesmo não sendo esse o problema, a má impressão espanta a freguesia).

Revela, isso sim, a própria visão de mundo dos responsáveis pelo site: relacionamento com o cliente é visto como um empecilho a ser resolvido pelo andar de baixo do organograma. Afinal, se o usuário leu as belas páginas iniciais e continua achando algo diferente do que os marqueteiros acham que deveria pensar, só pode ser "defeito" do usuário, certo? Suporte nele!

Não quero dizer que todo membro de equipe de suporte esteja mal qualificado para explicar, em letras miúdas, o que deveria ter ficado claro nos caracteres garrafais das primeiras páginas. A cultura do suporte é apenas diferente. Apaga incêndios, mas não inventa produtos à prova de fogo. Sabe que a maioria dos defeitos tem solução fácil (como na anedota do usuário que acha que a gaveta do drive de CD-ROM é um porta-copos). Mas um negócio baseado em Web é um sistema bem mais complexo que um computador com placa de vídeo mal configurada.

O primeiro filtro contra a desconfiança congênita é a página de respostas às perguntas mais comuns. Leigo tem alergia a qualquer coisa que cheire a manuais, FAQs e assemelhados: espera soluções auto-explicativas, não manuais enfadonhos. Se é preciso compor FAQs enormes, é porque a parte principal do site não esclarece o suficiente ou não passa o recado direito. Ou, pior ainda, omite informações essenciais.

Pois a FAQ do site, entre outros itens, tentava explicar a diferença entre aquele esquema específico de marketing multinível e uma pirâmide ilegal. As respostas parecem ter saído de uma sala de bate-papo de adolescentes: quem escreveu não sabe sequer usar pontuação. Às vezes nem se entende direito o que ele quer dizer. Talvez esse problema tenha passado desapercebido pela administração. Se não passou, o andar de cima do organograma não acredita que deficiências redacionais queimem o filme do site... ainda.

Chamei a atenção do suporte (de quem mais?) quanto ao problema. A resposta veio rapidíssima. Explicava mais ou menos isto: as perguntas e respostas publicadas reproduziam, sem retoques, as trocas de mensagens entre usuários e suporte. Quer dizer, o site não faz o dever de casa e o suporte lança uma parte da culpa sobre as costas do usuário. Sem sucesso, pois naquela FAQ o suporte escreve mais e erra muito mais na ortografia.

Mas nem tudo está perdido: o suporte promete que a equipe responsável (pelo site como um todo? pelo texto deficiente em especial?) será prontamente notificada se as falhas no texto causarem transtornos à divulgação. Em outras palavras: poderão ser tomadas providências quando (e se) alguém lá em cima achar que o texto choca investidores potenciais a ponto de atrapalhar os negócios.

Nada mais típico de suporte. Enquanto o notebook com defeito na bateria não pegar fogo, tudo bem.

Toda empresa de marketing multinível diz que sua proposta nada tem a ver com dinheiro fácil. Porém, faz crer algo levemente diferente. Os responsáveis por este site acreditaram.

segunda-feira, novembro 24, 2003

Ainda de olho no golpe por e-mail



Nova mutação do conto do vigário contra clientes do Banco do Brasil. É claro que era spam o que eu recebi hoje: eu não sou cliente do BB. Os picaretas estão cada vez mais econômicos em palavras, talvez temendo que seus erros de português dêem muito na pinta; em compensação, não fazem o menor esforço por um layout mais verossímil. Desta vez, o link aponta para uma página identificada por um número IP que aponta para o seguinte domínio:

OrgName: University of Medicine and Dentistry of New Jersey
OrgID: UMDNJ
Address: 185 South Orange Aveune
City: Newark
StateProv: NJ
PostalCode: 07103
Country: US

NetRange: 130.219.0.0 - 130.219.255.255
CIDR: 130.219.0.0/16
NetName: UMDNJ
NetHandle: NET-130-219-0-0-1
Parent: NET-130-0-0-0-0
NetType: Direct Assignment
NameServer: NISC.JVNC.NET
NameServer: NJMSA.UMDNJ.EDU
Comment:
RegDate: 1988-10-19
Updated: 1991-01-03

TechHandle: LPM-ARIN
TechName: Michelson, Leslie P.
TechPhone: +1-201-456-4558
TechEmail: MICHELSO@njmsa.umdnj.edu

# ARIN WHOIS database, last updated 2003-11-23 19:15
# Enter ? for additional hints on searching ARIN's WHOIS database.

OrgName: University of Medicine and Dentistry of New Jersey
OrgID: UMDNJ
Address: 185 South Orange Aveune
City: Newark
StateProv: NJ
PostalCode: 07103
Country: US
Comment:
RegDate:
Updated: 1991-01-03

# ARIN WHOIS database, last updated 2003-11-23 19:15
# Enter ? for additional hints on searching ARIN's WHOIS database.

sábado, novembro 22, 2003

Spam atravessa o Viaduto Jacareí



O seu político promete acabar com o spam? Se ele conseguisse uma fórmula para distinguir uma mensagem solicitada de uma não-solicitada, sem chance de falhar, não precisaria viver de subsídios magrinhos em vez dos milhões e milhões que o mercado de informática pagaria pela chave de seus poderes milagrosos. No entanto, em toda parte surgem projetos de lei que prometem dar fim ao lixo dos e-mails, de uma canetada, como se até hoje só tivesse faltado "vontade política" de eliminar o spam. Isso não pode dar certo.

O modelo das pretensões legislativas vem dos Estados Unidos e nem abrange Internet: a lei "Do not call", que institui um cadastro nacional de telefones cujos assinantes não aceitam a praga das ligações de telemarketing. Já começou mais furada de exceções que um queijo suíço. Organizações sem fins lucrativos mantêm o direito de importunar, candidatos podem continuar a fazer sua propaganda por telefone (ou você achava que parlamentares do mundo real teriam aprovado algo diferente?) e qualquer ligação de uma empresa que tenha feito negócios com o usuário do telefone no último ano e meio não é considerada telemarketing não-solicitado. Dentre os telechatos, só escapam da lei os grandes, poderosos e tradicionais. Mais poderosos ainda, agora que foi varrida do mapa a concorrência dos telechatos iniciantes.

Esses "pequenos detalhes" não impediram que a lei "Do not call" fizesse boa carreira em Washington, apoiada por uma frente suprapartidária e inspirando a defesa de inúmeras leis internáuticas contra as mensagens não-solicitadas. A imprensa no Brasil, acostumada ao conforto das unanimidades, foi incapaz de ver algo de errado numa unanimidade que vinha de fora: deixou de lado o ceticismo antiamericano, passou os olhos nas notícias e assinou embaixo.

Pelo visto, nossos jornalões têm sido bem lidos no Viaduto Jacareí, endereço da Câmara Municipal de São Paulo. Em 21 de outubro o vereador Antônio Goulart apresentou um projeto de lei contra o spam limitado à proteção dos "e-mails particulares, de pessoas físicas", deixando à própria sorte as caixas postais de pessoas jurídicas. Os detentores das caixas postais que optarem por não receber spam deverão pedir que os provedores incluam seus endereços num certo Cadastro Especial de Assinantes, o que deverá ser feito "de forma escrita ou por telefone, na forma estabelecida por essas empresas" - talvez até, na velha tradição da Fapesp, através de carta assinada de próprio punho e enviada pelo correio...

E não é só. Quando as caixas postais ficarem livres de pirâmides de dinheiro, próteses penianas e ofertas de cartões de crédito sem juros, aí, sim, terão caminho livre as mensagens autorizadas pela lei, originadas de "órgãos públicos para divulgação de campanhas de interesse público ou promovidas por instituições beneficentes." Quer dizer, as instituções legalmente consideradas beneficentes, mesmo que sejam tão inoportunas em seus e-mails quanto quaisquer outras. De resto, não é acidente que o governo exclua a si mesmo dos castigos que impõe aos outros!

Segundo seu projeto, o vereador Goulart sabe que enfrentamos um bombardeiro de "mensagens enviadas por mala direta, muitas vezes manipuladas por 'robôs'". Certíssimo, especialmente quando sabemos que os robôs que disparam mensagens podem estar hospedados em qualquer lugar do mundo, mesmo que seus operadores estejam muitíssimo longe. É o que fazem todos os spammers que não sejam otários completos. Os spammers "com responsabilidade" com operações sediadas no município de São Paulo se mudarão para qualquer outra cidade (como se a legislação paulistana já não tivesse expulsado muitas empresas de Internet!), mas os spams originados de qualquer outro lugar não poderão ser barrados por uma lei municipal. Há a alternativa de invadir (legalmente) as caixas de mensagens recebidas nos provedores de e-mail paulistanos e aplicar os filtros infalíveis para separar o spam do não-spam, mas é melhor nem dar idéia. Afinal, saiu no Diário Oficial, faz milagres.

*****

Enquanto o spam passa disparado pelo Viaduto Jacareí, outra parte de São Paulo discute o assunto a sério. Nesta segunda-feira, 24 de novembro, será realizado o seminário Spam 2003, no Centro Brasileiro Britânico. Detalhes: www.spam2003.com.br

*****

A ESTRELA FINAL - Muito antes do lançamento do iTunes e do novo Napster, o MP3.com já era referência em música online. Teve seus dias de fama e seus problemas com a polícia de direitos autorais (continha cópias de milhares e milhares de CDs, só para quem já tivesse os discos de verdade em casa, mas na prática a teoria era outra). Jamais conseguiu dar uma resposta à mãe de todas as perguntas que afligem os sites de som digital: por que alguém pagaria para baixar arquivos de música quando uma dúzia de programas/serviços oferece tudo de graça? Ao estilo do que a Bertelsmann fez com o Napster (o original), a Vivendi Universal assumiu as operações do MP3.com em seus tempos mais bicudos. Finalmente, o site foi repassado à Cnet só para ser "fechado para obras" no próximo 2 de dezembro. Descanse em paz.

Os assinantes da newsletter do MP3.com souberam da novidade por um aviso absolutamente sem graça distribuída no dia 14, que começa avisando que a Cnet Networks "adquiriu certos ativos" da holding do MP3.com. Depois de todos esses anos, uma nota praticamente fúnebre, com vergonha de passar o recado.

Por essas e outras, foi emblemático o lançamento da estrela de Britney Spears na calçada da fama de Hollywood. Aquela calçada, que sempre me pareceu adoravelmente antiquada, vai acabar se tornando (no que se refere aos astros da música) um fóssil pré-MP3, pré-Napster, pré-iPod. Desnecessário entrar no mérito artístico de Britney: muito provavelmente ela foi a última estrela da era do CD. Do jeito que vão mal as vendas de discos (gravados na fábrica), arranjar estrelas daqui em diante será um milagre maior que acabar com spam por decreto.

Onze anos de encontros de usuários



22 de novembro, Dia do Araribóia para os niteroienses, foi uma data histórica para mim em 1992: meu primeiro encontro de usuários, ainda na era MSX, ainda na era BBSiana.

Eu já acessava há algum tempo, mas só conhecia a galera virtualmente: comparecer a um encontro era apenas questão de tempo. Já existia no Rio um animado circuito de encontros (o que não era segredo, pois saía tudo na coluna do CAT no Info Etc.). As reuniões mensais, dos grandes BBSs, eram as mais famosas, mas aquele encontro de 22 de novembro de 1992 estava mais para flash mob: foi inventado em pouquíssimo tempo, sem nenhum forte motivo aparente, e todo mundo que recebeu o recado (antes da proliferação de celulares, linhas fixas baratas, pagers, e-mails e mensagens instantâneas) e sabia do que se tratava atendeu ao convite na confiança de que todos os outros fariam o mesmo. Deu certo!

O salão interno do Barril 1800 se encheu com trinta e tantos jovens, quase todos usuários mesmo (poucos bicões, quase nenhum cônjuge/amante/etc), que estraçalhavam o papel que forrava as mesas e faziam brincadeirinhas com os saleiros e paliteiros, mas só bebiam água mineral porque era mais barato. E os não-usuários, bêbados de inveja, diziam que O Micreiro Típico era um filhinho de papai que nadava em dinheiro... Usuário sério nunca teve coisa alguma de mão beijada. E, certamente, era uma criatura muito mais social do que imaginavam os tecnófobos de plantão.

Um grande site de recursos humanos veiculou a oferta abaixo, tão preciosa que só os assinantes puderam ter acesso. Onde está o erro?



E estou preparando o lançamento de meu fotolog. Tenho centenas e centenas de imagens arquivadas (para não falar das que só existem em papel... por enquanto) que merecem um lugar na Rede. Aguardem.

Faça agora. Daqui a pouco será tarde demais.

terça-feira, novembro 18, 2003

Supremo.

Coisas que a gente encontra na pilha de cartões quando menos espera.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Desculpem por não ter postado antes minha coluna da semana passada... Ei-la. As cibercríticas, porém, só no rodapé do original.

Retrocedemos



Antes de investigar aquele conto do vigário contra os clientes do Banco do Brasil envolvendo registro de domínio com dados falsos, já estava pronta uma longa coluna sobre como é fácil a vida de hacker num país que tem o malandro como herói nacional e confere ao menor infrator (quem mais teria tempo suficiente para arquitetar esses golpes internáuticos?) a certeza de escapar sempre. Com um apêndice para desmontar o mito dos ciberativistas bajuladores de picaretas: para eles, o hackerismo é uma vingança dos oprimidos contra a arrogância das grandes corporações (pelo menos desta carapuça o Banco do Brasil não escapa) - na verdade, os pequenos e os "pobres" é que são as maiores vítimas. Para não desperdiçar o tempo e a paciência do leitor, deixei que os fatos falassem por si.

Vigaristas na Internet, como os espiões, só são realmente bons até o dia em que são desmascarados. A recente onda de mensagens falsas chamando os clientes de bancos a alguma espécie de recadastramento (motivado por uma onda anterior de e-mails fajutos disparados por outros golpistas) pode ter disparado o alerta vermelho no Banco Central e feito sua cota de vítimas entre os cidadãos comuns, mas é uma arapuca bem fraquinha. Antes de mais nada, é preciso fazer com que a mensagem chegue ao usuário e seja levada a sério (com erros de português e tudo) para que o usuário-correntista clique no link oferecido. Nesse ponto, uma página imita a home do banco nos menores detalhes, exceto que desta vez o cliente deve digitar a senha secreta desde já, ao lado dos números da agência e da conta. O sistema dos estelionatários, porém, aceita quaisquer números, incapaz de verificar de antemão se os dados são verossímeis.

Outros programadores espertos desenvolveram sisteminhas de contra-ataque capazes de entupir "automagicamente" os bancos de dados dos picaretas com zilhões de contas e senhas escolhidas ao acaso. Desse modo, para os bandidos digitais, encontrar informações verdadeiras é como achar uma agulha num palheiro. De volta ao mundo da espionagem: esses heróis da resistência só terão reconhecimento póstumo. Glória contra o crime online, só com a grife da Polícia Federal.

*****

A Operação Cavalo de Tróia é dos raros triunfos da polícia no Brasil, na Internet ou fora dela. Pelo menos é o que eu sei, tal qual os jornalões souberam: como de costume, todos foram tão confortavelmente iguais na reprodução dos dados de um restritíssimo conjunto de fontes sobre o resultado de uma investigação naturalmente cercada de supremo mistério. Descobriu-se uma tremenda máfia convenientemente sediada entre Pará e Maranhão, estados que o leitor "sulista" mal sabe onde ficam e dos quais só se ouve falar em casos de escândalos e tragédias. Descobriu-se o envolvimento de "autoridades", óbvio. Descobriu-se como foi fácil transferir, transferir e transferir dinheiro dos incautos para as contas de laranjas. No sistema bancário brasileiro não se pode dar nem um espirro sem revelar o CPF - e a Federal ainda levou um ano para descobrir os mentores dos desvios.

Os crescentes atentados do Banco Central às liberdades civis em nome da "segurança", pelo visto, ou são plenamente inúteis, ou só valem para otários, ou se dissolvem perto da linha do Equador. Por isso, chega a ser cômica a preocupação do Banco Central quando vigaristas pés-de-chinelo envolveram seu santo nome numa das últimas versões da arapuca dos e-mails, e ainda mais a preocupação dos jornais em dar ao BC todo o destaque nas manchetes de alerta contra a picaretagem. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

*****

"Risco sistêmico" virou palavrão, mas é o que se agravou duplamente com o bombardeio de estelionatos online. Ninguém mais consegue levar e-mail a sério e a confiança nas operações financeiras pela Internet está seriamente comprometida. O comércio eletrônico, que apresentou crescimento milagroso em tempos de crise, pode se preparar para tempos bicudos. Os pequenos comerciantes online, como os que operam em sites de leilões, já sentem a queda nas vendas. Imaginem a desconfiança nas grandes operações, turbinada por uma compreensão errônea do mecanismo da vigarice online. Os bancos terão muito trabalho para restaurar a confiança perdida através do esclarecimento dos clientes. Se agirem errado, continuarão alimentando a paranóia.

Enquanto isso, o lixo do correio eletrônico supera o limite do suportável. Junto com dois terços (só isso?) de mensagens não-solicitadas, também os e-mails sérios e legítimos estão sendo consumidos em algum ponto do caminho, desde servidores operando acima da capacidade até barreiras antispam excessivamente rigorosas (ou mal configuradas, o que dá no mesmo). O olho do destinatário, cansado de tantos anúncios de pornografia, empréstimos e "recadastramentos" bancários, passa batido até pelo que presta. Não ouse enviar uma mensagem importante sem pedir conformação por outro meio; aí crescem ICQ, Messenger e similares. Em todo caso, não dispense o telefone. Retrocedemos.

Guia do Hardware já nas bancas!


Com direito a várias participações da minha pessoa e até uma foto no editorial. Não percam.

segunda-feira, novembro 10, 2003

Quinze anos de carreira (parte 4)

Antes de seguir com o relato, uma explicação adicional sobre a "conversão" de computadores. Estou anotando tudo. Um dia isso ainda vai dar um livro.

Já usei monitor VGA em tons de cinza. Queimou em pouco mais de seis meses (não digo a marca para não ser mordido por "adevogados" hidrófobos). Mas não foi aí que decidi raspar a poupança e comprar um monitor colorido: a verdade veio de supetão num jogo de paciência. Num belo dia de 1994 fui visitado por uma amiga e apresentei o jogo no monitor sem cores. Expliquei como funcionava: pela ordem numérica, era preciso arrastar carta de naipe preto sobre carta de naipe vermelho, e assim sucessivamente. Quem tem intimidade com baralhos sabe distinguir pretos de vermelhos só pelos desenhos. Não era o caso: para ela, copas e ouros pareciam tão pretos quanto paus e espadas. Desisti de nadar contra a corrente.

O fim do MSX, para mim, foi uma ficha que caiu lenta e gradualmente. Se é verdade que um computador vale tanto quanto sua capacidade de pagar a si mesmo, aquele tinha se depreciado por completo. Não podia mais esperar retorno de um computador obsoleto. Existia uma torcida muito grande dos usuários de MSX em defesa de suas queridas máquinas; por ser mais barato que um PC ou (raro) Mac, consideravam-no o micro da realidade brasileira. Concordo totalmente com a definição, mas no mau sentido: Expert e Hotbit foram o que a reserva de mercado pôde proporcionar a nós, usuários comuns.

O conceito original do MSX era brilhante. Uma dúzia de fábricas no Japão se reuniu em torno de uma especificação comum que garantisse máquinas compatíveis umas com as outras; depois os europeus (mas os britânicos, que já tinham seus Sinclairs e Amstrads, nem tanto) compraram a idéia, com grande sucesso. No Brasil, a polícia da reserva de mercado não teria ficado exatamente encantada com as possibilidades. Por isso, Sharp e Gradiente armaram o que até hoje se considera "a sacada genial": registraram seus modelos de MSX como videogames. Grandes coisas. Tecnicamente, um computador é indistinguível de um videogame. MSX usava cartuchos e era computador. Odyssey tinha teclado e era videogame. Imagine o que a SEI pensaria de um Xbox ou um PlayStation 2. De qualquer forma, computador compete com videogame (dizem que foi o caso dentro da Gradiente: como o Atari 2600 ainda vendia bem, o MSX cumpriu uma etapa na geladeira; acredito, mas não dispensaria certas "forças ocultas"), computador superou videogame como máquina de jogos no período pós-Atari 2600 (estive nos EUA em 1984 e vi o Atari 5200 ser hypeado até a medula. Alguém se lembra dele? Deixem para lá, então.), pré-Nintendinho. E naqueles tempos B. Piropo foi a uma grande loja no Japão, procurou MSX na seção de computadores e foi conduzido à seção de videogames...

Ainda assim, a história do MSX no Brasil foi repleta de sacadas marcantes e aparentemente geniais, mas ainda assim marcantes. Sharp e Gradiente prometiam e prometiam drives de disquete, mas não entregavam; como de costume, deixaram a porta aberta a múltiplos desenvolvedores independentes de hardware. Inventou-se uma interface de drives que era incompatível com as especificações originais. Passou como triunfo da criatividade nacional por suprir uma carência relevante, mas embirutava produtores e consumidores de software. Quando a Gradiente quis fazer certo, era tarde: empregou um drive interno de 3,5", formato que ainda não tinha sido amplamente adotado (era considerado mais típico de Macs e Amigas; só se tornou padrão em PCs do 386 em diante, e na versão de alta densidade). Àquela altura, os programas já eram engatilhados para funcionar na interface tupiniquim e não se entendiam com a interface "oficial" da Gradiente.

As limitações dos micrinhos clamavam aos céus, sempre atribuídas pela comunidade à perversa falta de interesse dos fabricantes. Mas os casos apresentados pelos advogados do MSX atrapalhavam mais que ajudavam. Diziam que o MSX foi usado pela União Soviética na estação espacial Mir... Conheço vários colecionadores de micros de oito bits e respeito seus esforços de preservação das antiguidades da informática, mas é apenas isso mesmo: uma atividade domingueira, sem maiores pretensões de arranhar o valor do que a maioria usa.

Picaretas contra clientes do BB (atualização)



Continua solta a mosca do sono no Registro.br.

Na sexta-feira à tarde o domínio plantaobb.com.br (registrado com dados falsos) e a "home" fajuta do BB hospedada no BOL já tinham sido tesourados.

Agora a mesma mensagem engana-trouxa ressurge nas caixas postais, desta vez apontando para um tal de bancodobrasil24hs (24hs! Que redação!). Mais uma vez, os dados aceitos pelo robozinho registrador são altamente suspeitos. Eis a ficha, aberta à consulta de todos no registro.br:

% Copyright registro.br
% The data below is provided for information purposes
% and to assist persons in obtaining information about or
% related to domain name and IP number registrations
% By submitting a whois query, you agree to use this data
% only for lawful purposes.
% 2003-11-10 09:40:22 (BRST -02:00)

domínio: BANCODOBRASIL24HS.COM.BR
entidade: Banco do Brasil Agencia Ribeirao Preto
documento: 069.643.477/0001-91
responsável: Gustavo Queiroz Magalhes
endereço: Bancu Central, 110,
endereço: 70073-901 - brasilia - df
telefone: (61) 3109999 []
ID entidade: LGB101
ID admin: LGB101
ID técnico: LGB101
ID cobrança: LGB101
servidor DNS: NS1.AFRAID.ORG
status DNS: 09/11/2003 AA
último AA: 09/11/2003
servidor DNS: NS2.AFRAID.ORG
status DNS: 09/11/2003 AA
último AA: 09/11/2003
servidor DNS: NS3.AFRAID.ORG
status DNS: 09/11/2003 AA
último AA: 09/11/2003
criado: 09/11/2003 #1425644
alterado: 09/11/2003
status: publicado

ID: LGB101
nome: Luis Gustavo Brandao
e-mail: pluralbb@HOTMAIL.COM
endereço: Bancu Central Seguros, 11,
endereço: 70073-901 - Brasilia - DF
telefone: (61) 3109999 []
criado: 09/11/2003
alterado: 09/11/2003

remarks: Security issues should also be addressed to
remarks: nbso@nic.br, http://www.nic.br/nbso.html
remarks: Mail abuse issues should also be addressed to
remarks: mail-abuse@nic.br

% whois.registro.br accepts only direct match queries.
% Types of queries are: domains (.BR), BR POCs, CIDR blocks,
% IP and AS numbers.

Formulário de mensagem na Web é a ferramenta perfeita para o serviço de desatendimento ao consumidor. Seja para elogiar, seja para perguntar ou xingar, o usuário não guarda cópia do que escreveu.

quinta-feira, novembro 06, 2003

Picaretas contra clientes do BB



Acabou de chegar em minha caixa postal mais uma daquelas mensagens fajutas destinadas a passar a perna em clientes do Banco do Brasil. De cara, uma fajutice total, pois não sou cliente do Banco do Brasil. Mas os clientes de verdade se vêem cada vez mais ameaçados pelo pipocar de más notícias envolvendo ladrões digitais, sites de fachada e esquemas engenhosos de conseguir senhas.

Muitos bancos são atacados pelos crackers, mas não é surpresa que o BB seja mais visado: afinal, é o maior dos bancos, e talvez nem seja atacado em intensidade desproporcionalmente alta pelos vigaristas que atraem suas vítimas com e-mails que parecem ser outra coisa. E a bandidagem eletrônica nem precisa ser muito boa de redação, como atesta o texto da mensagem recém-chegada:

"Devido ao grande número de crimes virtuais que vem ocorrendo pela internet, estamos aqui tentando normalizar nossas atividades. E para isto precisamos conferir os lesados por estes crimes que vem acontecendo. Por favor confira Aqui se sua conta sofreu variações ou transações desconhecidas. Banco do Brasil, preocupado com seus clientes, preocupado em fazer amigos."

Mensagens ainda piores em estilo, gramática e ortografia já conseguiram levar no bico, em vários bancos, mais correntistas do que se pode contar. E pensar que um reles mortal que deseje abrir uma continha de poupança no Banco do Brasil precisará de 500 reais iniciais!

Em todo caso, o link da mensagem apontava para um site funcionante e registrado a uma pessoa jurídica segundo os ditames legais brasileiros: plantaobb.com.br. Esse link redireciona o usuário à "home" fajuta do BB hospedada em plantaobb.vilabol.uol.com.br, uma página do serviço grátis BOL.

Todos sabem que é mais fácil criar um site grátis do que comprar picolé na padaria. Resta saber o que um domínio registrado (e cujo detentor, portanto, é fácil de rastrear) tem a ver com o golpe.

Investigamos em Registro.br quem estava por trás do domínio plantaobb.com.br. O nome da entidade não é referido em nenhuma outra página indicada no Google, o CNPJ da empresa não é localizado na Receita, não há rua com aquele nome em São Paulo e o CEP não está cadastrado nos Correios -- a referência mais próxima àquele número fica em Santana de Parnaíba, em conflito com a região do telefone. Liguei para aquele número e caí numa marcenaria no Pacaembu, na capital; recitei o nome do responsável pela entidade e ninguém sabia de quem se tratava.

A pessoa física detentora do ID da entidade também não foi encontrada nas buscas na Internet - muito menos por quem estava do outro lado da linha, pois seu nome era desconhecido. Pelo menos aqui o endereço era verossímil.

O Registro.br aceitou dados totalmente falsos.

O novo golpe, sob a fachada de proteção contra velhos golpes, foi armado num piscar de olhos. Tanto os registros da entidade quanto do responsável foram feitos há apenas dois dias, em 4 de novembro. Tempo suficiente para os vigaristas da Internet, tempo de menos para a mais básica das verificações de dados. Ai de nós.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Quinze anos de carreira (parte 3)

Na época em que murchavam as aventuras impressas da Casseta e do Planeta, comprei meu primeiro modem. Era praticamente o único modelo que funcionava no meu modelo de MSX e podia ser adquirido em loja. Comecei a acessar precariamente: o modem era tão lento que era barrado nos dois BBSs mais influentes. Não estavam errados, pois o modem "paraguaio" mais vagabundo para PC era oito vezes mais rápido que o meu; usuário de MSX passava tempo demais conectado, impedindo que outros acessassem, e pouco contribuía à comunidade. Mas havia dezenas de BBSs, quase todos amadores, que agüentavam a barra. Eu acessava uns nove ou dez alternadamente, mas só era usuário freqüente de três BBSs, no máximo.

Eu aproveitava um subconjunto das atrações do BBS: as salas de bate-papo, ocasionalmente (nada de muito impressionante: se fosse um BBS enorme, entravam cinco ou seis pessoas de cada vez, se tanto), e a troca de mensagens, sempre. O resto funcionava mal (jogos online, em interface de caracteres mesmo) ou não funcionava (acervo de programas, que todo BBS fornecia, mas poucos títulos rodavam em MSX). Foi aí que começou a cair a ficha da diferença entre padrão de mercado e otimismo otário: o retorno do meu investimento de informática seria tanto maior quanto mais gente usasse sistemas compatíveis com o meu. É a famosa lei de Metcalfe, inescapável, ignorada no Brasil em favor da fé no planejamento central e do orgulho de ser do contra. O uso de BBS foi determinante para que, em questão de meses, eu dispensasse o MSX em troca de um PC.

O sistema BBSiano de mensagens era melhor que o da Usenet ou das listas de discussão, onde todas as mensagens são públicas, ou do e-mail comum, onde todas são privadas: salvo indicação contrária, uma mensagem de Fulano para Sicrano poderia ser lida por todos que acessassem aquele board temático. Parece pouco, mas todo mundo podia meter o bedelho em qualquer discussão. Isso criava um sentido de comunidade fortíssimo, sem comparação no mundo dos contatinhos fugazes da Internet. Os BBSs, grandes e pequenos, se associavam em redes e trocavam mensagens entre si. Desse modo, qualquer mensagem podia ser ecoada no Brasil e (raramente) no exterior. Era um bocado de poder para um conglomerado de sistemas que a companhia telefônica fingia que não existia, sem visibilidade popular (o trabalho "evangélico" do Informática Etc. era das poucas exceções) e sem apoio do comércio não-muambeiro.

Mais divertidos ainda eram os encontros de usuários. Em meus primeiros dias de BBSiano, em 1992, quase todos eram realizados em bares ou restaurante entre Leme e Leblon, a região onde quase todos moravam. Só um pouco mais tarde é que ganharam força os encontros na Zona Norte e - pasmem! - em Niterói. Além dos encontros mensais regulares, inventava-se encontro por qualquer motivo, como se os eventos sociais fossem um lembrete permanente de como é fútil a vida online sem um pé no mundo real. Esse equilíbrio acabou abrindo novos caminhos para minha carreira... o que explicarei no próximo capítulo.

O artigo abaixo foi publicado aqui. Confiram.

Napster: percam as esperanças



Neste 28 de outubro o novo Napster entrou no ar. Do antigo, nada resta além do nome. Na primeira versão, o programa/serviço apresentou aos internautas as maravilhas do troca-troca irrestrito de arquivos de música, para horror dos detentores dos direitos autorais. Pois a nova encarnação do Napster segue o caminho aberto pelo iTunes e vende faixas de áudio. Até com direito a cartão pré-pago para que o internauta possa comprar seus álbuns feitos de bits sem mexer com cartões de crédito. Eis o tamanho do milagre que o novo Napster espera: por que a meninada abriria a carteira para conseguir músicas que as redes de pirataria fornecem a custo zero?

Se hoje é tão fácil conseguir qualquer arquivo na Internet, talvez o Napster (o velho) seja menos culpado do que faz crer a aura lendária que se criou em torno da marca. No dia em que saiu do ar, e já faz quase três anos, o maior patrimônio do Napster era a fidelidade dos internautas. Como eram os próprios usuários que forneciam as músicas (rede peer-to-peer é isso), o valor do acervo do Napster era bem maior que o dos sistemas concorrentes. Mas já estava tecnicamente obsoleto: só funcionava em Windows, só permitia baixar arquivos MP3 (programadores espertos criaram truques para vencer essa limitação, mas sem grande popularidade), não reiniciava transferências interrompidas e não permitia que um arquivo fosse baixado de várias fontes ao mesmo tempo.

O sucesso do Napster atraiu dúzias de imitadores e três ou quatro competidores sérios. Nenhum superava o Audiogalaxy Satellite, que buscava não só o que estivesse na rede naquele momento, como tudo que já tivesse sido distribuído por seus usuários algum dia. Bastava ao caçador de MP3 selecionar centenas e centenas de músicas e deixar rodando dia e noite o pequeno programa Satellite: quando algum outro usuário entrasse no sistema com um arquivo daqueles, o download começava imediatamente. Como o Napster, tinha a desvantagem de só servir para intercâmbio de músicas. A rede Gnutella, que ainda existe, libera qualquer tipo de arquivo e não depende de um servidor central de banco de dados (na prática, a Gnutella não pode ser "desplugada" como foi a rede do Napster). Já teve melhores dias, mas sofreu com programas-clientes que espantavam a freguesia. Resultado: atualmente a rede FastTrack, muito semelhante à Gnutella, reina absoluta, a bordo do sucesso do competente Kazaa - e, para quem sabe das coisas, de sua versão "paralela", Kazaa Lite. Nem a rede tecnicamente mais privilegiada, a eDonkey2000, chega perto... por enquanto.

Todas essas redes foram, ou continuam sendo, bombardeadas pelas associações de defesa dos direitos autorais, RIAA à frente, e por iniciativas de artistas individuais (não necessariamente os campeões da parada de sucessos). A batalha judicial do Napster foi interminável, mas os confiantes usuários não se abalaram. Quanto mais crescia o dramalhão maniqueísta da empresa que surgiu do nada e incomodou os tubarões multinacionais da indústria fonográfica, mais a fauna de militantes marxistas, ciber-hack-ativistas, intelectuais da tecnologia de ponta, juristas espertos, esquisitos da Califórnia e puxa-sacos de moleques vestia a máscara de advogados de quaquilhões de internautas. Teria feito algum sentido se o Napster fosse mesmo a redenção dos oprimidos contra os gigantes da música. Não era.

O Napster original era um exemplo perfeito da febre especulativa da bolha pontocom, quando oitenta mil empresas iniciantes ofereciam ao usuário quase tudo por quase nada, de olho na fonte inesgotável de dinheiro dos investidores. Naquele tempo era considerado louvável que uma loja virtual vendesse por 9,99 dólares a fita de vídeo que custava 15 dólares no atacado (Titanic estava em alta e pouca gente usava DVDs) - o dumping fez tanto barulho que a tal loja foi comprada por uma concorrente por um caminhão de dinheiro, cobrindo com folga a perda de 5,01 dólares por unidade e ainda recheando as contas bancárias dos autores da idéia. É claro que a festa da grana fácil não poderia durar para sempre.

Só que o Napster era ainda mais radical: nunca pretendeu vender nada, nem por preço simbólico, que não fossem suas próprias ações e debêntures. Em fins de 2000 cumpriu sua razão suprema de existir no mundo dos negócios quando foi comprado pelo conglomerado Bertelsmann e logo fechado "para obras". Abriu-se uma avenida de oportunidade aos concorrentes, que transformaram as façanhas do velho Napster em fichinha. Hoje, com as bênçãos de conexões rapidíssimas a baixo custo, os internautas ignoram solenemente as ameaças da RIAA, pirateiam CDs inteiros com a facilidade com que antigamente só conseguiam catar faixas individuais e transferem mundo afora duplicatas de DVDs com a mesma qualidade dos originais. E o novo Napster, vendedor de músicas, é relançado pela Roxio, a importante produtora de software para gravação de CDs em casa. Alguém deve ter se surpreendido.

Crítica de cibercafés (1)


O que esperar quando você está longe do trabalho e precisa acessar a Internet? Na caixinha de surpresas dos cibercafés, só não conte com um mouse limpo. O padrão é nem conseguir controlar minimamente o cursor na tela sem antes abrir o fundo do mouse (vá em frente, isso é perfeitamente possível!) e raspar a sujeira que se acumula há eras nos roletes internos. Não é só um problema de falta de manutenção. Os mouse pads padrões não absorvem a umidade: transferem-na toda, junto com a poeira, para a esfera emborrachada, o que causa grande parte dos "defeitos" do mouse. Isso tudo vale para os cibercafés que não sejam dotados de caros (portanto, raros) mouses ópticos; fora esses, se achar um mouse limpo num micro de aluguel, pode mandar rezar uma missa de Ação de Graças. Por isso, em minhas andanças (anônimas, pagando as contas integralmente) por cibercafés, já desisti de registrar esse tipo de problema.

High Score - Shopping Bay Market, Centro, Niterói, RJ. Por 4 reais a hora o usuário recebe um computador com Windows XP, bem rápido, ainda que não livre de alguns "soluços" exasperantes. A administração remota mantém a instalação razoavelmente livre de programas estranhos, mas é tão rigorosa que não permite nem imprimir uma pagininha sem a intervenção do funcionário. Funciona mais como lan house do que como ponto de acesso à Internet, o que explica o bom monitor de 17 polegadas em ótima posição para os olhos. Se for de seu gosto, vá fundo; difícil é controlar os gritos da garotada (dos males, o menor: a lei draconiana do Rio, capital, contra as lan houses ainda não foi imitada por Niterói). A posição do gabinete, lá no alto, em combinação com a iluminação reduzida, dão uma impressão claustrofóbica, mas as mesas são suficientemente amplas.

quarta-feira, outubro 29, 2003

A entrevista ao Comunique-se


Sim, agora eu é que acabei sendo entrevistado. :-) O original está aqui, mas só para cadastrados.


Do offline para o online (e vice-versa)

Mario Lima Cavalcanti

Em uma conversa por ICQ, pedi ao jornalista Paulo C. Barreto, grande veterano da Internet no Brasil, que sugerisse um tema para minha coluna no qual fosse interessante tanto para os jornalistas que já estão no mercado quanto para os que ainda estão aprendendo o be-a-bá.

Há mais de 10 anos no mercado editorial de informática, colunista do site do jornalista Diego Casagrande e colaborador regular da redação da revista Info, Paulo C. Barreto sugeriu um artigo que abordasse como a experiência offline pode ser aplicada online. Então perguntei: por que você mesmo não conta isso? Em entrevista por email e por ICQ, PC Barreto contou um pouco das suas experiências no offline e no online e aponta algumas tendências para a área de jornalismo digital. Acompanhem abaixo:

Comunique-se - Você está há mais de 10 anos no mercado editorial de informática. Como se deu seu ingresso no cenário de jornalismo online?

PC - Meu primeiro artigo para O Globo, de 1994, saiu primeiro online no Centroin BBS, ainda na era pré-Internet. O universo dos BBSs ainda era muito restrito e praticamente todos se conheciam, ou de encontros de usuários, ou pela presença regular nos fóruns. Foi assim que fui "descoberto" pela Editoria de Informática do Globo. A partir daí, descontando os artigos que fiz para mídia impressa que acabaram sendo republicados em sites, meu primeiro trabalho jornalístico 100% online começou em 1998, na revista eletrônica Aqui!, um conceito brilhante de Fernando Villela que foi levado adiante com competência e profissionalismo dentro do Cadê?. Lá eu fazia uma coluna semanal com dicas de shareware e freeware, e também uns tutoriais e FAQs sobre vários assuntos técnicos em evidência.
 
Comunique-se - Você tem uma boa experiência em offline. A maior parte da sua carreira foi no impresso? Enfim, como você acha que essa experiência offline pode ser aplicada online?

PC - Em  termos de tempo de carreira, é equilibrado. O offline é a base de tudo. Comecei ainda no tempo da máquina de escrever; quer mais analógico do que isso? :-) Não há nada como ler impresso, sem monitores cansativos, sem baixas resoluções, de um modo que se preste mais a leituras aprofundadas. Isso exige mais de quem escreve. Na tela, parece que todos fazemos uma espécie de leitura dinâmica. Por isso os autores online acabam se safando de tantos descuidos ortográficos, gramaticais, factuais e lógicos. Pensam assim: para que caprichar em algo que daqui a algumas horas poderá estar obsoleto? Em Internet tudo é realmente muito rápido e objetivo (se não captar a mensagem em menos de cinco linhas, o leitor se cansa e vai ver outro site), e é natural que o autor precise se adaptar a um público heterogêneo e sem fronteiras. Mas se devemos escolher um aspecto do offline que faz falta online, é o equilíbrio entre um controle de qualidade mais apurado dentro da redação e um nível de exigência mais alto por parte do leitor.
 
Comunique-se - Como você analisa essa crescente bola de neve que é o universo blog?
 
PC - Quase tudo já foi dito sobre os aspectos positivos dos blogs como ferramenta para disseminação democrática de informação. Nem preciso acrescentar muito. O problema é que sobram louvores à febre blogueira e faltam as necessárias críticas negativas, ou, no mínimo, um sopro de desconfiança sobre algo com que, aparentemente, todo mundo concorda. Blogs não são novos, mas atingiram o status de fenômeno com o estouro da bolha pontocom. As empresas de Internet desinvestiram brutalmente em conteúdo próprio de qualidade, ao mesmo tempo em que investiram em esquemas nos quais o próprio internauta alimenta as atrações: salas de bate-papo, hospedagem de sites pessoais, fóruns de discussão e - por que não? - blogs. A empresa operadora do blog deixa a máquina rodando com manutenção mínima, os blogueiros suam a camisa por audiência como quaisquer donos de sites (nada mais natural; sem audiência, o conceito mesmo de informação democratizada não faria sentido) e a operadora vende espaço para banners. E o garoto que escreve "pow ae kra blz" em blog feito para os amigos ainda acha que sai no lucro. Acima de tudo, não podemos nos deixar levar tão facilmente por argumentos que confrontem o ambiente anáquico da blogosfera ao "monopólio da informação". 95 por cento do conteúdo dos blogs é plenamente descartável; o resto, se é que incomoda de verdade, só merece desdém do establishment midiático: "ora, não passa de meia dúzia de fracassados que só consegue espaço para escrever em blogs mesmo".
 
Comunique-se - O formato weblog tem se mostrando bem eficiente em termos de veículo noticioso e posso até arriscar em dizer que os blogs representam para muitos a primeira experiência em termos de jornalismo online. Baseado nisso, você acredita no processo inverso, ou seja, que o exercício de blogar pode contribuir, em termos de redação, para aqueles que só têm experiência no online e vão trabalhar no offline?
 
PC - Certamente o formato blog tem vantagens que podem ser bem apreciadas offline. Quem escreve na Internet não pode desperdiçar espaço: o recado tem que ser passado em poucas palavras. Pretensões literárias devem ficar em segundo plano: espaço impresso, ou tempo de rádio e TV, custam uma nota preta. Além disso, o blogueiro sabe que está numa comunidade, que há dezenas ou centenas de blogs parecidos com o dele, seja no conteúdo, seja na aparência. Diferenciar-se do rebanho é o jogo da sobrevivência. No offline, quem vai começar a fazer isso a sério? Quem leu um grande jornal, leu todos; os mesmos que acusam a imprensa brasileira de venal, superficial e tendenciosa não têm a menor vergonha de embarcar na unanimidade mais óbvia.
 
Comunique-se - Em sua opinião, quais são as tendências para os próximos anos no cenário de jornalismo digital?
 
PC - O formato blog parece ter vindo para ficar. Acostumem-se. Ainda não é comum encontrarmos blogueiros profissionais, mas essa também é uma tendência inevitável na medida em que o oceano de blogs chinfrins avançar sobre a credibilidade do meio. Mas será uma transição de muita tensão entre "jornalistas" e "blogueiros", seja lá qual for a distinção exata. As conexões rápidas permitirão um reforço nas imagens, um item ainda em segundíssimo plano nos noticiários online -- a tradição da Internet é focada em texto, desde o tempo das letrinhas verdes sobre fundo preto. A própria blogosfera já se adiantou: cada vez mais os fotologs dividem espaço com os blogs tradicionais. Outra tendência benéfica para o jornalismo digital: a política de portais está com os dias contados. Esse resquício da febre especulativa da "Nova Economia" já vai tarde. Quem tem saudades? Site bom anda com as próprias pernas; se depende do portal, pelo um dos dois faz mau negócio.
 
Comunique-se - Algumas pessoas apostam em cross content como um caminho natural no jornalismo digital. Você concorda?

PC - O caminho certamente é esse. A versatilidade é benéfica tanto para o veículo quanto para o profissional.


quinta-feira, outubro 23, 2003

Da Anatel aos disquetes

Em sua luta contra o monopólio das telecomunicações, a Anatel tomou para si o monopólio do bom senso. Exemplos não faltam. Espero que os usuários de telefones celulares se lembrem dos contratos vantajosos que as operadoras ofereciam com estardalhaço. Passe um pente fino e busque as cláusulas que os gênios de Brasília não rasgaram.

A adoção, na marra, dos códigos de operadora nas chamadas interurbanas via celular, tal como já ocorria na telefonia fixa, deve até ter feito a satisfação de alguém fora da muralha burocrática da Anatel. Liberdade de escolha, dizem. Nem uma palavra sobre os usuários que já tinham celebrado contratos de tarifa fixa na área de cobertura de sua operadora. Lembra do plano que permitia fazer ligações em todo o território do estado a preço de chamada local? Da noite para o dia essas cláusulas foram revogadas: até para cidades vizinhas as ligações passaram a ser consideradas interurbanas - e cobradas como tais.

O usuário reclama com a operadora. A operadora nada pode fazer, pois só cumpre, no varejo, as ordens da Anatel (um cipoal de resoluções pelas quais a Anatel legisla sem Legislativo) e, no atacado, um conjunto de metas arbitrárias e mirabolantes. Deve ser por isso que os seguidores de Stálin estão todos em Brasília, perto da Anatel, em torno da Anatel e - por que não? - dentro da Anatel.

*****

A Dell, ainda que tardia, seguiu o exemplo da Apple e jogou a toalha: desistiu de incluir drives de disquete em seus computadores. E as pequenas montadoras, quando perceberão o óbvio? Exceto para manter compatibilidade com equipamentos antigos, floppies no século 21 já não fazem o menor sentido. Usuário típico, que acabou de tirar o micro da caixa, não foi do tempo dos equipamentos antigos: já está acostumado com CD-Rs (e, cada vez mais, DVD-Rs) baratinhos e gravadores onipresentes. Em todo caso, redes existem para jogar arquivos de um lado para o outro. E para levar arquivos no bolso, não inventaram nada melhor que a memory key. Se não for o seu caso, provavelmente você se lembra de tempos bem mais bicudos.

Em 1994 escrevi para O Globo um artigo sobre o WinCat, um programa shareware. Para efeitos de comparação, citei o preço do registro do programa como equivalente ao de uma caixa de discos flexíveis (dez unidades de 3,5 polegadas e alta densidade, o mesmo padrão de hoje) de ótima qualidade: uns 15 dólares. De tão caros, ou o usuário racionava os disquetes, ou relaxava no controle de qualidade em busca de melhores preços. Assim perderam-se muitos dados preciosos. De qualquer forma, disquetes nunca foram muito confiáveis mesmo, apesar de já terem sido tratados com mais respeito pela indústria. As caixinhas de papelão eram maiores, pois os disquetes eram embalados em envelopes plásticos individuais. A prática foi abortada "a bem da ecologia", mas o consumidor conhece de longe o cheiro da sovinice.

O que impressiona é notar que já existiram inúmeros formatos de disquetes. Todos foram varridos do mapa, os Zip Disks (que um dia já foram mais vantajosos que CDs) vão acabar seguindo o mesmo caminho, e os concorrentes diretos do Zip Disk praticamente não deixaram vestígios. Para a decadência de todos, o mesmo motivo: não são baratos, nem práticos, nem rápidos, nem resistentes, muito menos espaçosos. Os floppies resistem com veículo de vírus, mídia de compatibilidade confortavelmente garantida e sopro de vida a computadores em avançada decadência.

O quê? Decadência? Já posso prever que o ilustre usuário vá pedir menos arrogância e mais respeito a seu 486 velho de guerra (há máquinas ainda mais antigas, mas não vamos nos estender muito). Aceito a crítica, desde que o queixoso revele quanto pagou pelo 486 no tempo que aquele era um computador zero-quilômetro e conte quantas pessoas tinham computador naquela época. Aí, sim, poderemos falar em "exclusão" sem cair em frases feitas. Mas esse é um assunto para outra coluna.

sexta-feira, outubro 17, 2003

Já nas bancas!

Guia de Carreira em TI


Mais um especial da INFO... com a minha participação. Confiram já (o site só tem a lista de atrações; conteúdo mesmo, só no papel)

quinta-feira, outubro 16, 2003

Se é Bayes, é bom?



A nova onda do antispam são os filtros bayesianos. Os spammers sorriem de orelha a orelha; os usuários estão mal servidos.

Depois de tentativas bem-intencionadas (mas associadas a serviços pagos, o que é anátema para 99% dos usuários domésticos), tendo à frente o SpamNet, é a vez dos concorrentes grátis, como o SpamBayes. Tanto um como outro analisam as mensagens que entram e as confrontam com uma série de critérios que definem o que é e o que não é spam.

O que for considerado definitivamente spam vai para a pasta "Junk E-Mail"; se o programa tiver dúvidas, a mensagem é filtrada para a pasta "Junk Suspects". Então o usuário humano pode passar o pente fino e identificar sozinho os falsos negativos e os falsos positivos. Nesse processo, o SpamBayes vai ficando cada vez mais sábio, o que aumenta a precisão ds filtragem.

Perfeito? Na prática, a teoria é outra. Antes de mais nada, o SpamBayes não tem como impedir que as mensagens indesejadas sejam downloadeadas. Aquele anexo gigante, totalmente não-solicitado, será inteiramente baixado antes que o filtro entre em ação. As companhias telefônicas devem sorrir de orelha a orelha. Segundo, a seguir a configuração padrão, mesmo as piores mensagens são efetivamente armazenadas em pastas acessíveis, e quaisquer vírus ou cavalos de Tróia contidos nessas mensagens poderão ser acionados por descuido. Terceiro, o SpamBayes não garante qualquer meio de evitar comportamento reincidente dos spammers -- quem envia o spam não recebe nenhum sinal de que sua mensagem foi barrada no meio do caminho.

No fim, a leitura da caixa de entrada pode até ficar mais limpa e objetiva; no segundo plano, o spam continuará entrando, consumindo largura de banda e expondo o usuário a certos tipos de "acidente". E o usuário jamais ficará totalmente livre da brincadeirinha de identificar os amigos que são inimigos e os inimigos que são amigos. Mas sem conseguir barrar nenhum indesejável.

Ainda sou mais o MailWasher, que não depende de nenhum programa de e-mail em particular faz a seleção devida com as mensagens ainda no servidor. Pena que, na versão atual, só os pagantes consigam filtrar mensagens de mais de uma conta.

Quinze anos de carreira (parte 2)

O período como colaborador da Casseta e do Planeta durou aproximadamente enquanto os dois grupos se mantiveram relativamente separados e interessados em suas publicações. Sempre mantiveram relações cordiais, fizeram shows juntos desde mil novecentos e antigamente, gravaram disco juntos, escreviam para televisão juntos desde 1988; fizeram Doris para Maiores em 1991; viraram astros de seu próprio programa em 1992. A fusão definitiva era questão de tempo. Casseta e Planeta, as publicações, foram para o brejo, reuniram-se numa revista única onde botaram água no feijão do projeto original; ainda assim, durou até 1994 ou 1995, quando as crianças já imaginavam que os "cassetas" eram invenção recente da Globo. Àquela altura eu já estava longe.

Em fins de 1992 comecei a escrever para a Mad brasileira, ironicamente (que nada tem a ver com O Lado Irônico do Dave Berg) numa fase em que eu nem estava lendo a revista. Mas já fazia tempo que eu sabia tocar de ouvido todas aquelas sátiras de cinema e TV, Livros do Ódio, Respostas Cretinas, entrevistas, jogos dos erros, invenções malucas e o que mais aparecesse. Foi uma colaboração praticamente contínua até fins de 1996, na companhia de grandes craques do texto e da arte. (continua...)

quarta-feira, outubro 15, 2003

Um guru contra o progresso

Um guru contra o progresso

Por Paulo C. Barreto - 14/10/2003

Nicholas Negroponte diz que computadores deveriam ser mais baratos. Em busca de culpados, demitiu a lógica.

Negroponte, guru da alta tecnologia, em entrevista à revista Istoé Dinheiro, acusa a Intel e a Microsoft de manter os preços dos computadores artificialmente elevados, nestes termos:

A cada ano, a Intel aumenta a capacidade de processamento do computador e a Microsoft faz um software ainda mais complicado. A todo momento eles anunciam aperfeiçoamentos e características novas e, claro, mais caras. Isso acontece porque a indústria não quer encarar o seu produto como uma mercadoria de baixo preço. Em 1985, o meu Macintosh 512, da Apple, satisfazia boa parte das minhas necessidades. Hoje esse mesmo equipamento deveria custar menos de US$ 10. Então, a pergunta que se faz é: por que os computadores são tão caros hoje em dia? Nós precisamos parar com esse movimento o mais rápido possível. E um dia nós vamos conseguir.

Mesmo considerando que o Macintosh não usa processador Intel nem sistema operacional Microsoft, o exemplo serve perfeitamente -- para derrubar a teoria do próprio Negroponte. Nada mais natural que um Mac 512 saia hoje por menos de 10 dólares (em termos de mercado dos EUA; entre os brasileiros, que dependiam dos contrabandistas, essa máquina era muito rara), quando na época do lançamento custava 3.300 dólares, fora os impostos. Com direito a 512K de RAM, um único drive de disquete de face simples e o monitor preto-e-branco de nove polegadas que os colecionadores elevaram à categoria de "clássico".

Se Negroponte tivesse guardado os 3.300 dólares debaixo do colchão, mesmo sem considerar a alta do custo de vida e o quanto o dinheiro teria rendido na mais conservadora das aplicações, ainda hoje o guru do MIT poderia fazer uma bela farra nas lojas de computadores. O PowerBook G4, topo da linha de notebooks da Apple, sai por 3 mil dólares na loja virtual de fábrica, sendo que desta vez temos um micro totalmente portátil, com direito a visor de cristal líquido de 17 polegadas, mil vezes mais RAM que o Mac 512, disco rígido de 80GB, gravador de DVD, USB, FireWire, Gigabit Ethernet, Bluetooth, 802.11g e outros "aperfeiçoamentos e características novas" em que Negroponte tascou a pecha de "mais caras" (desnecessário entrar nos detalhes do pacote de software que acompanha o PowerBook G4; consultem www.apple.com).

É dinheiro demais por um computador? A mesma loja está recheada de opções mais baratas, provavelmente de custo/benefício superior. Certo, mesmo, é que naqueles tempos Negroponte investiu bem ao trocar seus dólares por um computador capaz de se pagar várias vezes -- um aspecto do valor da informática que as análises ideologicamente enviesadas fingem que não vêem -- mesmo que, antes disso, tivesse se consumido em interrogações diante das vitrines: "por que os computadores são tão caros hoje em dia?" (Boa pergunta. E no tempo do cartão perfurado eram mais baratos?).

Há um único motivo para o Mac 512 hoje não custar nem 10 dólares: desde os anos 80 a Apple lançou dúzias e dúzias de novos Macs cada vez mais poderosos. O que ocorre com os computadores da Apple se repete, no mínimo, com o mesmo ímpeto no mundo dos PCs -- e estes ainda são mais baratos que Macs comparáveis. A perda de valor de computadores antigos desafia qualquer cálculo de depreciação, para a felicidade dos caçadores de pechinchas. Mesmo que não seja economicamente viável ao usuário típico comprar o topo de linha, a mera existência de um produto mais avançado puxa inexoravelmente para baixo os preços dos modelos anteriores. Todos saem beneficiados: uns consumidores conseguem máquinas mais poderosas, outros atingem acesso a máquinas mais baratas. Mas acredite: no fundo, no fundo,"parar com esse movimento o mais rápido possível" deve trazer ao usuário algum benefício que Negroponte não ousa revelar...

Não apenas os computadores não ficam mais caros ao longo do tempo (muito pelo contrário) e as máquinas Intel/Microsoft não são menos acessíveis do que as da concorrência, como as próprias Intel e Microsoft têm competidores tidos e havidos como mais baratos e seguros. A Microsoft tomou conta de quase todo o mercado de sistemas operacionais para PCs. Como resultado de seu sucesso, atraiu concorrência. No início dos anos 90 o OS/2 estava muito bem posicionado para enfrentar a dupla DOS/Windows: era riquíssimo em recursos, oferecia estabilidade e funcionalidade e era um produto IBM. Como exigia grandes quantidades de memória RAM (um componente que passava por uma fase de escassez e preços altos), ficou para trás.

Mas por essa época começou a crescer sem parar uma oferta ainda mais vantajosa. Se o custo da licença de uso do Windows não compensa? O Linux não é cobrado, pode ser customizado à vontade pelos programadores, é compatível com diversas plataformas, roda bem até em micros relativamente defasados, não apresenta as falhas de segurança pelas quais o Windows é tão criticado e aceita milhares e milhares de programas igualmente grátis. Por estar cada vez mais útil e amigável, o Linux se aproxima de milhões e milhões de usuários inexperientes (não fosse a pressão de enfrentar o Windows, a história poderia ter sido outra; de qualquer forma, o usuário saiu ganhando).

O leitor desavisado, ao se deparar com a entrevista de Negroponte, deve pensar que a Intel está sozinha no mercado e inventa chips novos num estalar de dedos -- ou, pior, tem uma fonte que jorra chips magicamente sem parar. Criar um novo microprocessador envolve estudos bilionários, e são consumidos outros bilhões para montar fábricas destinadas à vida curta: lançado um novo chip, é preciso começar (e gastar) tudo de novo. Por que a Intel se obriga a essa corrida estonteante? Se deixar a peteca cair, será superada pela AMD em pouco tempo. A AMD, que também mantém excelentes relações com a Microsoft, desde os anos 80 consegue a façanha de oferecer processadores centrais (no mínimo) funcionalmente equivalentes aos da Intel, só que mais eficientes e mais baratos.

O vaticínio de Negroponte de "parar com esse movimento", se cumprido, daria uma folga monumental à Intel: bastaria manter a mesma fábrica produzindo o mesmo chip de sempre por dez, quinze, vinte anos, sem que os preços caíssem brutalmente, multiplicando o retorno do investimento -- desde que fosse garantida a demanda pelo chip e eliminada a pressão tecnológica da concorrência. Como no futebol, a tática é brilhante, mas só falta combinar com o adversário.

É até razoável esperar de usuários comuns palpites como esse. Mas Nicholas Negroponte não é burro. Ele sabe com quem está falando, e quando fala, os donos do poder da tecnologia da informação escutam. Podemos tomar suas palavras como uma medida razoável do ponto a que chegou o conceito que faz a comunidade de TI do sucesso de uns e do fracasso de outros.

Xingar é fácil. Fazer comparações em bases honestas, por sua vez, parece uma façanha ao alcance de poucos.

quinta-feira, setembro 25, 2003

Quinze anos de carreira (parte 1)

Parece que foi hontem: descontadas as egotrips de infância que nunca saíram dos cadernos, escrevo profissionalmente desde setembro de 1988. Tudo começou na Casseta Popular (a revista, não o programa de TV), onde, depois de muitíssima insistência, consegui publicar o capítulo 1 de um folhetim que saiu com o título "Depreciação Moral" (foi uma pequena confusão editorial: usaram o título do capítulo como título do folhetim todo, mas até que ficou legalzinho). Foi a primeira de muitas participações na Casseta e no Planeta Diário. O vestibular foi naquele mesmo ano. Foi um vestibular difícil a não mais poder (fiz dois, passei em um); no entanto, o trabalhinho paralelo não atrapalhou o mergulho nos estudos.

Anos depois, em 1992, a Casseta e o Planeta (a revista e o jornal, não os respectivos grupos criativos) mergulharam em decadência, mas no fim daquele ano comecei a fornecer meus serviços de humor à Mad brasileira. O pontapé inicial foi nota dez: o Ota (sim, ele existe) não quis nem saber se eu já tinha sido da Casseta ou do Planeta, desde que o trabalho que eu apresentasse fosse bom. Foram quatro anos de colaboração quase contínua e, depois disso, uns trabalhinhos ocasionais.

Mas aí eu já atuava na imprensa de informática. Comecei na Micro Sistemas, que me pagou em assinatura anual (que cedi a um colega antes do fim) e na CPU, que, como de costume, prometeu e não pagou. OK, como eram títulos conceituados, para muita gente a mera publicação era a recompensa, mas eu pensava mais alto e os editores pensavam cada vez mais baixo. Não desejava para uma CPU o fim melancólico que teve. Só que, na situação, nada era mais lógico, pois o calote (e seu irmão gêmeo "oferecemos prestígio") gera decadência editorial que gera mais calote.

Muito diferente de certos empreendimentos online que, desinvestindo brutalmente em conteúdo próprio, oferecem espaço "grátis" para blogs como se fizessem um favorzão à Humanidade? Os atentados à língua, o "falow kra blz" que virou idioma de 95% dos blogs, são conseqüências naturais. Não tenho a menor pena dos adolescentes (e como há adolescentes velhos por aí) que, podendo fazer melhor, escolhem rebaixar-se a essa caipirice; tenho, sim, pena de meia dúzia de tecno-pundits que exaltam esse dialeto abominável (ou pelo menos relativizam suas conseqüências) crentes que sua puxação de saco faz algum bem à garotada. Depois eu conto o resto...

Grande, grande, grande!

Copiado e colado daqui, com caixa de comentários e tudo.

Contra Barbudinhos

Pensei em mandar isto para o Instituto Rio Branco, responsável pelo concurso de diplomata que acontece todo ano em Brasília:

When I was in the Diplomatic, things were much better. But I hear they let them in now by examination. What can you expect? Examinations, sir, are pure humbug from beginning to end. If a man is a gentleman, he knows quite enough, and if he is not a gentleman, whatever he knows is bad for him.

Do Capítulo 3 de "O Retrato de Dorian Gray".

Posted by Alexandre at 04:42 PM| Comments (10)

quarta-feira, setembro 24, 2003

Momento Fotolog: recordar é viver


Não é só o seu escritório que é uma zona.

A foto ao lado é um pequeníssimo detalhe da foto do meu ambiente de trabalho caseiro, tirada (em processo 100% analógico) provavelmente no fim do verão de 1999 - não tenho a data exata, mas alguns elementos de cena só surgiram depois do Natal de 1998 e eu só fiquei nesse apartamento até maio do ano seguinte. Clique na fotinha, espere a fotona carregar em janela separada e descubra onde estão...

- O receiver jurássico
- O livro O Pequeno Príncipe
- As revistas Wired
- A resma fechada
- A impressora fora de uso (sim, aquilo é - ou era - uma impressora)
- O primeiro Guia dos Curiosos
- O adesivo da Seagate do tempo em que a Seagate fazia HDs de, digamos, um dólar por megabyte
- O adesivo "eleitoral" histórico
- A lata de biscoitos
- A capa de fita de vídeo
- O livro Apelo à Razão, "escrito" por Perry White
- O Guia de Produtos Tecnológicos da Info, safra 1998
- O rádio-relógio

Por enquanto, já basta. Como foi fácil notar, não tive a menor preocupação em arrumar o ambiente para sair bem na foto. Agora é com vocês, caçadores do tesouro.


Já nas bancas!

Mais um trabalho de primeiríssima qualidade da equipe Info. O Guia do Backup não está online ainda, mas pode ser encontrado nas melhores bancas. Quando tirarem uma casquinha, aproveitem e confiram as minhas matérias:

Passeio pela história - Do cartão perfurado ao DVD
O futuro - Um horizonte de terabytes

terça-feira, setembro 16, 2003

Isto é Brasil

As grandes lojas virtuais brasileiras promovem a Semana.Compre, estrategicamente escalada para coincidir com a greve dos Correios.

terça-feira, setembro 09, 2003

Recordar é viver

Achei nas profundezas do HD. Desculpem os caracteres esquisitos.

============================================================================
Packet: OUTLAW!
Date: 30/12/95 (16:27) Number: 1481
From: Gerson Rissin Refer#: None
To: All Received: No
Subj: LIQUI-DANDO 1/2 Conf: (14) [OT]
Classificados
----------------------------------------------------------------------------
ÉÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ»
º DISQUE xxxxxxx º ÉÍ B = 2
º (021) xxxxxxx ou xxxxxxx ou º º E = 3
º POWERNET - TF: xxxxxxx ÌÍÍ? L = 5
º ^^^^^^^^ Código: xxxxxxx º º O = 6
º Retorno a ligaçäo imediatamente. º ÈÍ W = 9
º Veja no final, remessa via SEDEX º 7
ÈÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍͼ 9
Preços válidos à partir de 30-12-95
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
ÍÍÍÍÍÍÍÍ
Motherboards - ASUS INTEL PENTIUM 100MHz, 120MHz e 133MHz
AMD 486DX4 120MHz
Í_ VEJA AS PLACAS ASUS NA COMPUTER SHOPPER, OUT. 95, páginas 319,
320 e 321, escolhidas como BEST BUY da revista, em 1994.
Í_ As MOTHERBOARDS ASUS receberam o Certificado ISO 9002 DE
QUALIDADE (Certificado # 3EAY011-00), 13/12/94.
Í_ Na INTERNET: http://asustek.asus.com.tw/
Motherboard PENTIUM, 32-bit PCI Bus e 16-bit ISA, INTEL TRITON
Chipset, 256k cache, 4 soquetes para pentes de memória 72 pinos
(EDO ou Fast Page Mode DRAM). Flash EPROM AWARD PCI BIOS (Plug &
Play, Green Feature, NCR SCSI Bios). On board: 2 x PCI Local Bus
IDE Ports, para até 4 periféricos IDE. 1 Floppy Port (para até
2.88MB), 2 Serial Ports (16550 Fast UART Compatible) e 1 Parallel
Port (EPP, ECP Port), IrDA TX/RX Header.
Já com suporte PIPELINED SRAM CACHE para até 512KB.

100MHz Í_ R$ 770 Na caixa
120MHz Í_ R$ 840 original.
133MHz Í_ R$ 1.050

Motherboard VIP (VESA, ISA, PCI), GREEN, 486DX4 120MHz, AMD,
Flash EPROM AWARD PCI Bios, NCR SCSI BIOS, JA' COM LBA, Zif
Socket, 256K cache. Exclusivamente para pentes de memória de 72
pinos, até 128MB. On board: 2 x PCI Local Bus IDE Ports, para até
4 periféricos IDE. 1 Floppy Port (para até 2.88MB), 2 Serial Ports
(16550 Fast UART Compatible) e 1 Parallel Port (EPP, ECP Port),
IrDA TX/RX Header.
120MHz Í_ R$ 385 Na caixa original.
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
Memória SIMM de 72 pinos:
4MB R$ 170, 70ns. (Siemens)
8MB R$ 330, 60ns. (SEC)
EDO 8MB R$ 360, 60ns. (SEC, Siemens)
16MB R$ 590, 60ns. (Hyunday, SEC, Siemens, SEMICON)
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
HARD-DISKS: MAXTOR: 853MB IDE Í_ R$ 260
EMBALAGEM CONNER: 1.26GB IDE Í_ R$ 320
LACRADA. MAXTOR: 1.62GB IDE Í_ R$ 400
SEAGATE: BARRACUDA 2LP 2.147GB SCSI Í_ R$ 1.200
SEAGATE: HAWK ST-15230N 4.294GB SCSI Í_ R$ 1.400
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
KIT MULTIMIDIA SOUND BLASTER PERFORMANCE 6X - IDE CD-ROM HEXXXXXXXA
SPEED, SOUND BLASTER 32, Stereo Speakers, 23 títulos. R$ Í_ 650
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
SOUND BLASTER 32, PLUG & PLAY - Nova geraçäo de placas de som,
PLUG & PLAY. Professional Wavetable synthesis with 3-D Stereo
Enhancement Technology for the discriminating gamer or musician.
R$ Í_ 250
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
CD-ROM QUAD-SPEED (4X) ACER, IDE.
Anúncio de página inteira na Computer Shopper de OUT. 95, pg. 175.
* 600 Ksec data transfer rate * 250 Msec access time
* Voce liga simplesmente na sua IDE, a mesma que já controla um HD.
O cabinho de áudio, conecte diretamente na sua SOUND BLASTER.
Rode o software de instalaçäo e ponto final.
* Abertura automática da gaveta. Í_ R$ 225
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
IOMEGA ZIP DRIVE PARALLEL (Na embalagem original lacrada)
Drive externo, pesando menos de meio quilo, quase com uma performance
de um hard-disk e com uma capacidade ilimitada, já que utiliza
disquetes de relativamente baixo custo, de 100MB cada um. Voce pode
colocá-lo na posiçäo horizontal ou vertical. Liga-se na saída paralela
do micro. A sua impressora, voce liga no ZIP DRIVE. Simples, simples.
Tempo de acesso: 29ms. Velocidade de transferência de até 1MB/seg.
Trabalha como se fosse mais um hard-disk.
EMBALAGEM ORIGINAL LACRADA (com 1 ZIP DISK de 100MB)
+ 3 ZIP DISKS DE 100MB PREFORMATADOS ÍÍÍÍÍÍ_ R$ 425
+ 6 ZIP DISKS DE 100MB PREFORMATADOS ÍÍÍÍÍÍ_ R$ 515
1 ZIP DISK PREFORMATADO ÍÍÍÍÍÍ_ R$ 35

IOMEGA ZIP DRIVE SCSI (Na embalagem original lacrada)
Taxa de transferência 3X maior do que o ZIP DRIVE na
versäo PARALLEL INTERFACE. 60MB por minuto.
Este modelo é também para os micros Macintosh.
----------------------------------------------
Liga-se numa das saídas da sua placa SCSI ou se preferir, pode
adquirir uma controladora SCSI original da IOMEGA. R$ 90
EMBALAGEM ORIGINAL LACRADA (com 1 ZIP DISK de 100MB) R$ 300
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
DIAMOND STEALTH 64 Video 3200 PCI 2MB VRAM. Até 40 vezes mais
rápida em Windows + MPEG Video Playback. Multimedia Accelerator.
* Real-Time Digital Video Acceleration
* 64-Bit Graphic Performance Í_ * Fast 2MB VRAM _ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
* Flicker Free Refresh to 120Hz * Controller: S3 Vision 968
* Bus Type: PCI 2.0 compliant * Video Output Signal: Analog
* Horizontal Sync Signals: 31.5KHz-96.6KHz
* Vertical Refresh: 43.5Hz-120Hz * Max. Dot Clock Rate: 175Mhz
CAIXA ORIGINAL LACRADA. Í_ R$ 385
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
Fax/Modem US ROBOTICS SPORTSTER 28.800 e 33.600 bps
Novo modelo. PLUG & PLAY para o WIN 95.

Fax/Modem U.S. ROBOTICS 28.800 SPORTSTER, interno. V.34
e o novo modelo já 33.600 bps, externo.
^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^
EMBALAGEM ORIGINAL LACRADA.
Interno 28.800 Í_ R$ 270 Interno 33.600 Í_ R$ 330
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
SVGA PCI-52 GRAPHICS ACCELERATOR 1MB - Placa de vídeo PCI,
1MB.
Made in USA (Upgradable para 2MB).
Especificaçöes: Windows/CAD Engine: * Advance Logic 2302
Interfaces: Compatibility:
----------- --------------
* 8-bit RAMDAC * VBE/Power Management
* 32-bit memory * EPA Green PC Requirement
* VESA Feature Connector * PCI Especification 2.0
* 32-bit PCI Local Bus * VGA, SUPER VGA, EGA, CGA
------------
* PCI Plug & Play compatible. NA CAIXA ORIGINAL. R$ 130
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
MOUSE LOGITECH - 2 BOTÖES. First Mouse. NOVO MODELO para o WIN 95.
Vem com o drive específico e também é compatível com o DOS & WIN
3.x - R$ 50
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
CD-ROM HEXXXXXXXXXXXXXXXXXA-SPEED (6X), IDE.
* 110ms seek time * 900KB/sec tranfer rate
* MPC Level-2 compliant * Power Tray loading
* Voce liga simplesmente na sua IDE, a mesma que já controla um HD.
O cabinho de áudio, conecte diretamente na sua SOUND BLASTER.
Rode o software de instalaçäo e ponto final. R$ 330
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
KIT MULTIMIDIA SOUND BLASTER DIGITAL VALUE CD 4X - Kit de Multimidia
4X da Creative Labs. DRIVE de CD-ROM QUAD-SPEED (4X), PLACA de som
Sound Blaster 16 stereo, alto-falantes e 11 títulos.
NA EMBALAGEM LACRADA. R$ 470
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
Monitor SAMSUNG 15" - Modelo SyncMaster 4 NE - R$ 600
Monitor SAMSUNG 17" - Modelo 17GLi - R$ 1.300
Lacrado na embalagem original. Garantia 4 meses. Procedência USA.
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
Impressora CANON color - Novos Modelos BJC-4100 e BJC-610.
Garantia: 4 meses. Lacradas e na embalagem original. Procedência USA.
BJC-4100 Í_ R$ 600 BJC-610 Í_ R$ 840
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
Controladora UMC PCI IDE DUAL - Para até quatro periféricos IDE.
>>> Continued to next message
-!-
_ SLMR 2.1a _ CALL BELOW-79 ou 23569-79.

--- FMail/386 1.0g
* Origin: .%. wld! .%. W3'R3 B4CK! .%. 55-21-235-2372 .%.
(7:100/2)

============================================================================
Packet: OUTLAW!
Date: 30/12/95 (16:27) Number: 1482
From: Gerson Rissin Refer#: 1481
To: All Received: No
Subj: LIQUI-DANDO 2/2 Conf: (14) [OT]
Classificados
----------------------------------------------------------------------------
>>> Continued from previous message
Duas saídas, primária e secundária. Í_ R$ 40. NA CAIXA.
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
DRIVE NEC - Para voce que sempre quis ter um drive de 1ª qualidade.
NEC 1.44 (3 ½). EMBALAGEM LACRADA. Í_ R$ 55
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
TECLADO MITSUMI - Embalagem original. Procedência USA. Í_ R$ 25
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
Fax/Modem US ROBOTICS COURIER 33.600 V.34 PLUS
FLASH ROM UPGRADABLE. UM MODEM PARA SEMPRE! O COURIER é um modem
profissional e definitivo. Periodicamente a US ROBOTICS lança um
novo upgrade por software e que está à disposiçäo de todos, no
site da empresa na Internet. Como o modem tem uma FLASH ROM
UPGRADABLE, é só rodar o programa para que a nova velocidade
e os novos features sejam incorporados ao modem. Assim, ao
adquirir um COURIER voce passa imediatamente o modem de 28.800
para 33.600 e de V.34 para V.34 PLUS. EMBALAGEM ORIGINAL LACRADA.
Interno: Í_ R$ 550 Externo: Í_ R$ 600
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
Garantia para os demais componentes: 45 dias (baseado no princípio
que os produtos de informática ou däo problema nas PRIMEIRAS 50
horas ou näo däo mais). A garantia näo se aplicará nos seguintes
casos: Choques físicos, curto-circuito, partes danificadas por mau
uso do equipamento, transporte e violaçäo de lacres ou etiquetas.
Qualquer mercadoria a ser substituída deverá vir acompanhada da
embalagem original (se tiver sido recebida dessa forma), com os
devidos manuais e cartöes de garantia.
ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ
Posso enviar alguns componentes para outras cidades, via SEDEX.
Mande mensagem PRIVATE para obter informaçöes mais completas.
Gerson Rissin

-!-
_ SLMR 2.1a _ CALL BELOW-79 ou 23569-79.

--- FMail/386 1.0g
* Origin: .%. wld! .%. W3'R3 B4CK! .%. 55-21-235-2372 .%.
(7:100/2)


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