Quinze anos de carreira (parte 1)
Parece que foi hontem: descontadas as egotrips de infância que nunca saíram dos cadernos, escrevo profissionalmente desde setembro de 1988. Tudo começou na Casseta Popular (a revista, não o programa de TV), onde, depois de muitíssima insistência, consegui publicar o capítulo 1 de um folhetim que saiu com o título "Depreciação Moral" (foi uma pequena confusão editorial: usaram o título do capítulo como título do folhetim todo, mas até que ficou legalzinho). Foi a primeira de muitas participações na Casseta e no Planeta Diário. O vestibular foi naquele mesmo ano. Foi um vestibular difícil a não mais poder (fiz dois, passei em um); no entanto, o trabalhinho paralelo não atrapalhou o mergulho nos estudos.
Anos depois, em 1992, a Casseta e o Planeta (a revista e o jornal, não os respectivos grupos criativos) mergulharam em decadência, mas no fim daquele ano comecei a fornecer meus serviços de humor à Mad brasileira. O pontapé inicial foi nota dez: o Ota (sim, ele existe) não quis nem saber se eu já tinha sido da Casseta ou do Planeta, desde que o trabalho que eu apresentasse fosse bom. Foram quatro anos de colaboração quase contínua e, depois disso, uns trabalhinhos ocasionais.
Mas aí eu já atuava na imprensa de informática. Comecei na Micro Sistemas, que me pagou em assinatura anual (que cedi a um colega antes do fim) e na CPU, que, como de costume, prometeu e não pagou. OK, como eram títulos conceituados, para muita gente a mera publicação era a recompensa, mas eu pensava mais alto e os editores pensavam cada vez mais baixo. Não desejava para uma CPU o fim melancólico que teve. Só que, na situação, nada era mais lógico, pois o calote (e seu irmão gêmeo "oferecemos prestígio") gera decadência editorial que gera mais calote.
Muito diferente de certos empreendimentos online que, desinvestindo brutalmente em conteúdo próprio, oferecem espaço "grátis" para blogs como se fizessem um favorzão à Humanidade? Os atentados à língua, o "falow kra blz" que virou idioma de 95% dos blogs, são conseqüências naturais. Não tenho a menor pena dos adolescentes (e como há adolescentes velhos por aí) que, podendo fazer melhor, escolhem rebaixar-se a essa caipirice; tenho, sim, pena de meia dúzia de tecno-pundits que exaltam esse dialeto abominável (ou pelo menos relativizam suas conseqüências) crentes que sua puxação de saco faz algum bem à garotada. Depois eu conto o resto...
quinta-feira, setembro 25, 2003
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