terça-feira, julho 05, 2005

Dias 3, 4 e 5: more food for thought

"A bolha das dotcom foi causada em grande parte pela crença idiota de que o mecanismo de "branding" iria continuar funcionando tão bem na Era da Informação quanto o fez na Era Industrial que a precedeu. O Venture Capital estava enebriado por "branding" quando depositou bilhões de dólares em companhias sem nenhum valor mandando-as queimar a grana no mercado. Queimando dinheiro, os VCs pensaram, era a única forma de criar "valor de marca" (brand value).

Mas a Internet mudou o mundo completamente. Foi uma receita de asteróide a dinossauros. Mas ao invés de tirar proveito das novas condições criadas pelas rede, os VCs e seus beneficiários decidiram estimular a menos viável condição dos dinossauros: tamanho e dominância. Pior, pensaram que a Nova Economia significava o lado deles do mercado - que era uma questão de oferta e não de demanda. Então se tornaram obcecados com "desintermediação" e "cadeias de valor" mais curtas. Tomaram-se de luxúria pela preposição "to", e queimaram incontáveis bilhões de dólares em opções de empresas com um "2" no meio. Entretanto, os clientes se tornaram mais ariscos do que nunca. As escolhas continuaram a crescer ao ponto deles mesmos desenvolverem suas próprias "soluções" para todos os problemas que os fornecedores obcecados por "branding" falharam em solucionar.

Os tecnólogos estão na liderança deste movimento oferecendo, e escolhendo, mais coisas que simplesmente realizam o serviço melhor do que outras coisas - ou coisas que fazem o serviço tão bem e por menos dinheiro.


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Não sei se vocês se lembram disso, mas em 2000 um imbecil trocou seu nome para DotComGuy, passou um ano inteiro trancado dentro de casa comprando merda pela internet, vigiado por webcams e todo mundo ouviu falar dele. Só que no meio de 2000 a bolha estourou, os patrocinadores desapareceram e quando ele efetivamente saiu da casa, neguinho estava cagando e andando para ele. O otário se fodeu bonito.

Como tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil, algum imbecil teve a idéia de reproduzir a idéia para promover o cartão E-card do Unibanco. Por 99 dias, uma e-moça e um e-moço, escolhidos por concurso na Internet, iam ficar trancados em um apartamento cada um (comportadinho - ia pegar mal se eles começassem a foder como um casal de hamsters em frente às webcams), sendo visitados por celebridades e fazendo compras na internet. Que máximo, hein?

Foi um grande evento do mundo pontocom, todo mundo comentou. Nossa, que maravilha. Precursor no imaginário popular desses Big Brothers da vida.

E agora fiz uma descoberta estarrecedora: a e-moça trabalha como estagiária aqui na empresa.

Isso deve significar alguma coisa, não sei bem ainda o quê.

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