segunda-feira, novembro 08, 2004

Pra jacu

Psicanálise fede a picaretagem. Mas o lobby é fortíssimo. Quando eu tinha onze anos, uma orientadora educacional convenceu meus pais de que eu ficaria muito melhor se o dinheiro deles fosse para a conta da terapeuta. Nunca levei a sério: nem a decoração modernete do consultório prestava. Não dava resposta nenhuma, o que me levava a crer que seria melhor conversar com os gnomos. Mas já que era gente grande que achava que o troço era melhor do que me parecia, quem era eu para discutir? O tratamento naufragou de vez quando tive uns livrinhos furtados por um colega "de confiança" que costumava ir lá em casa. Contei isso à terapeuta. Ela perguntou: "Qual era a importância daqueles livros para você?" Deixe-me ver se entendi: eu, como vítima de furto, deveria cumprir meu papel habitual de otário brasileiro e pular de alegria? O crime não tinha acontecido fora da minha delirante cabeça animal? Tudo não passou de uma diferença de pontos de vista, a diferença entre um furto e uma locação não-autorizada? Ou, se doutora Fulana ignorava totalmente a importância do produto do furto, é porque não tinha importância mesmo?

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