segunda-feira, novembro 22, 2004

A única esperança de se escapar do spam é um filtro em múltiplas camadas.

As mensagens a mim destinadas são filtradas pelo Pobox e repassadas a duas caixas postais: a do UOL e a do Gmail, cada uma com seu próprio filtro. Isoladamente, nenhum deles é cem por cento. Mas há uns melhores que os outros.

O Pobox já teve piores dias. Acertou a mão, mas só pega os spams mais óbvios. O UOL é fraquíssimo. Incapaz de fazer um filtro que preste, criou dois: um limitado e difícil de usar, outro metido a espanta-intrusos que não consegue cumprir a expectativa nem do básico do básico. E é tudo lento, lento, muito lento. A interface de webmail é uma piada. Por que continuam usando, então?

a) Porque já estão acostumados e sabem como custa caro trocar de endereço. Errado. Não há um provedor sequer que mereça esse nível de confiança. Mas não é bem isso que os usuários pensam até que os provedores dêem uma rasteira. Acontece muito. Manter endrereço permanente não é serviço para provedores. E custa caríssimo: 15 dólares por ano. Além dos penduricalhos de antispam adicionados com o passar dos anos, o serviço básico continua o mesmo de sempre, o preço de tudo em Internet desabou desde 1995, mas o preço do Pobox não baixou nem um níquel. Mas por que um usuário comum, ou seja, o que não tem negócios sérios por e-mail que compensem o pente fino no spam, teria tanto interesse em manter um endereço permanente? Se o endereço é sempre o mesmo para os amigos, também o é para os spammers. Ninguém quer pagar para ter problemas. O Cxpostal, concorrente brasileiro do Pobox, afundou. Pouca gente entendeu como funcionava, poucos tinham dinheiro para a anuidade e poucos acharam útil.

b) Porque foram obrigados a assinar um provedor para o ADSL. Errado. Por que o UOL? Só porque tem mais quilometragem? A contratação de provedor como condição sine qua non para uso de ADSL é equivalente à exigência de extintor de incêndio nos carros: você, súdito otário, pensa que é útil para alguma coisa, mas não é. A exigência deve ser contestada até o fim. Não vá na conversa mole dos provedores que se enrolam na bandeira nacional para "argumentar" algo diferente. Celso Furtado já morreu.

c) Porque têm acesso a alguma coisa parecida com conteúdo exclusivo. Mais ou menos, o que tem pouco ou nada a a ver com o problema do e-mail em si. O mito do conteúdo exclusivo chegou ao Brasil tarde e fora de contexto. Antes, muito antes, da Internet comercial já existiam AOL, CompuServe, Prodigy, GEnie (a grafia era assim mesmo) e outros megaBBSs, cada um com seu mundinho, seus serviços, suas salas de bate papo, seu programa de navegação. Diante da concorrência da Internet, alguns fecharam as portas, uns menores foram absorvidos pelos maiores. Os sobreviventes, mui relutantemente, atenderam aos clamores do povo e abriram canais para a Internet, o que, na prática, os tornava apêndices da Grande Rede. UOL não passou por nada disso e quer fazer para si o berço esplêndido que o AOL perdeu no tempo da Nasdaq em alta. Tá se achando.

d) Porque pelo menos é um serviço pago, sujeito a responsabilidade. Em termos. No momento em que não fizer jus a essa responsabilidade, babau. Aí vale a dica do Pobox. E quem precisa pagar os tubos para conseguir uma caixa postal paga, quando os grátis disputam quem oferece mais espaço para armazenar mensagens? Façam o cálculo custo/benefício. O Gmail pode não ser o melhor nem o mais recomendável, mas lançou exemplos dignos de ser seguidos: parou de procurar lucro no racionamento Tio Patinhas de storage, libertou o usuário da ditadura de programas de e-mail pesados e ineficientes, tem uma interface simples e primorosa, e seu mecanismo antispam funciona de verdade. Um dia os concorrentes vão chegar lá.

Nenhum comentário:

Google