quinta-feira, agosto 30, 2007

Como era gostosa minha reserva de mercado

Enfim um lampejo de racionalidade: os usuários do Speedy, "o" serviço DSL de São Paulo, não precisarão mais pagar a provedores inúteis.

Como os provedores inúteis reagem? Assim.

Trecho da matéria: "O presidente da Abranet afirma que os provedores cobram preços competitivos e adequados para o serviço que prestam, o que inclui ferramentas de segurança, suporte, e-mail e muitas vezes conteúdo".

Segurança: O tráfego passa realmente pelos provedores?

Suporte: "Desculpe, isso é culpa do Speedy, não do provedor."

E-mail: Como brasileiro é tudo burro, nunca ouviu falar de caixa postal grátis.

Conteúdo: Esfreguei os olhos para reconferir se quem afirmava era o presidente da Abranet ou o presidente de um determinado provedor. O mesmo cuja caixa de mensagens ainda nem passou da era da Web 1.1. O mesmo que pensa que o mundo permanece na era da política de portais pré-2000.

A era de ouro dos provedores brasileiros foi a do link de 64k compartilhado por trocentos usuários que pagavam, cada um, uns 30 dólares de taxa fixa mais o proporcional pelo tempo de uso mais o custo do telefone (astronômico para quem não vivesse numa cidade politicamente favorecida pela operadora de telefonia). Mas pelo menos os militantes antitruste não podiam reclamar: naquele tempo a concorrência era muito maior! Daí que, como os provedores eram muito bonitinhos e fofinhos, acabaram sendo agasalhados por uma lei que consagra a inutilidade, o relaxamento, o atraso, a pilhéria com a desgraça alheia.

Que tal produzir uns serviços que valham a pena ser pagos, para variar?

Que seja mantida a decisão, que os provedores enfiem a viola no saco e que a voz da razão de São Paulo seja ouvida nos outros estados.

"Travamento no setor 4!"

O Gmail está dobrando ao peso da fama?

Desde ontem os auto-travamentos "de segurança" do Gmail estão insuportáveis. Tudo que é dito é que "nosso sistema indica uso anormal da sua conta. Para proteger os usuários do Gmail contra o uso potencialmente nocivo do Gmail, esta conta foi desativada por até 24 horas.".

Proteger quem de quem, cara-pálida? Eu li os termos de uso. Não uso nem usei o Gmail para armazenar arquivos piratescos, nem como storage online, nem como disseminador de vírus ou de mensagens excessivas.

Mais adiante, diz a página: "Se achar que está usando a conta do Gmail de acordo com os Termos de Uso, ou normalmente, entre em contato conosco preenchendo este formulário para comunicar o problema." O link envia a uma página em inglês. Só em inglês, e meio escondida na tal página, há explicação para o auto-travamento. E essa explicação não explica nada.

As únicas páginas de usuários comentando a situação se limitam à choradeira de infratores reais, usuários do Impávido Colosso frustrados porque o Google opressor os descobriu usando a conta do Gmail para distribuir "certas coisas".

Que tal? Uma palavrinha oficial para os pobres e honestos usuários, dá para ser?

quarta-feira, agosto 29, 2007

Forbes descobre o Orkut

Só falta descobrir a jabuticaba, o cheque pré-datado, o ponto facultativo e o Sigue Sigue Sputnik.
 

Santa ingenuidade

O STF tornou réus ontem em ação penal todos os 40 acusados pela Procuradoria Geral da República de envolvimento no caso do mensalão. O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, denunciado por corrupção ativa e formação de quadrilha, pode ser condenado a 75 anos de prisão, caso receba pena máxima para todas as denúncias. É o que diz o Terra on line. Diz ainda que o publicitário Marcos Valério, também denunciado por envolvimento no esquema do mensalão, pode ser condenado a 1.131 anos de prisão.

Santa ingenuidade.

Ontem ainda, o publicitário Duda Mendonça era anunciado em página inteira no Estadão como palestrante na aula inaugural do curso de Comunicação Social da Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU). O anúncio era um evidente desagravo a seu indiciamento na CPI por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Não funcionou. Foi recebido por estudantes com gritos de mensaleiro, corrupto e ladrão.

Em depoimento na CPI dos Correios, Duda disse ter recebido do PT R$ 10,5 milhões numa conta em Miami, em nome de empresa offshore com sede nas Bahamas. "O que eu fiz de errado? Não fui indiciado por formação de quadrilha ou peculato porra nenhuma. Eu recebi o meu dinheiro. Se essa era a forma de receber eu recebi. Precisava pagar os salários dos funcionários", reagiu.

Ou seja, sendo para pagar salário de funcionários, qualquer dinheiro sujo vale. A denúncia deste pagamento ilícito sequer fez mossa no PT. Alguém ainda acha que Duda Mendonça será punido?

Santa ingenuidade. Estes senhores não verão o sol quadrado nem mesmo durante um dia.

Plaxo gets naked, opens up some source code

Aqui, ó. E já usei muito o Plaxo.

O que acham?

terça-feira, agosto 28, 2007

Como queríamos demonstrar

Em baixa, Fotolog é vendido para franceses
Alguém ainda se lembra do Fotolog?

Não se deixem enganar. Uma horda de freeloaders brasileiros analfabetos, como um bando do MST, ocupou o Fotolog e o destruiu. Os únicos beneficiários foram os muambeiros de câmeras digitais.

Quando surgiu o YouTube, segundo a infinita sapiência coletiva dessa gentalha, instantaneamente essa coisa de fotos paradas virou "out". E o Fotolog foi abandonado às traças.

Aposto que o Second Life será a próxima vítima do hype mal conduzido. Se o mundo fosse justo, o Orkut já teria tido o mesmo destino.

sexta-feira, agosto 24, 2007

sexta-feira, agosto 17, 2007

Cansaram do 'Cansei'?

Sobre o que quer que tenha ocorrido, os jornalões na rede estão em silêncio.
Em outubro vem a renovação das concessões.
Qualquer semelhança com as Diretas...

Os 100 blogs mais populares do Brasil (ou melhor, no Brasil)

Aqui, com bons comentários.

Teste: Você, blogueiro amigo, se depara com o listão, examina os blogs e se esforça para...

a) Seguir o caminho tão viajado e tão seguro dos campeões de audiência;
b) Fazer algo diferente e algo melhor que o rodízio de chuchu das cabeças coroadas.

Seja sincero. E imagine qual alternativa seria escolhida por seu blogueiro favorito.

Quem é o reacionário?

Blogagem é...






quarta-feira, agosto 15, 2007

Terceiro mandato?

terça-feira, agosto 14, 2007

Digg in the beginning : The first 10 stories

Aqui.

domingo, agosto 12, 2007

Quanto se gasta em pedágios...

27/07, 7h16, Viúva, R$ 7,50
27/07, 9h18, Itatiaia, R$ 7,50
27/07, 10h20, Moreira, R$ 7,50
27/07, 11h26, Jacareí, R$ 3,30
27/07, 11h36, Parateí, R$ 3,60
29/7, 14h10, Parateí, R$ 3,60
29/7, 14h58, Jacareí, R$ 3,30
29/7, 15h48, Moreira, R$ 7,50
29/7, 17h00, Itatiaia, R$ 7,50
29/7, 19h06, Viúva, R$ 7,50

sexta-feira, agosto 10, 2007

Continuo não endossando este movimento

O importante é que o segundo governo de Lula já acabou. O Grande Timoneiro de Garanhuns, para variar, não sabe. Mas já acabou em um sentido: eleito pelo "povo" (muitas aspas, pois abstrações não vão às urnas), não conseguirá mais um olho-no-olho com uma amostra grande e não-amestrada desse "povo". Os vaiadores o seguirão aonde for, como Collor em 1992 depois de publicadas as denúncias de seu irmão Pedro. O turismo republicano do Supremo Magistrado da Nação se resumirá a pular de uma base aérea a outra, como Sarney depois do fim do Plano Cruzado.

O primeiro governo de Lula, já lembrei em artigo, acabou no momento em que Roberto Jefferson aconselhou José Dirceu a sair do Planalto rapidinho. Não faço idéia de quanto custou mantê-lo ligado a aparelhos até a eleição seguinte.


Discriminação digital?

Historicamente, a esquerda brasileira nunca esteve nem aí para levar computadores a ricos ou pobres, brancos ou negros. Quando a ONG do Betinho perdeu o monopólio da distribuição de internet para brasileiros reles mortais, na mesma hora brotou outra ONG seguindo o mesmo modelo e a mesma inspiração ideológica da Campanha Contra a Fome (aquela que muitos esquerdistas consideravam paliativa e diversionista): o Comitê para Democratização da Informática.

Nos tempos do Diário da Tropa, um boletim por email que publiquei entre 1998 e 2000, nunca os leitores me xingaram tanto quanto nas ocasiões em que me mostrei cético diante do CDI. Mostrei exaustivamente por que um CDI em expansão não conseguiria doações de computadores que bastassem à necessidade. Hoje há muita gente jogando fora, ou quase, micros mais ou menos usáveis (não me venha com 486s ou Pentiumzinhos) porque o dólar está barato em reais e o computador novo está barato em dólares. Com isso, um monte de gente está se "incluindo digitalmente" por conta própria, o que torna relativamente menos necessários os núcleos de informática coletivizada propostos pelo CDI e imitados por governos e governos.

E agora mais essa. Tirei daqui, ó.

Ligo a TV e vejo matéria sobre exclusão digital. O fato de ricos e brancos usarem os centros de acesso gratuito à internet mais do que os pobres e negros é definido como discriminação digital. Como assim, “discriminação digital”? O computador sente o cheiro de pobre? O computador sabe diferenciar a raça do usuário? É claro, “exclusão digital” é uma expressão segura, simples tradução de um fato; era fundamental ir além, era necessário usar uma expressão que explicasse as verdadeiras causas da exclusão. As pessoas excluídas são excluídas porque são discriminadas — e são discriminadas nesses centros porque são pobres e negras. Simples como rasgar uma página do dicionário. Se o espectador não se abalava com “exclusão digital”, ele irá se abalar com “discriminação digital”. Mas não temam, as estatísticas não mentem: se nesses centros os negros são minoria é mister fazer algo por eles. Em breve teremos cotas raciais para acesso à “rede mundial de computadores” (como alguém consegue usar essa expressão diante das câmeras sem cair na risada?). A matéria não falou de cotas, mas tem o kit pronto para quem quiser comprar.

quinta-feira, agosto 09, 2007

PF caçando palhaçadas sobre a TAM no Orkut? Aqui, ó

[notem a data original: 26/05/2006]

A arte do relacionamento é uma arte que vem do tempo das cavernas. Nesse negócio mente-se muito desde sempre: separar a verdade da mentira faz parte do jogo. Pelo menos sempre houve um método na enganação. O pobre se fazia de rico, o picareta fingia honestidade, o feio aumentava sua belezura. Nem essas velhas tradições passam incólumes no Brasil.

Na medida em que o Orkut criou novos meios para que pessoas façam contato com pessoas (ou "pessoas" feitas de bits e bytes que só existem na fantasia de seus criadores), virou o paraíso da exposição mútua das esquisitices. Quanto mais você for louco, feio e vândalo, maior o seu sucesso social.

Os criadores do Orkut achavam que a comunidade regularia a si mesma através da rede de vínculos sociais. Só esqueceram de combinar isso com a "elite branca" que acessa a internet no Brasil. Resultado: prostituição, tráfico de drogas, pornografia infantil, apologia a ideologias criminosas. Os honestos ficaram quietos ou saíram de cena, deixando livre o caminho para a classe bandida da rede. Deve ser o conceito brasileiro de "liberdade de expressão".

Os homens da lei brasileiros não estão gostando nada disso. Depois de muita insistência, conseguiram a cooperação da poderosa/odiável Google Inc., dona do Orkut, contra as comunidades de usuários que têm violado a legislação nacional (e, antes disso, o termo de conduta do Orkut, documento que todos fingem que não existe). O escritório da Google no Brasil começou dizendo que nada tinha a ver com o site, que é hospedado nos Estados Unidos, e que a representação brasileira só serve para negócios. E já que os dados orkutianos estão em servidores americanos, seu sigilo não pode ser quebrado pelas autoridades brasileiras.

Observação cem por cento correta, mas ainda assim uma linda contribuição aos anti-Google. Jogou gasolina numa fogueira em que o Ministério Público chegou a propor a "desconstituição da pessoa jurídica" da Google no Brasil. Inútil. Os usuários daqui continuarão acessando os servidores do Orkut lá na Califórnia. A não ser que, à moda chinesa, uma barreira virtual de censura impeça o Brasil de ter acesso ao Orkut.

Mas a Google americana deve entregar os dados sigilosos de todos os picaretas. Que o faça já para que as autoridades brasileiras se convençam logo de que não há o que se possa rastrear a sério. Nada é mais fácil do que criar no Orkut perfis falsos com dados inverificados e inverificáveis. Se quem busca o Orkut para fazer contatos e disputar popularidade sabe disso, os criminosos sabem mais ainda.

Pelo menos a bronca do MP tem uma base incontestável: o Orkut não tem feito tudo o que pode para criar e manter um ambiente limpo.

Há algumas semanas o Orkut incluiu por padrão nas páginas iniciais dos usuários uma lista de visitantes recentes. Foi o suficiente para deixar em pânico muitos orkutianos subitamente expostos pela xeretice alheia. Preocupam-se por bobagem. Todo mundo pode entrar no perfil de todo mundo por qualquer motivo ou por motivo nenhum.

Pelo menos esse recurso pode ser desativado conforme a preferência do usuário. Enquanto isso, tem feito falta desde os primórdios do Orkut um elemento que deveria ser mostrado obrigatoriamente, com o maior destaque possível, em cada uma das páginas iniciais: o nome de quem indicou aquele usuário. Acompanhem meu raciocínio:

1) Ninguém cai de pára-quedas no Orkut. Todo usuário, com perfil verdadeiro ou falso, só entrou porque foi convidado por alguém e tinha um endereço email válido para receber o convite. Nazistas, pedófilos e traficantes só entraram no Orkut (e convidaram para o Orkut seus próprios amigos com "interesses" afins) porque algum dia alguém traiu a confiança de gente honesta.

2) Todos querem aparecer. Pelo menos até o ponto em que interessa, a melancia no pescoço é adereço obrigatório. Farão todos os "amigos" que encontrarem pela frente e entrarão nas comunidades mais absurdas possíveis -- quantidade, não qualidade -- enquanto acreditarem que seus podres não serão contestados.

Resumindo: com a revelação do "Q.I." do usuário, antes mesmo de quaisquer ordens judiciais, todos os orkutianos teriam a resposta clara e antecipada da pergunta tão necessária: "Quem deixou o nazista entrar?"

Quando a Assespro mergulha no poço da saudade

[12/05/2006]

"Há pessoas que sentam e esperam o passado chegar." (César Miranda em http://protensao.wunderblogs.com)

Toda a indústria nacional gosta de pintar em tons de cor-de-rosa o quadro de seu passado glorioso, apresentar-se como vítima inocente de um presente cruel e contar com novas "políticas públicas" que defendam seus interesses daqui para o futuro.

No mundo da informática brasileira ocorre exatamente o mesmo, mas pelo menos no caso da Assespro (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet) não há por que suspeitar de uma conspiração da entidade de classe para iludir o público e influenciar decisões governamentais com base em premissas erradas e distorções históricas.

Eis o que se lê no documento "A Política Industrial para o Setor de Software: Propostas da Assespro" [http://www.assespro-rj.org.br/instituc/politicaSW.html], aprovado pela diretoria da associação em 12 de março de 2004:

"Em 1992 iniciou-se o declínio da maior empresa nacional de software à época, a carioca Convergente. A principal razão foi que, com a chegada do Windows, a Caixa Econômica Federal, um dos maiores usuários do Carta Certa, optou por descontinuar o seu uso e substitui-lo pelo Word 2. O orçamento à época remontava a cerca de meio milhão de dólares. A Convergente tentou de todas as formas sensibilizar a Caixa para que apoiasse a sua versão Windows, que ficaria pronta em no máximo 4 meses, em troca de um aporte financeiro de menor monta. A Convergente fez o seu papel e lançou o Carta Certa for Windows, a Caixa não. O resultado: a Caixa não tem mais Word 2.0 e o Brasil não tem mais a Convergente."

A mensagem tem destinatários certos: os guardiães da chave dos cofres públicos, que não necessariamente entendem de informática e, quando entendem, muitas vezes dão uma de Silvinho Pereira e se esquecem do que era usar computador no Brasil naqueles tempos. Mas os membros da Assespro se lembram tanto que têm boas histórias para contar aos "gestores de políticas públicas".

Se aceitam minha sugestão, poderiam relatar que o Carta Certa foi produto da reserva de mercado, o produto da ditadura mais querido da esquerda militante. Seus dias de glória foram aqueles das máquinas de terceira a preço de primeira, pois as importações eram proibidas e o capital estrangeiro era o diabo que não podia manchar as fábricas locais de computadores. Da mesma forma, estavam fechadas as fronteiras para o software internacional: o Carta Certa não tinha muitos concorrentes no mercado legal de processadores de textos. O WordStar era campeão de popularidade da época, mas a bordo da pirataria deslavada. WordPerfect e Microsoft Word, em suas versões pré-Windows, não chegaram a ser amplamente usados.

Ainda assim, era um mercado bem mais dividido que o de hoje. Ninguém arriscava um palpite sobre qual seria o processador de textos dominante dos anos seguintes. Poucos apostavam que o Microsoft Word para Windows fosse tomar conta do mercado. Na verdade, poucos podiam sequer apostar no Windows, que ainda rodava mal e exigia no mínimo um micro 386 -- classe de computadores ainda rara e cara no mercado não-muambeiro. Fazer programas para as carroças made in Brazil, nivelando por baixo, era realismo patriótico.

Assim fez a Convergente. Não tinha um Carta Certa para Windows porque não achava que fosse necessário: a maioria das máquinas só usava DOS, aquela matriz de letrinhas (geralmente verdes) sobre fundo preto. A Caixa tinha muitos computadores incapazes de rodar Windows, mas que suportavam o Carta Certa. A Convergente faturava com as licenças de uso. Pensava que os usuários corporativos se manteriam contentes com aquilo por tempo indeterminado, mantidos os 386 como brinquedinhos pequeno-burgueses, e as licenças de uso continuassem entrando sem grande esforço.

Mas em 1992 muita coisa mudou. A reserva de mercado caiu, reduzindo os preços dos computadores. A abertura aos importados já era realidade. A Microsoft lançou a versão 3.1 do Windows, um aperfeiçoamento substancial no ambiente gráfico (não que pareça grandes coisas aos olhos do usuário de hoje, mas foi). Até a Eco-92 ajudou, consolidando a Internet no Brasil. A Caixa teve a oportunidade inédita de se reequipar informaticamente, comprando máquinas a preços mais justos. Se assim não fosse, continuaria no DOS e no Carta Certa. Quem mandou migrar para o Windows? Mesmo sobre um Windows que funcionava relativamente mal, o MS-Word era um excelente motivo para adotar as janelinhas, mesmo que ninguém ainda tivesse idéia de que aquele processador de textos viria a dominar o mercado.

O outro erro de avaliação da Convergente foi contar com a boa vontade de um único comprador. Notem que, num mercado indefinido, o processador de textos brasileiros tinha vantagens nada desprezíveis: era feito em língua portuguesa, era um nome famoso, tinha muitos usuários (que geravam incontáveis documentos compatíveis com ele), rodava tanto nas máquinas antigas quanto nas mais recentes. Mesmo o Carta Certa para Windows, quando saiu, era notável por ocupar pouco espaço em disco num tempo em que o armazenamento não saía barato. Por que, então, foi sendo gradualmente deixado de lado não só pela Caixa, mas por incontáveis organizações e pessoas físicas?

Em momento algum o documento da Assespro discute o que realmente interessa em toda a questão: se a decisão da Caixa em adotar o Word, pesando prós e contras, foi vantajosa. Como verificá-lo, se é que é possível? Estamos falando de setor público, confortavelmente imune ao cálculo econômico.

Por isso tudo, não há conspiração nenhuma. Haveria se tivessem consciência da engabelação que praticam. Pelo contrário: os arautos da grandeza pontogov iludem uns aos outros com tanto ímpeto que acabam acreditando mesmo no que dizem.

terça-feira, agosto 07, 2007

Enfim a luz

2007-08-07

Não é desertor, estúpido

Os atletas cubanos que fugiram da ilha da miséria (Cuba) não são "desertores". Toda a imprensa brasileira os está chamando assim. Acontece que desertor é:

que ou aquele que deserta do serviço militar;
o que fugiu ao cumprimento do dever.


Os atletas cubanos não fugiram do serviço militar, estavam competindo no Pan. Não fugiram tampouco ao cumprimento do dever. Chamá-los de desertores equivale a negar-lhes o básico direito de mudar de país. Equivale a endossar a política de Cuba, uma ditadura ferrenha que proíbe de sair os que tiveram o azar de lá nascer. Será que o Estadão endossa essa clara violação dos direitos humanos? Não? Então chamem os atletas de "fugitivos" ou "dissidentes" no máximo.
Aceitar que os cubanos são desertores é o primeiro passo para tirar direitos básicos do brasileiro, que está para ser vítima de um regime absolutista cujo nome ainda não sabemos. Será Petismo? Ou será Lulismo?

by Zappi

Já que falei da falta de placas...


Por enquanto é só. Escasseiam os posts. Segue a dúvida sobre quem se beneficia do participacionismo da Web 2.0. Quem tem certeza? E, dado o cenário, que importam as certezas?

segunda-feira, agosto 06, 2007

Critiquinha de restaurante

Pode ser que o novo Emporium Pax do térreo do Rio Sul se torne alguma coisa um dia. Pois na noite de quinta-feira...

  • Notamos várias mesas ladeadas por baldes que aparentemente esperavam garrafas de champanhe. Muito chique, não é? Errado: os baldes recolhiam a água de várias goteiras.
  • Dois garçons, atrapalhados, anotavam os pedidos. Mas um transmitia os pedidos e o outro nos deixava no vácuo.
  • Nossa quiche, pronta, ficou um tempão dormindo sobre o balcão antes que alguém se lembrasse da salada.
  • Serviram taças de vinho branco estupidamente gelado (não sei se esse é um costume folclórico carioca, mas já deu o que tinha que dar). Questionado sobre a procedência da bebida, o garçom se esqueceu de nos mostrar o rótulo.
  • Um problemão que não nos afetou pessoalmente, mas vale registrar: o chope é -- com a licença da má palavra -- Sol.
No lado positivo, afinal a comida estava boa.

Procura um Emporium Pax decente? Vá ao Botafogo Escada Shopping. Com mesa na janela, é claro.

domingo, agosto 05, 2007

sábado, agosto 04, 2007

quinta-feira, agosto 02, 2007

Faça como Elton John:

Puxe a tomada da internet já!

Este blog não endossa o movimento...

...mas não perde a chance de desmascarar a mídia que, de tão "golpista", se recusou a veicular este anúncio. Istozinho. Nada de mais. Ou a "zelite" reclama de barriga cheia, inventando movimentos golpistas quando deveria agradecer de joelhos ao Grande Timoneiro pelo dólar baixo e pelas lucrativas jogadas financeiras, ou a "zelite" da mídia é descaradamente conivente com... hã... tudo isso que aí está. Você é que sabe.

P.S.: Agradeça à odiada Google Inc. por manter este espaço. De pé, não de joelhos.

quarta-feira, agosto 01, 2007

As salsinhas e o desemprego

Daqui, ó.

Esta eu descobri graças ao Guilherme, que me mandou um link sobre a Sylvia Kristel, no Verdes Trigos. Imediatamente me lembrei de um de meus desejos de infância, minha vizinha Rosane ser jornaleiro. Eu achava o máximo, poderia ler todos os jornais e revistas, e ainda ganharia dinheiro com isso. Depois vi que não era uma profissão muito rendosa, em uma banca de subúrbio, mas continuei a admirar a possibilidade de ter acesso a todo aquele material. Seguido a isso, só trabalhar em uma livraria.

Mas pelo visto, as salsinhas não compartilham dessa minha visão. Vejam o que encontrei, graças ao Verdes Trigos. Foi publicado na coluna do Gilberto Dimenstein, de hoje.

contraditorium-salsinha4.jpg

Canssei, cancei ou cansei?
Um vendedor da Livraria Cultura, na avenida Paulista, consegue tirar até R$ 4.500 mensais, com direito a assistência médica e odontológica, além de receber bolsa para estudar na faculdade. Dependendo do seu desempenho, ganha um bônus no final do ano -sem contar os descontos para a compra de livros. Mesmo assim, um dos principais problemas daquela livraria é atrair e manter empregados. “É desesperador”, resume Pedro Herz, proprietário da livraria.

Desesperador porque os candidatos a vendedor apresentam falhas na sua formação, a tal ponto que muitos deles não perceberiam o erro no título desta coluna. Uma boa parte dos contratados não se adapta às exigências do trabalho, deixando o emprego na fase de experimentação. Resultado: vagas abertas há muitos meses, o que acaba por impactar a capacidade da livraria de elevar suas vendas.

Eu poderia escrever umas dez páginas, mas nada que eu diga vai ser mais contundente que os dois parágrafos acima.

Ruy Castro enfia o sorvete na testa

Daí começou-se a bater na desimportância do Pan. Ela podia ser medida pelo fato de que a imprensa americana não lhe estava dando bola. Mas e daí? Os americanos são assim mesmo, de um provincianismo ridículo. Tiveram a honra de sediar uma Copa do Mundo de futebol em 1994 e, nas duas primeiras semanas, seus jornais também a ignoraram, em nome dos campeonatinhos locais de rúgbi e beisebol.
Entenderam, crianças? É assim que se faz no Brasil um jornalista "respeitado" e cheio daquela aura energética chamada "credibilidade": comece dizendo que nos Estados Unidos se joga râguebi (aqui sigo a redondamente vantajosa grafia lusitana). Ruy Castro é a velhinha fofoqueira anônima de Peyton Place.

[Update 1] O futebol profissional masculino está com a vida ganha no Brasil (imagine se o Campeonato Brasileiro não fosse uma divisão de base para exportação de craques para a Europa). Ganhou cinco copas. Não está nem aí para a falta de um ouro olímpico. Não esteve nem aí para um ouro sub-olímpico no Pan. Entraram em campo uns menininhos, perdeu a medalha e tudo ficou por isso mesmo.

[Update 2] Já que nem os americanos gostam de futebol (de bola redonda) nem os brasileiros gostam de beisebol, os desorganizadores do Pan arrumaram um campinho de beisebol improvisado no rockódromo-lamódromo. A seleção dos EUA, no entanto, estava tão interessada em medalha quanto o escrete canarinho de futebol de campo masculino.

[Update 3] Eu sou o exemplo supremo de brasileiro que não está nem aí para beisebol e não tem a menor idéia de como se joga aquela p@#$&*@#$%*.

Não percam!

Entrevista com Pedro Doria.

P.S.: Como sempre, o Blogger mais lento que um caramujo manco.

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