Anos Oitenta, ainda
Agora, sim, não posso ser acusado de fazer juízo sobre o Almanaque Anos 80 sem ter o livro (obrigado, Xuzinha!). Os errinhos de revisão foram o penúltimo problema da obra: muitos dos quais os não-cariocas nem perceberam. É preciso reconhecer o esforço dos autores, não somente em juntar um monte de lembranças e figurinhas da tal década perdida, mas em editá-las como um retrato inconsciente do etos nacional de hoje, que é o mesmo dos anos 80 e já então era velho a perder de vista. Primeiro, os autores só se lembram de coisas fofas que cercavam seus umbigos. Ainda estou para ver um livro saudosista-oitentista lembrando do tempo em que grandes luminares de segundos cadernos acreditavam (e faziam a galera acreditar) que a União Soviética era uma realidade eterna e inderrubável. E mesmo no conjunto das coisas fofas eles são altamente seletivos: exaltam uns itens sem quê nem porquê, ainda que nem sejam tipicamente anos 80, desde que despertem as reações certas nas pessoas certas ("Eu vivi nos anos 80 e tinha"). Depois tem mais...
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