Anos Oitenta, ainda (II)
... E volto ao assunto. Enquanto os autores do Almanaque erguem altares aos elementos consumíveis que, por experiência própria, mexem com o moleque travesso do subconsciente, passam batidos por muitos outros. Não é que os tenham cortado de vez: são citados, sim, mas de raspão, praticamente em listas nominais (pior ainda, difíceis de ler naquela fonte e naquele formato), e sem que ninguém precise nem entrar no mérito de sua importância para o conjunto da obra. Não há escassez de cobertura sobre Xuxa e Menudo, com justíssima razão. Computadores brasileiros de oito bits, empulhações pirateiras que poucos meninos ricos tiveram, merecidamente não receberam mais de uma página, por mais que protestem os colecionadores fanáticos. Mas nem mil páginas sobre os discos de ouro da Rainha dos Baixinhos, nem a supressão total da menção aos micros nacionais, supriria a grande lacuna do livro: o picadinho de lembranças não consegue formar um conjunto que desenhe uma Cultura (não a TV desse nome) oitentista. Por isso é que os elementos não passam de consumíveis. Como se surgissem do nada, aparecem na História dos humanos quando o leitor saudosista se entende por gente (é o tempo em torno do umbigo) e "acontecem" nos anos 80 na medida em que têm algo como um prazo de validade -- o vinil é desbancado pelo CD, as meninas passam da idade de brincar de boneca, Armação Ilimitada é cancelada etc.
Em resumo, a geração que sujava as calças no jardim de infância nos anos 80 atinge poder de decisão e poder de compra. O que essa turma lembra daqueles tempos? Como se lembra? E o que a leva a crer que o universo se resumia àquilo?
Se tivesse que encarar a sério essas perguntas, o Almanaque não tiraria tantas edições.
2 comentários:
Eu sou anos 80.... foi legal , mas a molecada anos 90 e 2000 dão de dez a zero só falta ter o nosso romantismo.. se é que me entende..primo.
entre no meu blog tb... robsjc.blogspot.com
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