sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Aniversário? Tou fora!

Pelo menos o trabalho reduziu as farofadas natalícias a uma só festa mensal, no último dia útil. Excelente. Como o meu aniversário é no dia 1º, no fim do mês ninguém mais corre o risco de se lembrar da data.
 
E por que eu me preocuparia em festa de aniversário para mim? Na ameaça (que chamam de "esperança") de três dias de quarta-feira de Cinzas, a celebração de fevereiro foi hoje. Teoricamente, todo mundo tem que participar, mesmo que os aniversariantes mal conheçam os convidados e vice-versa. Questão de coesão do grupo. Fiz uma retirada estratégica e escapei dos cantores-gritadores (existe algo semelhante em outros países?) soltando perdigotos sobre o bolo.
 
Mas não escapei do próprio bolo, que recebi por livre e espontânea pressão. Nenhuma surpresa. O bolo é sempre coberto de flocos de coco, o glacê é entranhado de coco ralado e o recheio é basicamente uma massa de coco com alguma coisinha para dar liga. Afirmação de fé tropicalista? Enchimento baratinho? Conspiração dos plantadores de coco em Alagoas? Estratégia pouco criativa para dar um "plus a mais" numa receita que não se garante sozinha? Mas todo mundo sempre acha uma delícia. Ou finge que acha, sei lá.
 
Pelo menos é divertido ver certas figuraças "dietéticas" devorando fatias e mais fatias de bolo como se fosse a última comida da Humanidade e bebendo litros de refrigerante açucarado. As mesmas pessoas que me olham torto quando bebo suco de açaí no almoço. O problema é que eu estou subsidiando as orgias calóricas dos outros: a festa é exclusiva para quem contribui para a caixinha do café. Eu pago, eles decidem! É o modelo de Estado ideal dos gritadores de musiquinhas bregas e consumidores de bolo de coco.
 
No meu próprio aniversário, dispenso qualquer homenagem, no trabalho ou fora. Ignorem a data vocês, pois farei força para ignorá-la. Mas o Espírito dos Aniversários Passados só me manda lembranças constrangedoras. O recado vai especialmente para o parente que compareceu a todas as minhas festinhas e nunca deixou um presente; o amigo da família que tentou agradar (a meus pais) dando-me uma roupinha ridícula muitos números menor ("nossa, como ele cresceu, né?"); aquela pessoa que nunca, nunca, nunca foi capaz de anotar a data certa; o improvisador de velas; o puxador musical; o arrastador de crianças inconvenientes; o distribuidor de salgadinhos à temperatura ambiente: podem ir todos para aquele lugar.

Um comentário:

Kosher-X disse...

Concordo com isso. Penso exatamente o mesmo. Por que somos pressionados a ter de comemorar qualquer coisa? Ainda mais aqui em Banânia?

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