sábado, julho 12, 2003

Batendo o martelo

No Mercado Livre clientes e vendedores são duramente julgados uns pelos outros, de direito (através do sistema de pontuações) e de fato (com pontos ou sem eles, quem pisar na bola acabará entrando pelo cano), e todos prestam contas à implacável administração do site.

Mas quem julga o Mercado Livre? O líder supremo dos sites de leilões brasileiros atingiu o nirvana do mundo dos negócios: está tão acima dos mortais que nada os atinge, nenhum xingamento fere seus ouvidos, nenhuma pedrada os alcança. Quem usa sabe que...

O Mercado Livre é capaz de levar os usuários à justiça pela falta de pagamento, mas não consegue contratar largura de banda que baste para atender a todos decentemente;
Não tem como contratar nem um estagiário espinhento que chame a atenção para os furos de tradução das páginas (para quem ainda não percebeu: o Mercado Livre é essencialmente um site hispânico);
Não tem como responder as dúvidas e reclamações dos usuários por e-mail;
O telefone de contato até funciona, mas não aparece em lugar nenhum no site (dica para encontrá-lo: procure "mercadolivre.com.br" em Registro.br), exige interurbano para São Paulo ("Interurbano? Temos clientes fora da Grande São Paulo? Há vida inteligente fora de Sampa?") e põe o cliente em risco de ser jogado de um ramal para outro até conseguir ouvir uma voz humana;
Ávido em fazer seus clientes cadastrar seus cartões de crédito, o Mercado Livre não oferece um recurso sequer para o cliente substituir ou excluir o cartão cadastrado.

E não é só. Se você conhece mais falhas do Mercado Livre, envie um comentário.

Pelo menos no tempo da mal falada política de portais havia uma dúzia de sites de leilões diferentes, cada um com sua política interna, seus procedimentos específicos e seu público fiel. Cada site podia até contar com a cobertura "moral" de seu portal parceiro; porém, cada conglomerado ficava de olho nos movimentos dos outros e sabia que estava sendo vigiado por concorrentes de peso. Hoje o Mercado Livre absorveu quase todos os concorrentes e não está mais sob o guarda-chuva de nenhum portal: não precisa mais disso. E se abrigou numa associação com o eBay que não traz o menor fiapo de benefício para o usuário-reles-mortal brasileiro: quem é do Mercado Livre não consegue vender no eBay ou vice-versa. Bem que poderiam copiar a competência dos gringos, algo que está muito acima da percepção e dos compromissos da molecada. Encantados com a chuva de verdinhas, as autoridades do mercado Livre acharam que podiam comprar competência.

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