segunda-feira, dezembro 16, 2002

Aporrinhola

OK, o t�tulo do Santos � merecid�ssimo. Mas a exaustiva cobertura da final do campeonato tem algo sumamente irritante: o hino do Santos tocado por aquela aporrinhola sint�itca que � a mesma que faz todos os temas de abertura dos programas. Que saudades dos instrumentos de verdade!

Para que n�o se diga que isto � uma opni�ozinha infundada, a pr�pria Globo cuidou de oferecer, em bolachas prateadas da Som Livre, o testemunho da decad�ncia de seus temas. "Tudo a Ver" � um CD irregular, como � o conjunto da obra musical da Globo, mas ao menos trouxe �s lojas de discos alguns tesouros que n�o se achavam nem nas profundezas do Napster (no tempo em que Napster era Napster).

�, sobretudo, uma pe�a de �poca. Para as gera��es daqui em diante, cessar� de fazer sentido. Como explicar para a garotada que o tema do Globo Rep�rter j� tinha sido aquele, e acabou reduzido a um naipe de metais de mentirinha que n�o seria toler�vel nem num joguinho de PlayStation? � conceb�vel que o todo-poderoso Boni tenha tirado um tempo para escrever a letra do tema do Fant�stico -- e pessoas (no plural) de verdade o cantavam?

N�o vou dizer que os temas tenham descido a ladeira de s�bito assim que a Globo descobriu aquele sintetizador de timbre met�lico indefin�vel. Mas, com toda a certeza, a facilidade computadorizada conduziu a um relaxamento crescente. Quando veio a novela Pantanal, em 1990, a Globo come�ou a dar cada vez menos import�ncia �s aberturas, pois consomem tempo precioso e convidam � troca de canal. Aberturas relevantes, hoje, s� as das novelas. Mas quem se importa? Hans Donner teve seu tempo; hoje � mais conhecido como marido da Globeleza. No que faz muito bem.

Nenhum comentário:

Google