domingo, fevereiro 04, 2007

Devo continuar no Mercado Livre? (I)

No Mercado Livre todos os participantes pagam na proporção do que usam. Se o usuário quiser, as cobranças cairão automaticamente no cartão de crédito, e com um descontinho não totalmente desinteressante. Para isso, bastaria ao usuário digitar o número do cartão, a data de validade e o número de segurança. Como em qualquer site normal, certo? Este não é um site normal. Zela pelo usuário. Protege o usuário do espírito-de-porco que habita em si mesmo.

É preciso tirar cópias, frente e verso, do plástico do cartão (o plástico, o que menos importa no comércio eletrônico!), junto com cópias da identidade, do CPF e do comprovante de residência. Adicione-se um formulário padrão que o usuário deve preencher, datar e assinar. Tudo deve ser enviado à sede da empresa por fax (adivinhem quem paga o interurbano), como se todo mundo ainda tivesse uma obsoleta maquininha de fax na mesa da sala. Se o usuário, que não fez nada de errado, trocar de cartão (só o número), deve enviar toda a papelada de novo, certo de que o fax é um meio inexpugnável.

Por que tudo isso? Porque as fraudes rolam soltas na internet, e parece atacar ainda mais a comunidade do Mercado Livre. Resolvem o problema do jeito que o usuário foi adestrado a aceitar como natural no Mundo Oficial: levantam uma muralha de papéis para que ninguém pense que uns pagam pela roubalheira dos outros. É um símbolo digital da Sociedade da Desconfiança. Obviamente, o site faz parte de uma multinacional que só opera na América Latina.

Em tempo: os usuários interessados em uma página que diz isto:

Não inventei nada: "completado" no sentido de "preenchido", "voçê" com cedilha e um inexistente verbo "aderirse".

Vá com fé! O futuro é brilhante! No Brasil, quem desconhece os rudimentos do português acaba presidente da República.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelentes comentários. Só pecou na última frase. Podia ter evitado esse "tropeço".

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