quinta-feira, novembro 03, 2005

Enfim, férias

Os poucos dias de folga se traduziram numa fraquíssima fase criativa. Não sai nada. Quer dizer, isto não conta. Deixei passar uma importante efeméride, dez anos, não tanto por falta de assunto quanto pela prioridade de estar com quem eu realmente gosto, o que não inclui a perseguição das lembranças infrutíferas -- algo que a denúncia por si só não redime. Mas tenho consciência de minhas limitações. Não vou dar uma de pessoa-maravilhosa-da-Globo, sempre muito lindos, muito queridos e muito empenhados em "fazer o bem" para se rebaixarem à autoconsciência daquela caretice que uns e outros chamam de "pecado".

Por que o espiritismo é adotado maciçamente entre os globais, e por que os espíritas da Globo tendem a atingir posições de importância em grandes números? Não quero pôr a doutrina espírita em questão. Conheço espíritas sinceros, dedicados à caridade e ao estudo, e que se preocupam em respeitar para serem respeitados. Por isso, são os primeiros a encontrar na novela das oito, especialmente agora na reta final, um samba do teólogo doido que denigre todos os mitos e crenças abarcados pela cabeça delirante da autora. Mas a novela "ensina" mais sobre religião do que a criança telespectadora média aprenderá um dia. A garotada está aprendendo errado. É praticamente impossível que esse risco tenha passado desapercebido por quem levou a novela ao ar.

Para os espíritas, a morte é um conceito relativo. Será que só eu acho que isso cai como uma luva no circuitinho do show business? Ícones como Elvis e Marilyn, Cássia Eller e Raul Seixas, Chaplin e Che Guevara (OK, não é artista, mas vende camisetas como se fosse) continuam vivíssimos em som e em imagem, mais ativos e mais nítidos na memória coletiva do que se estivessem efetivamente respirando e andando sobre este mundo, enquanto o artista que cai no ostracismo é, para todos os efeitos práticos, um morto em vida.

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