Do ex-blog de Cesar Maia:
Quando o atual Prefeito do Rio foi eleito em 1992, esta era a situação dos principais corredores comerciais do Rio. É verdade que quem naquela época tinha 5 anos e hoje tem 20 não se lembra. Ou mesmo quem tinha 13 anos e hoje tem 28 também não. Mas esta era a situação na Nossa Senhora de Copacabana, na Uruguaiana, Av. Rio Branco, Presidente Vargas, Sete de Setembro, Assembléia. Igual na Av. Atlântica, Visconde de Pirajá, Ataulfo de Paiva, entrada da Ilha do Governador, Calçadão de Campo Grande, de Bangu, Rua dos Romeiros, etc. Não se podia circular de cadeira de rodas ou velocípede. Solange Amaral era a subprefeita da Zona Sul. Tudo mudou. Hoje temos uns paraquedas aqui outro ali correndo do rapa. Para se agir assim foi necessário coragem e risco - inclusive de vida. Fazer memória sempre ajuda. Especialmente aos que eram muito jovens na época.
A foto é da Rua Uruguaiana, a rua mesmo, não o famigerado camelódromo. Lembro-me bem daquela fase. Mas o prefeito sabe que a garotada não sabe como era. Dessa forma, não diz uma palavra sobre o tal Mercado Popular da Uruguaiana, uma solução inadequada, exagerada e dificilmente reversível tirada da cartola para varrer a lambança da foto para debaixo do tapete. Erros e mais erros:
1) Em troca de um Metrô caríssimo e curtíssimo, foram arrasados vastos quarteirões no miolo do Centro. Nada sério foi planejado para ocupar esses espaços.
2) Depois das obras intermináveis (também me lembro bem dessa buraqueira), os terrenos do Metrô próximos à Rua Uruguaiana foram ocupados por estacionamentos. Para que é que servia o Metrô mesmo?
3) A camelotagem em massa, pelo menos no Centro, começou no início dos anos 80. A partir do governo Brizola a repressão ao comércio ilegal se tornou cada vez mais irregular, para dizer o mínimo. Instalado o caos, surgiram as propostas de "camelódromos".
4) Em sua última vez como prefeito, 1989-1993, Marcello Alencar mandou reformar (para pior) as ruas do Centro, instalando os toscos paralelepípedos que fazem a desgraça das senhoras e a festa dos sapateiros -- no entanto, mui "tucanamente", sem atacar as abomináveis pedras portuguesas. As crianças devem pensar que os paralelepípedos estão lá desde o tempo de Dom João VI.
5) A Rua Uruguaiana foi uma das "beneficiadas" pelas obras. Junto com as transversais importantes, tornou-se um camelódromo de fato.
6) Naquele tempo, o governo do estado (mais uma vez Brizola), detentor dos terrenos do Metrô, acabou com os estacionamentos da Uruguaiana e fez o tal camelódromo.
7) A PM não entra no camelódromo, a Guarda Municipal passa por fora e finge que não vê, as velhas barracas viraram "lojas" especializadas em muamba e pirataria. Quem dará um jeito?
Antes os camelôs corriam. Os "amadores" ainda correm. Os outros, porém, sabem que ninguém pode (ou deve) mexer com eles, pois beneficiários de um poder maior.